sexta-feira, 31 de março de 2017

Beleza é fundamental?

Quando se é jovem, sentimos intensa vontade de ser diferente. Acredito que todo mundo passou por isso.
Eu não nego. Tinha imensa frustração por ser baixinha, com um pouco mais de um metro e meio, gordinha e sem graça nenhuma.
Percebi como eu era fora de padrão quando na adolescência, uma colega nossa que era bela e tinha um corpo maravilhoso, começou a apontar os defeitos das outras meninas. Comentou sobre batatas de pernas gordas (como as minhas ai, ai!) e sobre gente baixinha...
E a partir daí desejei crescer mais, ficar longilínea e ter pernas longas e bonitas... Mas a natureza é implacável, não nega o DNA. Eu tinha que ser baixinha e gorducha... E além dessas frustrações aconteceu o inimaginável! Apareceu uma mecha de cabelos brancos bem no meio do meu cocoruto, e não havia meio de disfarçá-los... E aí, as colegas diziam: “Tá ficando velha! Olha os cabelos brancos dela!”
Fui ficando reservada, quieta e queria me esconder, porque não queria ser humilhada. Bem nessa época, havia um jovem de origem japonesa, que estava umas séries mais adiantado. Era das Alianças e tinha cabelos brancos na cabeça toda, com alguns fiapos escuros. E os meninos implacáveis o apelidaram de vovô. Eu tinha muita pena dele e me imaginava no seu lugar, sendo magoado gratuitamente por algo de que não era culpado...
Mas, a Escola é o melhor remédio. Descobri o prazer da leitura e me refugiava na Biblioteca, onde lia de tudo: Contos da Carochinha, Júlio Verne, Freud, Dostoiévski, Tolstoi, Malba Tahan, José de Alencar, Machado de Assis, Érico Veríssimo... Em vez de me preocupar com os cabelos brancos e a aparência, tratei de rechear a cabeça com conhecimentos, que me deixavam cada vez mais encantada.
O tempo passou, venci essas frustrações e de repente descobri que era moda ter mechas de cabelos de cor diferente no penteado. Eu tinha e nem precisava ir à cabeleireira para tingir!
Mesmo assim, ainda achava que eu não me bastava. Era muito pequena, gorda e sem graça nenhuma. Sempre fui assim. E me olhava no espelho e suspirava: “Ah! Se fosse dez centímetros mais alta!”
E assim, passei a vida inteira olhando com inveja as belas pernas das mulheres famosas, o talhe elegante de certas pessoas... Eu continuava gorda, pesadona...
Mas, Deus que tudo vê e provê me deu uma dura lição.
Um dia, senti dores no joelho esquerdo! Não conseguia descer da calçada para o leito do asfalto, sem gemer... Descer escadas nem pensar!  Aí tive que procurar os especialistas de plantão para tirar essas dores. E graças a Deus, achei alguém que resolveu meu problema. É bem verdade que à custa de uma aplicação e ingestão de colágenos e ômega três. Há mais de quatro anos que não sinto dores e caminho mais ou menos bem.  Mas, faço exercícios e caminhadas todos os dias. E colágeno e ômega três fazem parte do meu cotidiano. Até aprendi a consumir pés de frango, que muita gente refuga. Melhor consumi-los que ficar travada de vez.
Porque o homem é um ser caminhante. Quando parar de caminhar, estará morto. Não poder se locomover e ir para onde quiser? Não há destino mais triste! Nem posso imaginar!
         Ultimamente, tenho visto tanta gente capengando por essas ruas. Muitos usam bengalas, se apoiam em outros parceiros, e os mais renitentes andam arrastando uma perna, com dificuldade para subir degraus, para entrar no carro, para atravessar a rua... De cada dez pessoas, três estão com problemas graves nas pernas. E não são tão idosos assim. Muitos têm menos de setenta, menos de sessenta anos...
Estou com mais de setenta anos e ainda consigo ir ao Banco, à Farmácia, ao Mercado, à cabeleireira, à mercearia... Andando... Devagar, mas andando com as próprias pernas.
E sou grata a essas mesmas pernas que não gostava por serem gordas, curtas e feias... Sou muito grata porque elas me levam para   onde quero ir, sem depender de ninguém.
Vinicius de Moraes disse um dia “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental!”  E foi muito aplaudido. E assim se instalou o culto à beleza, à perfeição.
O poeta estava totalmente equivocado. Beleza não é fundamental. Fundamental é a Saúde. Saúde do corpo, da mente, do coração. Tantos atores e atrizes famosos, perfeitos de corpo sucumbiram aos anos e, se tornaram farrapos do que foram no passado. De que lhes vale a beleza agora?
As flores também quando se abrem para a luz são belíssimas. Mas, quando as horas passam, elas murcham, escurecem e caem. Assim é a vida de todos nós. Um dia, as pernas perderão a elasticidade e as articulações irão travar. Mesmo sendo belas e longilíneas.
 Então é preciso cuidar para que isso não aconteça muito cedo.  Mais que cuidar da beleza é preciso cuidar da saúde.  Caminhando sempre, todos os dias um pouco para exercitar os nervos, para que não se travem. Cuidar das pernas não é só fazer pedicuro... Esmaltes vermelhos ou azuis não te levarão a lugar nenhum...
Hoje, entendo porque Deus fez as pessoas diferentes. Para que cada um descubra a força que existe dentro de si, e vencer as dificuldades. Nascer torto ou aleijado não é castigo. É apenas um desafio, que o homem acaba vencendo de algum jeito. E se não aprender, viverá a vida inteira em completo sofrimento.
Hoje, contradizendo Vinícius afirmo: “Fundamental é a saúde e não a beleza”. Porque sou feliz com a minhas limitações.

Mirandópolis, março de 2017.
kimie oku in



segunda-feira, 27 de março de 2017

            Ciranda, cirandinha,
Vamos todos cirandar!
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar!
      E na sexta feira última fizemos a ciranda do mês. Estava um dia quentíssimo e parecia que muita gente faltaria.
      Mas, não! A maioria compareceu. Especialmente os músicos, que vão sempre animar nossos encontros.
      Fazia tempo que não brincávamos de ciranda, e desta vez fizemos a grande roda e cirandamos. Os homens participaram cantando e declamando. Os poemas dos homens eram todos cômicos e provocaram muita risada de todos.  A Vina cantou, assim como a Rachel. E até a Dimar sempre quietinha, declamou. Fiquei tão emocionada com a sua   participação voluntária, que nem consegui ouvir os versos, que falavam de Estrelinhas...  O ponto alto foi a homenagem que a Jan
e fez para sua mãe Fermina que perdeu uma irmã no mês passado. Foi muito emocionante, porque todos conheceram a dona Nair, sempre contente da vida, declamando e cantando. Homenagem mista de saudades e boas lembranças. Foi cirandar no céu.
      Atendendo a pedido, falei pro seu Agenor Garcia organizar um coral de música sertaneja com os cantores do grupo. Todos acharam a ideia muito boa. Seu Agenor é uma pessoa disposta. Acabou de reorganizar nossas pastas de música, plastificando as folhas. Ficaram excelentes.
      E entre cantorias, roda de ciranda e declamações, a tarde transcorreu animada e feliz.
      E a dona Fermina agradeceu o carinho do pessoal por ocasião da passagem de dona Nair. E recebeu abraços de todos os cirandeiros.
E assim foi a nossa Ciranda do mês, pautada de saudades, alegria e muita risada.
Em abril tem mais!
Mirandópolis, março de 2017.
kimie oku in


sábado, 18 de março de 2017

          
       Felicidade         

O que é a felicidade?
É encontrar o parceiro da vida para viver um conto de amor?
Então, por que tantas separações?
É ter filhos e pelejar por eles? Mas alguns filhos matam os pais...
É vencer na carreira e chegar ao topo? Tem tanta gente que despencou feio depois...
É ficar multimilionário? Há tantos multimilionários hoje na cadeia...
É ter um físico maravilhoso e tornar-se um atleta insuperável? Pelé foi o atleta do século e está tão infeliz...
É ter uma saúde de ferro que dispense remédios e hospitais?
Ninguém é de ferro. Uma hora, o organismo começa a deteriorar-se...        
É ser amado e admirado por uma multidão pedindo autógrafo? A glória é passageira. Tanta gente famosa já foi esquecida.
É ter poder para mandar e desmandar e não precisar prestar contas a ninguém? A queda de dois Presidentes do Brasil provaram que poder nada é.
É ter uma família perfeita, que cause inveja às outras famílias? Todas as famílias têm estrangulamentos, que só elas sabem...
É viajar pelo mundo, conhecer lugares exóticos e costumes nunca imaginados? Mas, não dá pra trazer esse mundo para casa.
É ter um castelo, cujo domínio vá até os confins da Terra? Os sem terra irão acampar e tomar pouco a pouco os lotes, na marra.
É ser superinteligente, e nunca ser enganado? Mesmo os super, super erram. Einstein separou as partículas do átomo... E daí surgiu a bomba atômica...
É ser tão belo que chame a atenção da mídia? A beleza acaba um dia e a mídia perde o interesse...
É ter uma roda de amigos fiéis até a morte? Amigos fiéis são raríssimos...
É ter uma fortuna inesgotável? Mesmo que seja inesgotável, quando a morte chega, ela será de outros...
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     Cada questão acima pode representar a meta de alguém para ser feliz, mas o que é mesmo a felicidade?
É possível buscar e alcançar a felicidade nos 60, 80 anos destinados a cada um aqui na terra?
     Porque todo mundo tem esperança e peleja todos os dias para alcançar a felicidade.
Mas... a felicidade não será apenas uma utopia? Uma promessa inalcançável? Uma ilusão prometida para mobilizar a humanidade?
     Se a humanidade não tivesse esperanças, não moveria uma palha no dia a dia... Pra quê? Afinal, todos irão findar um dia... E tudo não passará de um sonho mal sonhado...
     Estive neste domingo matutando sobre tudo isso, enquanto varria as folhas e flores da calçada de minha casa. Pois é melhor manter a cidade limpa, para o bem de todos.
    Como já estou no limiar da vida, com mais de sete décadas de existência, tenho as minhas dificuldades resultantes de má postura, de pisar inadequado, de articulações gastas... E apesar de não ter dores, percebo que a cada dia fica mais difícil movimentar o corpo... Perdi a leveza de movimentos, que hoje são bem lerdos... Não reclamo e faço o que posso para manter as pernas mais ou menos articuladas, para ir onde precise. Por enquanto estou conseguindo.
    Ainda consigo ir Banco fazer as operações necessárias para pagar as contas. Consigo ir à farmácia e garantir o estoque de remédios do mês... À quitanda buscar uma fruta, um legume qualquer.  Ao Conservatório dedilhar meus dedos antes que a arteriosclerose... Já ao Mercado preciso usar o carro porque é mais distante. E mesmo com algumas barbeirices, consigo estacionar o carro nas vagas disponíveis... Aliás, deveriam reservar mais lugares para os idosos, pois só destinam uma ou duas num estacionamento de quinze a vinte vagas. E os idosos são um terço da população hoje.
     E quando volto sã e salva, agradeço a Deus...
    Percebo, porém que já não consigo carregar pesos acima de três quilos por mais de uma quadra!!!   E sou tão grata às lojas que fazem entrega em domicílios. Não imaginam como salvam os idosos cansados. Por que será que a gente perde as forças? Já fui tão forte e suportava pesos de até quinze quilos. Hoje não aguento mais...
   E por tudo isso, fiquei pensando o que seria a verdadeira felicidade. E descobri! Eureca!
    Felicidade pode ser tudo aquilo que indaguei no começo dessa crônica. Isso para os jovens, ambiciosos e autoconfiantes no próprio sucesso. Mas, com o passar dos anos, com as experiências sofridas, o nosso modo de pensar e de encarar a vida acaba mudando.
Felicidade é ter saúde para usufruir cada momento da vida. Poder comer um pouco de tudo sem estufar como um balão. Poder andar de per si até ao Banco, à farmácia, à mercearia, ao bazar e poder escolher as frutas, as linhas para o bordado e comprar os remédios necessários. Poder andar pelas calçadas e parar para apreciar algo bonito na vitrine, para receber um abraço de um amigo e papear um pouco... É poder administrar o próprio pagamento mesmo sendo tão reduzido, e controlar os gastos sem a interferência de outros...     Felicidade é ainda ouvir mais ou menos o que se fala ao redor, embora muita coisa mereça ser ignorada. É enxergar as pessoas queridas, poder ler as mensagens de amigos e escrever o que se passa na mente. É sentir ainda a dor do outro, para poder consolar e oferecer ajuda. É entender as pessoas que nos cercam e interagem em nossas vidas. Mesmo sendo difíceis e ranzinzas... É acima de tudo, saber tolerar e perdoar...
     Felicidade é poder decidir por si mesmo como vai desfrutar do dia, da semana, das horas de folga, dos fins de semana, sem ser teleguiado... Felicidade é ter liberdade de cutucar o jardim quando der na telha, tocar um pouco as sonatas ao piano, ler um livro na madrugada... É saber agradecer todos os dias a companhia do parceiro, mesmo que às vezes a relação entre em convulsão. Melhor isso que a solidão. Sozinho não haverá com quem desabafar, com quem rir, com quem discutir e nem com quem brigar... Solidão é foda.
     Felicidade é ter a coragem de recusar um convite, mesmo que seja para uma cerimônia maravilhosa e exclusiva... (Não suporto certas cerimônias!)
     Felicidade é poder ignorar certas pessoas que nos irritam com sua arrogância, com sua voz estridente, com seu desejo inconfundível de querer alçar voo na escala social, aproveitando os ombros de outrem...
     Felicidade é ter o suficiente, não mais que isso para ter uma vida mais ou menos confortável. Ter demais só desperta a ganância dos ladrões... Quando se tem demais não haverá mais ambição, mais desejo nem sonhos... E necessário aprender a controlar tudo com parcimônia.
     Poder, dinheiro, beleza física, fama, inteligência, um milhão de amigos, um castelo encantado.. Nada disso é sinônimo de felicidade. Se isso fosse felicidade, os políticos corruptos seriam muito felizes assim como os multimilionários, os famosos que aparecem na mídia todos os dias. Mas... quanta tragédia na vida deles.
     Para mim no momento, felicidade é ainda poder andar, varrer e recolher as folhas das árvores, que sombreiam a frente de minha casa. É poder caminhar e fazer exercícios de alongamento. É ver o pé de maracujá que plantei, preparando as frutas que se transformarão em deliciosos sucos... É conseguir preparar uma boa refeição de domingo para mim e para o meu esposo. É crochetar uns guardanapos para pessoas queridas. É poder visitar pessoas alquebradas pela idade, que querem conversar um pouco e tomar um cafezinho junto. É trocar ideias pelo facebook e arejar a mente.
     E escrever essas crônicas.
     Felicidade é só isso.
     Para mim é o bastante.

    Mirandópolis, fevereiro de 2017.
    kimie oku in



quarta-feira, 1 de março de 2017

      Cirandando no céu...

Na última sexta feira realizamos o segundo encontro do ano. Era um dia chuvoso, e parecia impossível ir até a Chácara Prando.
     Mas, como sempre acontece, a chuva passou e abriu um sol lindo abençoando a nossa tarde. Faltaram muitos cirandeiros, por problemas de saúde e por causa do tempo. Mesmo assim, os que compareceram aproveitaram a tarde para botar o papo em dia.
     O Milton Lima compareceu, mesmo morando na Ilha solteira. Ele não consegue ficar longe da Ciranda, onde tem tantos amigos...
      Depois de um lanche, melancia e sorvete, os músicos encheram o espaço com o som maravilhoso de sanfonas e violões. E a cantoria começou. E durou a tarde toda...
      E entre os que só conversavam, a preocupação era a saúde de dona Nair, irmã de dona Fermina, que teve AVC. Dona Nair sempre foi uma cirandeira alegre, que fazia todos rirem com suas graças, seus poemas cômicos e suas tiradas engraçadas... Estava no Hospital, lutando para sobreviver...
   
   As horas passaram com muita cantoria regada a cafezinho de dona Cleusa. Mas, no final, a preocupação voltou e por sugestão do sanfoneiro Gerval fizemos umas orações para a dona Nair, para que Deus aliviasse o sofrimento dela. E também rezamos pela Vera, filha do seu Orlandinho, nosso declamador de poemas. Ela também está muito doente. Aproveitamos a oportunidade e pedimos pro seu Orlandinho declamar seus poemas, porque ele anda muito triste...
      E assim, entre poemas, orações e cantorias, nossa tarde de prazer acabou. Voltamos contentes por termos proporcionado umas horas de lazer aos amigos.
      Entretanto, daí dois dias a nossa querida Nair partiu. Foi cirandar no céu. A artista do grupo havia deixado a nossa Ciranda...
      E eu desolada, procurei nos álbuns de fotos as imagens que ficaram... Nair cantando... Nair conversando... Nair abraçando... Nair rindo... Nair declamando... Nair dançando... só imagens positivas de quem soube aproveitar as horas passadas na Ciranda com amigos.
      Mas, essa mulher de 79 anos tão pequenina, tão doce e positiva, foi uma batalhadora que, ao se ver abandonada pelo marido com uma filha criança ainda, teve que pelejar muito para sobreviver e cumprir seu destino. Por anos e anos trabalhou no Mercado Estrela, onde foi uma funcionária exemplar, cativando os proprietários com sua dedicação. Um dia me contou que, era extremamente grata à senhora dona Elsa Franco Terensi e à dona Lucília Scatena Franco, que a socorreram nos momentos mais difíceis de sua vida. Ambas também já cumpriram sua missão aqui na terra. Saudosas professoras Elsa Terensi e Lucília Franco...
      Há mais ou menos seis anos, a dona Nair instada pela irmã Fermina passou a frequentar a Ciranda, onde se realizou cantando, dançando e falando seus poemas. Era uma mulher muito alegre e todos a queriam muito bem.
      Agora ela partiu...
      E deixou saudades.
Mas, acredito que ela não deve estar triste. Deve ter reencontrado a dona Onofra, a dona Palmira, o seu Jorge Cury, o Toninho do Pandeiro, a dona Lourdinha Codonho, o seu Walther Sperandio, o seu Aristides Florindo, a dona Maria Menegatti, o seu Lupércio Salvá, o seu Egídio Vicente... E deve estar comandando uma Ciranda lá no céu. Deve estar girando a roda da Ciranda, cirandinha com muito entusiasmo e alegria. E declamando "O guarda chuva".
Enquanto isso, nós aqui na terra vamos cirandando também, em gratidão à vida que Deus nos concedeu.
Dona Nair, um dia todos nós iremos cirandar aí no céu com a senhora. Espere por nós.

Mirandópolis, fevereiro de 2017.
kimie oku in