Surreal:
Hoje no sítio,
estava esgotada de tirar os matinhos
da fileira dos pés
de beijo...
Minhas hérnias de
disco reclamando...
Meu corpo pedia
conforto.
E me deitei no
gramado verde, verdinho,
à sombra do imenso
pé de manga bourbon...
Nossa! Que alívio!
Que bem estar!
O céu azul claro da
manhã de outono.
Vento suave,
oxigênio à vontade...
Fiquei feliz pela
ideia de me esticar no chão.
Tudo quieto.
Borboletas negras e
amarelas cortavam o espaço, apressadas.
E de repente eu vi.
Lá no alto, um
urubu.
Pequenininho.
Depois vi mais
outro.
Mais dois. Mais...
Eram cinco.
Voavam cada vez mais
baixo formando um círculo.
Procuravam uma
presa?
Mas, eles não atacam
bichos vivos!
E eu imóvel olhando
para eles...
E um chegou mais
perto!
Pra conferir se eu
estava morta?
Se estava disponível
para o seu banquete?
Eles rodopiaram na
altura das mangueiras.
E me senti o alvo de
suas bicadas ferozes e famintas.
Mas, meu cheiro não
lhes agradou.
Eu cheirava a puro
suor por ter me esfalfado na carpição.
E eles deram meia
volta e foram embora.
E ficou comigo a
dolorosa imagem de gente
sedenta e faminta,
que é atacada nos desertos desta vida.
Sonhar num gramado
verde é ótimo.
Mas a realidade é
muito triste.
Mirandópolis,05 de
abril de 2019.
kimie okeu in
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