Santa Ceia
Mirandópolis é uma pequena cidade do
interior paulista, meio perdida nos confins do mundo.
Aqui como em outras cidades interioranas,
acontece de tudo: coisas boas e ruins também. Mas aqui afloram umas ideias
sensacionais de vez em quando. E foi assim que, surgiu a ideia de se reunir os
antigos moradores num encontro de confraternização, que ficou conhecida como a
Santa Ceia. Quem teve a ideia foi o amigo Ademar Bispo, que ama demais essa
cidade, mesmo não morando mais aqui... E com a firme colaboração da Regina
Mustafa, hoje nossa querida prefeita, a ideia pegou. E ano após ano, essa dupla
conseguiu trazer amigos de longe para essa confraternização.
E chegaram à décima edição.
Em cada encontro uma surpresa: ex mirandopolenses radicados nos
mais diversos rincões desse imenso Brasil têm vindo prestigiar a Santa Ceia.
Para rever a terra natal, para reencontrar lugares e pessoas conhecidas, para
matar as saudades dos amigos de infância e da juventude... Sempre fui convidada
para essas reuniões, mas nunca compareci. Achava também que não conhecia a
maioria das pessoas, pois sou laviniense e passei a minha mocidade lá em
Lavínia. Então, desta vez a amiga Ana Maria Jacobs Ribeiro, que conheci pela
Internet me indagou: “E aí, vai ao nosso encontro?” Respondi que não, mas me
senti cobrada. Ela viria de outra cidade e eu nem iria dar-lhe um abraço? Daí,
resolvi dar uma passada lá no CAM para cumprimentar a todos.
E foi uma feliz ideia. Reencontrei amigos que não via há décadas
Gente que ainda mora aqui e não cruza mais meus caminhos por força de outros
compromissos, por força de saúde meio abalada... Revi amigos que trabalharam na
agência local do Banco do Brasil junto com o meu esposo. Roberto Machado e
Darcy, Francisco de Assis Spagnuollo (Chico Paulada) e Angélica, Dorinha, Célia do
saudoso Domingos Forte, Ademar Bispo e a Jacira. Bancários e familiares que
encontrávamos durante anos nas festividades da AABB (Associação Atlética do
Banco do Brasil)... Reencontrei outros que partiram para realizar seus sonhos,
e se radicaram em lugares distantes... Conheci pessoalmente amigos com quem
interagia apenas pelo face book, como a Marina Sampaio e o Natanael, a Ana
Maria, e o casal Osvaldo Rodrigues da Silva e sua linda esposa Cida. Vi o Ely e
a Eumar, a Deja e o Padre, a Julinha, irmã da Cleusa Cabrini, com quem
trabalhei nos meus tempos de Andradina, o amigo Deusdeth, o Orivaldo Ruiz e esposa,
o Tonicão... Além de muitos outros, Fátima Sanches e tia Rosa com seus noventa
e um aninhos, a Maria Aparecida Souza, a Shizuko Miguita, a Cecília e o Paulinho Santana, a Leide
e o Betinho, o Ivo Ferreira, o Waldir Bonfim, o Carlos Fagnani e a Nilva, o
Zanin e a Geny.... O amigo Gabriel Carbello, companheiro de escola e de
Ciranda. E mais um porre de gente bonita. E o Professor Laert Rigo da Tidinha.
Fiquei encantada de vê-lo tão inteiro, saudável e lúcido. Sua esposa Tidinha
(Clotilde) já é falecida, assim como a cunhada Soely Comitre...
A vida terrena terminou para alguns, deixando só saudades...
O Encontro é interessante, porque as pessoas se abraçam e só
rememoram coisas boas vivenciadas. Então, há muita energia! Todos revivem
momentos passados com vontade de voltar no tempo e repetir as doses. E os
participantes já são sessentões e setentões. Todos têm muito que relembrar, e o
cenário é sempre Mirandópolis. Mirandópolis dos anos cinquenta, sessenta... Uns
com dificuldade para se locomover, mas movidos pela vontade de abraçar os
amigos e matar saudades. E a conversa correu solta pela tarde afora.
Partilhando lembranças boas, relembrando amigos que já partiram...
Estive assuntando sobre esse Encontro...
A mim me afigurou uma grande família, que apesar do tempo e da
distância mantém os laços de ternura, de bem querer. A Regina Mustafa e o
Ademar Bispo são os anfitriões e organizam essa Ceia. Sei que não é fácil
organizar... Mas, algo bem forte, inexplicável e profundo os move. Vontade de ver
as figuras queridas dessa grande família, de manter a ligação fraterna para
sempre. De nunca perder o contato... Ao longo desses dez anos, muitos já
partiram e não virão mais rever a terra querida. Nós todos estamos nessa esteira
inexorável que vai rodando, rodando e substituindo as peças antigas pelas novas... Então, viver é preciso!
Enquanto houver um sopro de vida, é preciso curtir essa graça
recebida de Deus. E a melhor forma de curtir a vida é ficar junto de pessoas
queridas, que nos querem bem. Familiares e amigos.
E observando os participantes, percebi que toda a comunidade
estava aí representada. Tinha a nossa Prefeita Regina Mustafa. O Bispo e o
Padre, fictícios é verdade! Promotor Público, Delegados de Polícia, Policial
Militar, Bancários, dezenas de Professores, Donas de casa, Escriturários, Gráfico,
Pecuaristas, Comerciantes, Prestadores de Serviços, Funcionários Estaduais e
Municipais... Com exceção da senhora Prefeita que está na ativa, todos os
demais já estão aposentados de suas funções, após cumprir décadas de serviço em
prol da comunidade, do Estado e da Nação. Todos cidadãos honrados.
E uma única motivação moveu toda essa turma para vir a
Mirandópolis nesse dia: o Amor a Mirandópolis.
Seguindo a máxima de Leon Tolstoi:
“Queres conquistar o mundo?
Comece cantando a tua aldeia natal!”
Mirandópolis, junho de 2017.
kimie oku in
Ahhh...quanta emoção!! Participei pela segunda vez e desejo não faltar mais! Oportunidade maravilhosa para rever amigos queridos, professores inesquecíveis, pessoas que nem o tempo e nem a distância apagaram do coração da gente as doces lembranças vividas nesta terra tão querida!!
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