Gente
de fibra- Gennaro Ordine
Hoje vou contar a
história de um trabalhador, que passou a vida toda como um João-de-barro
construindo casas. O João de barro constrói casas para ele, mas o cidadão de
hoje construiu casas para os outros.
É o senhor Gennaro
Ordine, que desde os sete anos de idade começou na profissão. Inicialmente
ajudava o pai, que também era construtor.
Gennaro Ordine nasceu
em Taquaritinga em 1928, e desde cedo aprendeu a carregar tijolos, para ajudar
nas obras de seu pai, desenvolvendo assim o gosto pela construção. Aos treze
anos já sabia tudo que um profissional deve conhecer. E trabalhou com o pai até
os 21 anos, quando se casou com a senhorita Ângela Corsetti, em Taquaritinga,
onde moravam.
Após o casamento,
passou a trabalhar por conta própria, construindo casas. E em 1967, veio de
mudança para Mirandópolis. Aqui ele continuou no ofício de construtor. Ele se
diz construtor, porque levantava casas desde o alicerce até o teto. Só o
serviço de carpintaria e pintura deixava para gente especializada.
Um dia, ele se
associou ao senhor Olindo Marchi, irmão do senhor Sílvio Marchi, que foi
funcionário durante anos no CENE Noêmia Dias Perotti. O seu Olindo já
trabalhava nas obras da Prefeitura. Trabalharam juntos aproximadamente uns
cinco anos.
Sempre seguindo as
plantas dos engenheiros, juntos construíram várias obras, das quais se lembra
da Fábrica de Alumínios Nitinam; da Biblioteca Municipal, junto do prédio da
antiga Prefeitura; do acabamento do antigo Paço Municipal; da Fonte Luminosa na
Praça Manuel Alves de Ataíde, durante a gestão do Prefeito Lourenço Marcos
Fernandes; do Parque Infantil Savero Tramonte; das salas destinadas às
Atividades Pluricurriculares no CENE Noêmia Dias Perotti; do piso da Escola 14
de agosto, hoje utilizado pelo Curso Objetivo; do acabamento do sobrado do
senhor Oscar Bottoni; da Casa Moreira; do Muro que cerca o Estádio “Alcino
Nogueira de Sylos”. Construíram também a Ponte do km. 50 e a do Poção.
Após cinco anos juntos,
a sociedade com o seu Olindo se desfez, porque este deixou o serviço da Prefeitura para ser autônomo; e foi contratado mais tarde,
para construir a Usina de Álcool, a Alcomira, que hoje é a Raizen. Mesmo
ficando sozinho, o seu Gennaro continuou com as obras da Prefeitura.
Sozinho começou a
construir casas. E fez o acabamento das
Lojas Marajá, realizou reformas nas Casas Pernambucanas, construiu a casa de
moradia do senhor Milton Alli; e durante cinco anos trabalhou na Fazenda Peres,
construindo 12 casas e a sede de 450metros quadrados, para o senhor Igrécio
Peres que deixou a fazenda como herança, para a Senhora Maria Isabel Peres.
Enquanto construía
casas, fez parceria com pintores e carpinteiros excelentes, como o senhor
Adelino Grou e o senhor Luís Zanon. E contratava servidores braçais de
confiança, para os serviços mais pesados
Há quatro meses, o seu
Gennaro parou de construir casas. Aposentou-se. Mas, não está ocioso. Gosta
muito de pescar e vai com os amigos pescar no rio Miranda, no Paraná, no
Pantanal.
Além disso, ele tem um
hobby – é a pintura a óleo, a que se dedicou desde criança. Esse gosto pelo desenho
se revelou já nos primeiros anos de escola, a professora pedia para ele
desenhar no quadro negro, e ele usava o giz colorido para pintar as figuras. Mais
tarde, deu aulas de Desenho aos amigos, em Taquaritinga.
Mais que pintor, seu
Gennaro é um paisagista. Gosta de reproduzir cenas vistas ao natural, como o
rancho que pintou, ou mesmo copiar paisagens de fotografias e de cartões postais. Já expôs os quadros em várias Amostras na cidade.
Tem aproximadamente uns cem quadros vendidos, que estão espalhados pelo país
todo. É de se admirar que um homem como o seu Ordine, que passou a vida toda lidando com pedras, tijolos, ferros e pás carregadas de argamassa pesada, tenha a sensibilidade de fazer telas tão belas. Suas paisagens transmitem a paz do campo. Reproduzem lugares de sonhos, que todos gostariam de ir um dia.
Na vida familiar é um
homem realizado, com quatro filhos homens, dos quais um foi Contador na
Prefeitura local; um trabalha na área de Propaganda e dois são Agentes
Penitenciários. Faz questão de dizer que os filhos não se tornaram
construtores, mas ajudaram muito nas obras quando jovens. Tinha ainda nove
netos, dos quais um faleceu há uns anos, infelizmente.
Dona Ângela diz que
valeu a pena a vida ao lado de seu Gennaro, porque ele sempre foi muito
trabalhador e conseguiu criar os filhos com conforto. Lembra também que fez
muitas marmitas para o marido levar para o trabalho. E ele comia refeição fria,
porque sempre, sempre saía de madrugada para as obras.
Atualmente, o seu
Gennaro não está pintando, por causa da visão enfraquecida. Há pouco tempo fez
uma cirurgia e logo, logo voltará a pintar de novo.
Seu Gennaro construiu
cento e sessenta e duas casas no município. E nenhuma teve problemas de
rebaixamento nem de desabamento, porque cuidou de construi-las com boa
estrutura e firmeza. Com responsabilidade.
No final da
entrevista, o seu Gennaro e a dona Ângela confessaram que, tendo construído
tantas casas para os cidadãos de Mirandópolis, residem numa casa que não foi
construída por ele. Mesmo assim, a casa é sólida, bem construída e muito confortável
Seu Gennaro Ordine, o
construtor que passou a vida toda construindo e reformando casas, para
proporcionar conforto e segurança para os cidadãos de Mirandópolis, é gente de
fibra!
Mirandópolis, 2 de maio de 2012.
Mirandópolis, 2 de maio de 2012.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”
Conheço e acompanhei toda a vida do Sr.Genaro Ordine e familia, era um grande fregues da nossa padaria Nossa Senhora Aparecida, quando fomos proprietários de 1971 a 1980. Está de parabens pelo seu trabalho realizado e ainda pelas suas pinturas de arte que faz. Continua e vida longa para o senhor Genaro Ordine. Parabens Kimie pela cronica. Dinho.
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