Assuntando...
As festas de fim ano são
cumulativas, por isso elas me cansam.
O início do novo
ano deveria ser bem distante do Natal. É muita festa para um prazo reduzido de
oito dias.
Por tudo isso, os últimos dias do
ano viram uma azáfama de correria, de compras, de preparativos... É muito
difícil comprar nesse período.
E neste ano, essas datas caíram na
sexta-feira, então acumularam-se com o sábado e o domingo. Dias compridos de
comilança e bebelança. E dias parados, comércio lento e gente zanzando prá lá
pra cá, procurando não sei o quê. E juntando o calor de quase 40 graus, dá uma
lerdeza e uma preguiça sem tamanho.
Hoje domingo 27, a cidade parou!
Desde o Natal, está tudo parado. Não se vê vivalma nas ruas, e o silêncio chega
a ser pesado. Parece que toda a cidade está de ressaca. Todos dormindo ou
recolhidos em seus cantos, porque dinheiro pra viajar ninguém tem...
Três dias no Natal e três dias no
Ano Novo de paradeira total... Nunca tinha acontecido isso. É que para os
comerciantes nem vale a pena fazer os funcionários aguentarem o batente, porque
os clientes sumiram. E os vendedores bocejando não é uma boa imagem para se
mostrar.
Se fosse um tempo de fartura, seria
uma festa! Todo mundo estaria festejando, rodando de carro à toa pelas ruas...
Mas o combustível no preço que está não permite. O jeito é ir dar uma
pescadinha num corguinho próximo de bicicleta, visitar a sogra, os tios
esquecidos que moram na cidade, pra mudar de ambiente. E fazer cooper com
amigos, que isso não onera ninguém. E as comadres fazendo crochê, que dá uma
aflição ficar parada. As crianças e os adolescentes felizmente têm a sua
diversão. O mundo pode desabar, que eles não tiram os olhos das telinhas de
seus celulares e se divertem sozinhos, alienados completamente em seus cantos...
E alguns adultos também adotaram esse costume.
E como as lojas estão fechadas, dá
um frisson em todos, que querem comprar qualquer coisa como sorvetes, esmaltes,
xampus, revistas de palavras cruzadas, ou mesmo uma comida diferente dos perus
e leitoas sobradas... Tudo para fugir dessa paradeira não esperada, porque nem
o estômago nem as vontades foram programados...
E aí a mãe diz: Tá fechado! Hoje não
abre! Tá tudo fechado!
E todos ficam frustrados.
Só tem bares abertos. Bares onde
juntam homens para comentar sobre as últimas do futebol, do José Maria Marin,
aquele mesmo que foi Deputado e Governador de São Paulo, que pagou uma fortuna
de fiança para ficar curtindo a vida boa em Nova Iorque. E aí todos da rodinha
concordam que, vale a pena ser desonesto, corrupto, ladrão num país onde só os
cidadãos honrados são penalizados todos os dias, com carga tributária pesada e
custo de vida escandaloso.
E aí a conversa envereda pelos
corredores de Brasília, que virou covil de ladrões. E há tanta sujeira a ser
comentada, que todos se atropelam e ninguém é petista, mesmo que tenha votado
neles na última eleição. É sobre o Cunha, o Renan Calheiros, a Dilma, o Lula,
inesgotável lista de bandidos no poder. E o inacreditável é que nessa roda e
nas centenas de rodas que se formam nas esquinas e nos bares, ninguém é
petista, ninguém votou neles. Ninguém sai em defesa dos corruptos. Mas de uma
coisa tenho certeza, meus amigos super inteligentes que são petistas convictos
e declarados, devem estar bem incomodados com os rumos de nossa Economia. Não
dão o braço a torcer e defendem a Dilma até a morte, mas eles não me enganam,
devem com certeza sentir um travo amargo na boca, toda vez que sai mais uma
denúncia nos noticiários. Por que não aceitam que o Partido degringolou e, que
eles só queriam roubar o país? Mas o orgulho é uma coisa triste, fingem
acreditar nos falsos ideais do Partido e não enxergam o óbvio: o Partido traiu
a todos. Ao invés de encarar a verdade vergonhosa, preferem garimpar notícias
de corrupção de políticos de outros Partidos, como se isso limpasse os nomes
dos petistas presos e investigados. Usam o ataque como meio de defesa. Mas os
corruptos presos e os que estão sendo investigados são indefensáveis. São
bandidos e pronto! Até o famoso Maluf que ficou conhecido como o político que
“rouba mas faz” virou trombadinha de esquina diante dos atuais políticos
presos...
Não queria comentar mais sobre a
nossa política, mas a podridão é tanta que está extravasando. E não tem como
não desabafar a nossa indignação, porque a vida do brasileiro comum que dá duro
na vida, que trabalha o ano todo está apertada, difícil de tocar. Graças aos
combustíveis e energia elétrica que não param de subir e puxam sempre para o
alto os preços do arroz e feijão de cada dia.
Por que uns brasileiros são capazes
de ferrar outros?
Cadê o sentimento de brasilidade, de
conterrâneo, de irmão da mesma Pátria?
Tudo isso morreu? O que será que ensinei na Escola durante a vida toda para os
jovens de minha Terra?
Concluindo essa triste crônica, vou
creditar essa paradeira e essa ressaca de nossa pequenina cidade aos poderosos
que desgovernam o nosso país. E temo pelo que virá.
Mirandópolis, 27 de dezembro de
2015.
kimie oku
in
http://cronicasdekimie.blogaspot.com.br/
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