domingo, 27 de dezembro de 2015

   Assuntando...
As festas de fim ano são cumulativas, por isso elas me cansam.
      O início do novo ano deveria ser bem distante do Natal. É muita festa para um prazo reduzido de oito dias.
Por tudo isso, os últimos dias do ano viram uma azáfama de correria, de compras, de preparativos... É muito difícil comprar nesse período.
 E neste ano, essas datas caíram na sexta-feira, então acumularam-se com o sábado e o domingo. Dias compridos de comilança e bebelança. E dias parados, comércio lento e gente zanzando prá lá pra cá, procurando não sei o quê. E juntando o calor de quase 40 graus, dá uma lerdeza e uma preguiça sem tamanho.
Hoje domingo 27, a cidade parou! Desde o Natal, está tudo parado. Não se vê vivalma nas ruas, e o silêncio chega a ser pesado. Parece que toda a cidade está de ressaca. Todos dormindo ou recolhidos em seus cantos, porque dinheiro pra viajar ninguém tem...
Três dias no Natal e três dias no Ano Novo de paradeira total... Nunca tinha acontecido isso. É que para os comerciantes nem vale a pena fazer os funcionários aguentarem o batente, porque os clientes sumiram. E os vendedores bocejando não é uma boa imagem para se mostrar.
Se fosse um tempo de fartura, seria uma festa! Todo mundo estaria festejando, rodando de carro à toa pelas ruas... Mas o combustível no preço que está não permite. O jeito é ir dar uma pescadinha num corguinho próximo de bicicleta, visitar a sogra, os tios esquecidos que moram na cidade, pra mudar de ambiente. E fazer cooper com amigos, que isso não onera ninguém. E as comadres fazendo crochê, que dá uma aflição ficar parada. As crianças e os adolescentes felizmente têm a sua diversão. O mundo pode desabar, que eles não tiram os olhos das telinhas de seus celulares e se divertem sozinhos, alienados completamente em seus cantos... E alguns adultos também adotaram esse costume.
E como as lojas estão fechadas, dá um frisson em todos, que querem comprar qualquer coisa como sorvetes, esmaltes, xampus, revistas de palavras cruzadas, ou mesmo uma comida diferente dos perus e leitoas sobradas... Tudo para fugir dessa paradeira não esperada, porque nem o estômago nem as vontades foram programados...
E aí a mãe diz: Tá fechado! Hoje não abre! Tá tudo fechado!
E todos ficam frustrados.
Só tem bares abertos. Bares onde juntam homens para comentar sobre as últimas do futebol, do José Maria Marin, aquele mesmo que foi Deputado e Governador de São Paulo, que pagou uma fortuna de fiança para ficar curtindo a vida boa em Nova Iorque. E aí todos da rodinha concordam que, vale a pena ser desonesto, corrupto, ladrão num país onde só os cidadãos honrados são penalizados todos os dias, com carga tributária pesada e custo de vida escandaloso.
E aí a conversa envereda pelos corredores de Brasília, que virou covil de ladrões. E há tanta sujeira a ser comentada, que todos se atropelam e ninguém é petista, mesmo que tenha votado neles na última eleição. É sobre o Cunha, o Renan Calheiros, a Dilma, o Lula, inesgotável lista de bandidos no poder. E o inacreditável é que nessa roda e nas centenas de rodas que se formam nas esquinas e nos bares, ninguém é petista, ninguém votou neles. Ninguém sai em defesa dos corruptos. Mas de uma coisa tenho certeza, meus amigos super inteligentes que são petistas convictos e declarados, devem estar bem incomodados com os rumos de nossa Economia. Não dão o braço a torcer e defendem a Dilma até a morte, mas eles não me enganam, devem com certeza sentir um travo amargo na boca, toda vez que sai mais uma denúncia nos noticiários. Por que não aceitam que o Partido degringolou e, que eles só queriam roubar o país? Mas o orgulho é uma coisa triste, fingem acreditar nos falsos ideais do Partido e não enxergam o óbvio: o Partido traiu a todos. Ao invés de encarar a verdade vergonhosa, preferem garimpar notícias de corrupção de políticos de outros Partidos, como se isso limpasse os nomes dos petistas presos e investigados. Usam o ataque como meio de defesa. Mas os corruptos presos e os que estão sendo investigados são indefensáveis. São bandidos e pronto! Até o famoso Maluf que ficou conhecido como o político que “rouba mas faz” virou trombadinha de esquina diante dos atuais políticos presos...
Não queria comentar mais sobre a nossa política, mas a podridão é tanta que está extravasando. E não tem como não desabafar a nossa indignação, porque a vida do brasileiro comum que dá duro na vida, que trabalha o ano todo está apertada, difícil de tocar. Graças aos combustíveis e energia elétrica que não param de subir e puxam sempre para o alto os preços do arroz e feijão de cada dia.
Por que uns brasileiros são capazes de ferrar outros?
Cadê o sentimento de brasilidade, de conterrâneo, de irmão da  mesma Pátria? Tudo isso morreu? O que será que ensinei na Escola durante a vida toda para os jovens de minha Terra?
Concluindo essa triste crônica, vou creditar essa paradeira e essa ressaca de nossa pequenina cidade aos poderosos que desgovernam o nosso país. E temo pelo que virá.
Mirandópolis, 27 de dezembro de 2015.
kimie oku
in http://cronicasdekimie.blogaspot.com.br/

      

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