sexta-feira, 29 de agosto de 2014



                Cirandada de agosto


     Agosto é um mês triste.
Tempo seco, com pouca umidade no ar, tempo de gripes bravas, de falta d’água, de pastagens secas...
Mas, a Cirandada não podia deixar de acontecer. E aproveitamos a última sexta-feira do mês, para o nosso encontro habitual.
Muita gente não compareceu por conta de problemas de saúde, de compromissos outros e imprevistos de última hora.
Mesmo assim, a maioria foi para curtir uma tarde de alegria. A alegria maior foi a presença do senhor Albertino, nosso anfitrião, que esteve ausente nas cirandas anteriores, por compromissos de trabalho. E com ele, a certeza de animação com o seu belo acordeão.
Eu pessoalmente, fui brindada pela presença de minha amiga Lúcia Flores, que veio de Birigui conhecer a Ciranda. Lúcia ficou encantada pela animação do grupo e gostou demais da Ciranda.
Compareceu também a irmã de Dora. E a surpresa do dia foi a chegada de Remir, esposa do Mílton Lima, que se mudaram para Campo Grande, mas que não conseguem esquecer da Ciranda. Milton foi um dos fundadores do Grupo Ciranda e nos ajudou muito na organização e na continuidade, que em breve completará quatro anos.
Embora tivéssemos o sanfoneiro Albertino, compareceu também a dupla Gerval e Jovanini, com seu acordeão e seu violão. Os três músicos juntos tocaram todas as músicas de costume, e animaram bastante a tarde toda.
O pessoal cantou, dançou, riu e conversou a tarde toda.
Realmente, foi uma tarde de alegria.
Ninguém se lembrou que era agosto.
Em setembro tem mais!



Mirandópolis, agosto de 2014.
kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/




sábado, 23 de agosto de 2014




                        Preciso de música para viver...
     Já percebi que tudo que os nossos sentidos apreendem, são sensações que não podemos segurar e tocar.
        Falo da visão, quando vejo coisas lindas como uma árvore toda florida, um bebê sorrindo, tudo que posso fazer é sentir a beleza e me encantar, nada mais. Não posso guardar essas sensações numa caixinha como um objeto qualquer.
        Quando a gente sente um delicioso perfume que emana de flores recém abertas, também é a mesma coisa. A sensação passa pelo olfato e nos deixa maravilhados, mas não podemos guardá-la, para repetir isso mais tarde.
        Quando saboreamos um petisco muito bom, também é a mesma coisa. No momento que ocorre, o maná dos deuses deixa-nos extasiados com seu sabor maravilhoso. Mas, esse sabor passa e, não podemos reproduzi-lo, por mais que se use a imaginação.
        O mesmo ocorre com a sensação de frescor, que sentimos ao vir uma brisa agradável numa tarde muito quente. Aquela sensação é única, e não pode ser reproduzida porque passa.
        E todos os sons que a natureza produz, passam pelos nossos ouvidos, mas não conseguimos guardá-los.
        Concluindo, os órgãos dos sentidos apreendem sensações, que não são palpáveis, e não podem ser conservados depois que ocorrem. Nós sentimos, e isso é tudo.
     Deus nos dotou de órgãos sensoriais para perceber o ambiente, a natureza, o que nos rodeia. Mas as sensações não podem ser guardadas. Elas se evaporam como o perfume das flores. Muitas vezes, tentamos relembrar um certo sabor de algo que extasiou o nosso paladar, o perfume de uma pessoa querida, a visão de algo extraordinário que nos encantou... O máximo que sentimos é uma frustração, porque tudo isso não tem retorno, ficou só na lembrança, e não dá para repetir a dose da sensação.
        Todos os sentidos são importantes porque nos liga ao mundo, mas a audição é uma coisa maravilhosa. Ouvir a campainha tocando, revela que alguém está chegando, ouvir a porta batendo significa que um vento passou por aí, ouvir a voz de alguém prova que a gente não está sozinha. Um cunhado meu, que já partiu para sempre, contou um fato que me tocou profundamente. Há uns quarenta anos, estava em Mato Grosso derrubando as matas, para fazer uma pastagem na fazenda que adquirira. Fizera uma tapera para passar as noites, ao abrigo do vento e da chuva. Estava sozinho, por meses sem fim. E à noite, quando tentava dormir naquele lugar ermo, esquecido por Deus, sentia a solidão de estar só no mundo. Ao redor, escuridão total e nenhum som. Nenhuma criatura viva, a ponto de desejar a companhia até de um ratinho, para não se sentir tão só. E de repente, naquela quietude sem fim, que doía até o fundo da alma, um grilo começava  a trilar: Tri...tri...tri... tri... Nossa! Era a salvação! Era a prova que não estava só. Que havia uma criatura viva gritando: “Estou aqui! Estou aqui!” Ele disse que nunca mais se esqueceu daquele som. O grilo era a prova incontestável que Deus existia, que ele existia, que não estava perdido... Que Deus não o abandonara... Que estava vivo e ligado ao mundo... E acabava dormindo, embalado pelo trilar do grilo, que foi o único consolo na solidão daquelas noites tristes...
      Eu também gosto de ouvir os grilos, as cigarras que chiam enlouquecidas no Verão, os pássaros que choram de madrugadinha pedindo comida para os pais, o gatinho perdido miando no meio da noite... Os cães que latem guardando as casas, o guarda que passa e apita, vigilante... Gosto de ouvir a pomba dizer: “fogo apagou! fogo apagou!” Os bem-te-vis assanhados, as maitacas barulhentas... os joôes-de-barro sempre em festa... e agora os trinados agudos das gralhas...
        Gosto da músicas da Tevê Aparecida, que meu marido  assiste aos domingos; gosto dos programas maravilhosos de “enka” ou baladas japonesas, que toda semana a NHK apresenta direto do Japão com os cantores em evidência. A apresentação é perfeita e me ajuda a entender a tradição dos meus ancestrais... E me leva de volta à infância, quando meus pais cantavam certas baladas, para embalar os pequeninos da família...
        E como não deixaria de ser, gosto muito de música instrumental. Na Ciranda, amigos vão lá tocar acordeão e violão só para animar os idosos, que precisam de uma tarde agradável. Mesmo os mais reticentes, os ìdosos mais fechados e tristes não resistem ao som da sanfona. Eles acabam balbuciando algumas palavras da canção, batem palmas, remexem o corpo e acendem uma luz nos olhos, que parece iluminar suas almas.... Fico sempre comovida quando vejo isso.
        Por  gostar de música aprendi a tocar piano. Tocar é um modo de dizer porque sou muito barbeira, não sei contar direito o tempo, nem respeitar o ritmo... Mas sei ler as partituras, que é o máximo para mim... É claro que só sei tocar as versões facilitadas, mas consigo tocar Serenata de Schubert, Sonata ao Luar de Beethoven, Revèrie de Schumann, Adágio de Albinone,  Tristesse de Chopin, e alguns trechos de Bach e Mozart.E outras mais populares como Casinha pequenina, Mulher Rendeira...
      E não tenho preconceito contra outros tipos de música. Gosto de sambas, de rock (principalmente de Raul Seixas), boleros, música caipira, reggae, cantigas de roda, de ninar... O instrumento que amo mais é o shakuhachi, que é uma flauta de bambu rústico, que consegue reproduzir os sons da natureza. Músico que aprecio mais é o Kitaro, um japonês que toca com a alma, tirando acordes de arrepiar de qualquer instrumento, como teclado, taikô, violinos... E apreciei a dupla Pena Branca e Xavantinho quando cantavam o Cio da Terra. Inigualável. A dupla acabou com a morte de um deles, o que foi uma perda irreparável.
        Passo a vida a apreciar os sons da natureza. Quando vou ao sítio, os passarinhos fazem uma sinfonia, difícil de explicar. É o tiziu, o joão de barro, as rolinhas, as gralhas, os quero-quero sempre em posição de ataque, as maitacas escandalosas, os canários da terra...
        Acho que se perdesse a audição um dia, viveria muito triste, porque os sons da natureza são uma dádiva de Deus.
      E quando morrer, quero ser enterrada ao som da 9ª Sinfonia de Beethoven, que é um Hino à Vida.
          E viva a música!


        Mirandópolis, agosto de 2014.
        kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
       

        

quinta-feira, 14 de agosto de 2014



                        Olho por olho, dente por dente
    
      Todos os dias, vendo as dolorosas cenas de ataques e mortes na Faixa de Gaza, lembrei-me do ditado “Olho por olho, dente por dente”.
Esse dito popular sempre me intrigou, porque carrega em si um terrível desejo de vingança e retaliação. Daí, fui pesquisar para saber de onde provinha isso.      
E descobri que veio da Babilônia, atual Iraque, que é exatamente uma região muito próxima às áreas do conflito sem fim.
“Olho por olho...” ou Lei de Talião foi encontrada no Código de Hamurabi, Rei da Babilônia, que transcreveu um antigo código de leis escritas. Isso foi em 1780 antes de Cristo. Sua intenção foi a de organizar a sociedade e controlar a retaliação. Com essa lei, pretendia-se castigar o causador do crime na mesma proporção. Se alguém matasse um cidadão, o causador deveria ser punido na mesma moeda, isto é com a morte também, sem ultrapassar o limite do crime cometido. O estranho é que essa mesma lei existe no Velho Testamento, em Êxodus, que sugere o castigo de: “vida por vida, dente por dente, mão por mão... golpe por golpe...”
     Apesar de parecer tão dura e extremamente vingativa, essa lei ao ser aplicada na sociedade da época já foi uma evolução, pois os povos eram bárbaros e a sanha de vingança não tinha limites...
      Basta lembrar o fato da Inconfidência Mineira na moderna História do Brasil. Joaquim José da Silva Xavier, alcunhado de Tiradentes, considerado traidor pelos portugueses, por querer libertar os brasileiros dos pesados impostos cobrados, foi morto e retaliado, tendo as partes expostas em praça pública. Não contentes com essa sanha de vingança, os portugueses salgaram sua casa, como se a libertassem de maus espíritos, e declararam malditos os seus descendentes até a quarta geração... Exageros até a exacerbação.
    Na História das Civilizações do mundo, há centenas de exemplos de vingança desmedida, descontrolada. No Japão Medieval, os senhores dos feudos ou Daimyos em constante guerra com seus vizinhos, usaram os samurais para cometer barbaridades sem limites. Isso abrangia execução dos próprios familiares e, até dos pais e filhos. Tudo pelo poder e desmedida ambição.
Ora, na época dos bárbaros, essa lei de Talião foi uma evolução, pois permitia a revanche, mas na mesma proporção do crime cometido, não mais. Mas a Lei de Talião nunca foi aplicada como ela determina, sempre foi mais dura, mais drástica na hora da cobrança.
     E é inevitável relembrar os estragos da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, que esta semana completou 69 anos do ocorrido. Os japoneses atacaram a frota americana em Pearl Harbor  no Havaí, e fizeram cerca de duzentas vítimas. E a revanche americana custou aos japoneses mais de duzentas mil mortes, que continua crescendo ano após ano, com os efeitos da radiação nuclear. “Olho por olho...” multiplicado por mil, sem considerar a devastação das cidades onde foram lançadas as bombas, e sem considerar os efeitos incalculáveis da radiação no mar e na natureza... Mil olhos por um...

    Depois do 11 de setembro, com a derrubada das Torres Gêmeas, o que o mundo viu foi uma tragédia sem limites. A invasão do Iraque e do Afeganistão, com milhares de mortes de inocentes para satisfazer o furor de vingança, com o aval de governantes de vários países considerados civilizados... E os efeitos colaterais continuam até hoje, com o recrudescimento do ódio dos muçulmanos contra o Ocidente... Se ao invés de fazer guerra, Bush houvesse construído escolas e hospitais naqueles países, usando toda a fortuna dispendida nas batalhas, o mundo teria evoluído muito. A visão dos muçulmanos seria outra, e esse medo que paira no mundo de iminentes ataques não existiria...
    Por melhor que seja uma Lei, um Decreto, se os homens não controlarem essa sanha de vingança desmedida, o mundo nunca irá melhorar. E ainda há a questão da indústria de guerra: gente que vive produzindo armas e vendendo-as para os dois lados oponentes... Quem tiver a oportunidade de ver o filme “O Senhor das Armas” entenderá perfeitamente que, a guerra nunca terá fim. Enquanto houver indústria de armas de fogo, o mundo não terá Paz.
    Entretanto, analisando as revanches que acontecem todos os dias entre os palestinos e israelenses, fico a pensar se há algum proveito para o vingador matar inocentes... A dor de uma mãe que perdeu um filho por causa de uma bomba, nunca irá diminuir mesmo que matem mil filhos dos oponentes. A dor será do mesmo tamanho, mesmo que adicionem mil dores para outras mães...
    Então não entendo a vingança. Ela traz satisfação? Lava a honra? Elimina a dor? Enaltece o vingador?
Sei que naquela região, a guerra acontece desde antes de Cristo. Na cidade de Gaza houve invasões de israelitas, babilônios, persas e assírios. Foi tomada pelos macedônios, romanos, bizantinos e árabes otomanos. Os ingleses também lá estiveram, assim como os egípcios e Israel ocupou a Cisjordânia após a Guerra dos 6 dias, ficando com a Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, e deixando pouco para os palestinos... E durante todas essas invasões e disputas, a guerra não cessou. Mortes e mortes às centenas, causando dor e ódio em ambas as partes.
O mais estranho é que, justamente nessa região fica Jerusalém, a Cidade Santa, venerada tanto pelos cristãos, como pelos muçulmanos e judeus. Em Jerusalém viveu Jesus Cristo como homem, percorreu seus becos pregando paz e amor ao próximo. Esteve no Monte das Oliveiras, onde fez pregações, cumpriu sua Via Sacra, carregando a cruz pesada até a crucificação.  Lá ainda tem o Muro das Lamentações, que é o que restou do Templo de Salomão para guardar a Arca da Aliança, lá estão o Portão de Damasco e a Torre de David, que foram construídos como muralhas em defesa da cidade...
Como um lugar santo que foi benzido por Cristo com sua evangelização, pode ser palco de tragédias sem fim?
      Alguém pode me explicar isso?



Mirandópolis, agosto de 2014.

kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


Legenda: 
1ª foto Cerimônia em homenagem às vítimas da bomba - Hiroshima
2ª foto Crianças orando pelos mortos
3ª foto Grito pela Paz no mundo - Nagasaki

terça-feira, 12 de agosto de 2014


                Não compartilhe!
       
        Tem uma coisa que vem me incomodando há um bocado de tempo.  Quando abro minha página do face book, constato que muitas bobagens foram postadas ali, e tenho a certeza absoluta que são invenções, que provocam mal estar nas pessoas... Mesmo assim, há os seguidores que compartilham essas aberrações e outros que as curtem.
         Não consigo entender como uma pessoa sadia, que pensa e ama os bichos, pode curtir uma imagem de cães e gatos sendo estraçalhados vivos.  Curtir significa gostar, apreciar. A desculpa é que pretendem pegar os malfeitores. Se a Polícia Ambiental quisesse pegá-los, já o teria feito só de ver as fotos postadas.  Quem cria essas postagens e quem compartilha, não atentaram para o fato de que, outros malfeitores poderão achar engraçado e realizar atos piores... E as imagens são terríveis...
       Infelizmente, o face book aceita tudo. E há seguidores de todos os níveis. Há os racionais, que pensam e selecionam textos e imagens, e há os que engolem tudo, absorvendo tanta bobagem e acreditando em tudo que postam. E é justamente aí, que está o perigo. Quanto pior a postagem, quanto mais chocante a imagem, mais seguidores e compartilhadores. E isso só piora o nível de cultura do povo. Cada um deve se responsabilizar pelas postagens, pois o estrago pode ser grande.
     O próprio face book postou recentemente um alerta aos navegadores, para assumirem a responsabilidade dos compartilhamentos, pois poderão ser enquadrados no Conselho Nacional de Justiça, por compartilhar e divulgar inverdades. Realmente, tem que haver uma punição para quem publica o que quer, sem conferir se é verdade ou mentira. Se não houver um certo controle, esse mural eletrônico vai se transformar num paredão de bobagens e acusações, que fazem a alegria de certos grupos de marginais.
         O que mais me assusta é a capacidade de gente que distorce imagens reais, e coloca textos absurdos tanto na política, em futebol como em religião.
      O estrago maior acontece quando a postagem absurda conquista centenas de curtições e de compartilhamentos, que vão se multiplicando e desdobrando em progressão aritmética.  O criador da bobagem se sente poderoso, torna-se arrogante, e acha que todo mundo pensa como ele, sem exceção. E passa a acreditar que ele é o dono da verdade. Isso é muito perigoso. Passa a criar mais bobagens, que vai baixando mais e mais o nível cultural dos usuários do face.
      Durante os dias da Copa, inventaram tanta bobagem, que passei muito tempo excluindo e deletando gente, que gosta desse tipo de postagem. Pode ser engraçado, mas fere os brios das pessoas. E em termos de política, tem saído cada coisa, que faça-me o favor... Política é coisa séria, não é preciso o cidadão comum avacalhá-la, como fazem os corruptos do país. E daqui para frente com a campanha eleitoral, vai rolar tanta bobagem, com agressões gratuitas que nem gosto de pensar...É bom lembrar que, os jornalistas que publicam suas matérias devem sempre, passar as informações pelo filtro da veracidade. Se for falsa a notícia, poderá ser processado por veicular mentiras. E os criadores de imagens e notícias no face não deixam de ser divulgadores como os jornalistas, pois o mural é na verdade um jornal eletrônico, com a vantagem de interação entre os usuários.
         Há pouco tempo, li uma resposta interessantíssima de Eli Pariser, ativista digital americano. Perguntaram: “Que riscos corremos quando não temos contato com opiniões diferentes das nossas?”
      “A primeira coisa que você perde é seu senso de falibilidade. Quando todas as pessoas concordam com você, é fácil acreditar que sua opinião é a verdade para todos e não apenas para alguns de seus amigos. E se ninguém enfrentar seus argumentos, é natural que você imagine que está certo e não há espaço para discussão. Isso vale para tudo, desde as grandes questões políticas aos pequenos preconceitos. Com o tempo, essa falta de debate pode tornar as pessoas mais intolerantes.”
      Por tudo isso, afirmo que escrever não é fácil. Quem escreve, vai formando opiniões, colocando ideias nas mentes alheias, mudando o pensar das pessoas e, aí está o perigo. É preciso ter senso de justiça, de respeito, e evitar inverdades. Porque o jornal, a revista, a tevê e as redes sociais eletrônicas podem se transformar numa arma poderosa, para pregar discórdias, greves, revoluções, e acabar com a paz no mundo.
      Eu realmente não sei como funciona a Internet, se há um certo controle ou não, se tem algum poder de selecionar informações, como diz o próprio Pariser. Sei apenas que há um exagero desvairado no que concerne a críticas políticas, a conclusões absurdas sobre fatos do dia a dia. Imagens de pessoas com terríveis problemas físicos são colocadas todos os dias, pedindo compartilhamentos para ajudar a resolver esses problemas. O próprio face book já anunciou que, não tem como ajudar ninguém só com curtições e compartilhamentos. Como dizem agora: “Sabe nada, inocente!” É que as pessoas não leem as informações sérias, não usam a massa cinzenta para pensar e analisar as postagens...
         Se realmente todos estiverem bem intencionados, é possível usar as redes sociais para protestar contra os estragos, que fazem à Natureza. Os  criadores de posts devem usar sua massa cinzenta para veicular mensagens, que despertem a humanidade para as condições terríveis do Planeta, por conta de gente que faz buracos e túneis em busca de ouro e de minérios ... Posts que mostrem como se formaram os grandes desertos, onde antes havia vida e florestas... Posts que denunciem as mortes dos inocentes, de tantos inocentes em zonas de conflito, por burrice dos impérios que só cobiçam o petróleo ou querem mostrar seu poder e sua força... Posts que despertem o sentimento de humanidade nesse mundo tão cruel...
         Há dias em que constato que nada de interessante foi veiculado no face, e fico decepcionada. Essa rede social é um espaço ótimo, para passar tanta coisa boa aos amigos e pseudo-amigos. Mas, metade ou quase, não tem mensagem positiva, só cópias de bobagens repetidas até a exaustão. Infelizmente, gente de cuca boa que pensa, que sabe das coisas ainda não descobriu essa ferramenta para propagar suas ideias. E então, o que prevalece é essa pobreza...
     Como as redes sociais são ferramentas universais, que tal começar uma campanha em favor da Paz na faixa de Gaza? Há tantos inocentes sendo sacrificados todos os dias, e o mundo finge que não vê... Chego a ter remorsos de estar em paz nesta parte do mundo, enquanto tantas vidas são ceifadas, por conta de intolerância de palestinos e israelenses... Que tal os criadores de artes e posts inteligentes usarem suas mentes fabulosas, para criarem posts que despertem a consciência dos que lá vivem se matando?
     É uma pena que uma rede eletrônica de tão largo alcance seja desperdiçada todos os dias...
         Mirandópolis, julho de 2014.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/