Ulisses e Ulisses...
Desde criança, gostei muito de ler.
Frequentei
Bibliotecas das Escolas por onde andei, da Prefeitura local e de Lavínia, dos
Shoppings que visitei, onde hoje há salas de leitura, e você pode ler
gratuitamente o que quiser enquanto toma um café ou um sorvete... achei isso o
supra sumo para os leitores, espaço confortável, leitura disponível gratuita
enquanto espera as horas passarem...
E por
conta da leitura, entrei numa contenda divertida com um amigo que mora em Águas
de Lindóia, que me fez pensar....
Ora,
esse amigo é um cidadão inteligente acima da média e se chama Ulisses. Ulisses
como o herói do famoso livro de James Joyce. Confesso que um dia, peguei esse
volumoso livro da Biblioteca local e tentei lê-lo. Tentei, não consegui... como
não consegui ler Os sertões de Euclides da Cunha. Como não consegui ler Casa
Grande e Senzala de Gilberto Freyre. E como não consegui ler Grandes Sertões:
Veredas de João Guimarães Rosa... Esses quatro livros ficaram quais espinhas me atazanando a ideia, porque não
lhes sei o conteúdo, embora sejam livros importantíssimos da melhor Literatura
Mundial.
Logo que
conheci, cismei com o Ulisses de carne e osso e perguntei se já lera o Ulisses
de papel. E ele disse que tentou, desistiu e deu o livro a sua irmã, que é
ligada às leituras... fiquei pasma! Não querer conhecer o herói homônimo do
livro! Eu teria curiosidade, mesmo que isso me custasse noites e noites de
leitura... Mas não conheço nenhum livro intitulado Kimie....
Pois
bem, na semana que passou, a irmã Nilene e eu desafiamos o nosso cidadão real
que lesse sobre o fictício, para descobrir o que havia de comum entre os dois
Ulisses...
O cidadão treiteiro como ele só, impôs umas
condições inviáveis a nós duas para ele aceitar o desafio... Ficamos
decepcionadas porque queríamos de fato saber se, o nosso Ulisses tem algumas
convergências com o Ulisses do Joyce... Perdemos tempo tentando convencê-lo.
Foi irredutível. Alegou mil justificativas, que no final significavam que não
está interessado em conhecer o seu xará... e que não perderia tempo com uma
leitura que não lhe atraia nem um pouco.
Em troca
exigiu que a sua irmã fizesse regime alimentar ou exercícios físicos para
reduzir seu peso. E a mim pediu que publicasse um livro. A Nilene até topou a
parada, mas eu não. Publicar um livro? Nem pensar!
A era
digital foi a morte dos livros. Ninguém compra livros e muito menos os lê. Eu
que tenho dezenas de amigos posso garantir que, conheço apenas meia dúzia deles
que leem. Infelizmente. Os que amam a leitura são fieis e leem sempre, mas há
entre os demais os que nunca, nunca leram um livro sequer. E se gabam disso!
Então
quem iria comprar um livro meu?
A
sugestão é que junte as minhas crônicas já publicadas no jornal “Hoje”, que
parou de circular, e também publicadas no meu blogger e imprima um livro.
Confesso que antigamente, tive esse sonho. Publicar um livro e ser lida por
centenas de pessoas... Mas, ao longo dos anos, tenho visto gente publicando
livros medíocres, e os empurrando aos amigos para pagar os custos de
impressão... Certo cidadão queria que eu ficasse com uma dúzia de volumes da
mesma obra. Obra sofrível, que parei de ler já na segunda página e joguei
fora... Não compro livros só pela amizade. E os amigos leem minhas crônicas no
blogger, que está chegando a cem mil visualizações.
Outra questão séria é
o custo de impressão. Se não for um best seller nunca pagará o investimento
aplicado. E o pior é ver dezenas ou centenas de volumes de excelentes
escritores e poetas encalhados nas prateleiras das livrarias e revistarias.
Por tudo isso, nem
penso em publicar um livro.
Mas, quanto à contenda, sobrou para nós Nilene Lacerda e eu lermos o Ulisses. Sei que vai ser difícil, porque o volume tem quase mil
páginas!
Mas, decidi que ainda
este ano vou lê-lo. Vou anotar tudo de interessante de cada capítulo, e
escrever um Ensaio sobre James Joyce e sua obra. Com esse propósito, vou
enfrentar essa empreitada.
Só queria ter mais
tempo para concluir esse objetivo.
Porque no momento estou
tentando traduzir “Snow Country” de Yasunari Kawabata e lendo “O apanhador no
campo de centeio”
Mas, vamos lá agora
com o Ulisses de Joyce!
Visse, Ulisses Silva Lacerda?
Mirandópolis, agosto de 2018
kimie oku in