Veneração
Estou há mais de um mês, pesquisando sobre a vida do nosso
antigo Pároco Padre Epifânio.
E estou deveras encantada com a atenção e a simpatia das pessoas
que andei abordando.
E primeiro lugar devo citar
o nosso atual pároco, Padre Alexandre que me colocou em contato com o Padre
Washington Lair de Lins. De Lins, esse Padre me enviou uma súmula da vida do
Padre Epifânio.
Sua história, o básico da
vida é simples, cita seus pais, nascimento, onde atuou, quanto viveu e quando
morreu.
Mas, acredito que não é só
isso que os moradores de Mirandópolis querem saber. O que realmente interessa é
como viveu, como atuou, como se relacionou com as pessoas. Porque é exatamente isso que, busco quando
conto as histórias das pessoas. O intercâmbio, as relações sociais é que dão
sentido à vida das pessoas, porque ninguém vive só.
Então, fui em busca dessas
histórias, desses detalhes que preencheram sua vida. E fiquei muito honrada com
os contatos. Todos foram muito, mas muito gentis, pacientes e generosos.
E quanto mais informações
conseguia, mais crescia a minha admiração por esse religioso que, muita gente
guarda na memória como um velho rabugento.
Há tantas histórias que
correm de boca em boca, da braveza do homem, da intolerância com relação às
vestimentas das frequentadoras das missas, da busca de perfeição na construção
da igreja.
Todas as histórias são
muito interessantes e revelam o caráter rigoroso desse pastor de Deus. Mas,
vale lembrar que naquela época, décadas de 40, 50 e 60, os costumes eram
outros. Nossa educação era bem rígida, e os pais conduziam com mãos de ferro os
filhos, para não se perderem nos descaminhos da vida. E um religioso moldado
pela Igreja em costumes seculares não poderia ser diferente. E de repente, o
mundo estava mudando. Década de sessenta, liberação de costumes, rock and roll,
cinema, danceterias, liberdade para as mulheres,,, Daí o choque!
E o Padre teve que encarar
tudo isso, peitando de frente.
Não deve ter sido fácil.
Bom, mas conversando com
pessoas moradoras na cidade, algumas têm belas lembranças, outras as têm muito
engraçadas, outras comoventes...
Gostaria de ter tido essa
ideia de escrever sobre o Padre bem antes. Enquanto os amigos que conviveram
com ele, que partilharam de sua amizade estavam vivos. Dona Antiniska, Dr.
Neif, Dona Maria Bruzadin, dona Dolvina e Dr.Alcides Falleiros, dona Maria e
seu Aldo Fredi, dona Maria dos Anjos, seu Eleotério Sanches, Dona Altaíra...
Tantas lembranças perdidas, Esquecidas...
Mas, sempre é tempo, antes
tarde do que nunca como diz o ditado. Vale resgatar a história belíssima desse
padre, que guardamos no coração como duro e rígido. Mas que não viveu em vão. E que foi punido
injustamente.
Estivemos em Santo Antônio
de Aracanguá e no Asilo São Vicente de Paulo em Araçatuba. E em ambos lugares
fomos recebidos com carinho e muita atenção.
Interessante é notar que o
assunto “Padre Epifânio” abriu os caminhos e a abordagem foi simples, fácil e
respeitosa. De repente, estávamos conversando com pessoas que acabáramos de
conhecer, como se fosse numa roda de velhos amigos, de irmãos... O nosso
querido Pároco estabeleceu as ligações e a comunicação foi fácil, agradável e
muito proveitosa.
Nunca pensei que a conversa seria nesse nível.
Acredito que deva ser a bênção do nosso velho vigário.
Descobri que há muitas
histórias que as pessoas gostariam de contar, de passar para outras gerações. E
essa foi a oportunidade, esse é o momento.
Para mim, foi uma alegria
imensa falar com tanta gente, saber de coisas maravilhosas que descobri sobre o
Padre Epifânio. A maioria vou publicar, mas algumas histórias deixarei na conta
de Deus para julgar... Mesmo porque os envolvidos já partiram e devem ter
prestado suas contas ao Altíssimo.
Imagino o que teria sido da
nossa Igreja e dos mirandopolenses, se o Padre tivesse continuado sua obra aqui
até o fim. Porque ele batalhou em Aracanguá como batalhara aqui, e também no
Asilo para onde fora desterrado. Tinha muita energia para gastar ainda. E não obrou em vão.
Mesmo com o gênio difícil,
arredio e intransigente que possuía, o padre Epifânio conseguiu deixar uma
obra que o tornou imortal. E muita gente o chama ainda de rabugento. Mas, seu
nome ficará para sempre nos Anais da História de Mirandópolis.
Daqui a trocentos anos,
alguém perguntará sobre a linda Igreja.
E o nome do Padre Epifânio
virá à tona.
Agora lhe pergunto:
E você? O que deixará para
a posteridade?
Mirandópolis, agosto de
2016.
kimie oku in
Estou com muita ansiedade esperando por essa história. Conheci o vigário, era muito jovrm, mas tive muito respeito por esse homem de Deus. Parabéns Kimie pelo ardoroso trabalho.
ResponderExcluirA história é longa porque segui a sua sugestão, Dinho. Contei tudo que descobri e coloquei muitas fotos. Nem sei se alguém patrocinará a publicação. Terá que ser uma edição especial do Diário, porque vai precisar de um caderno de mais folhas...
ExcluirNossa..... não vejo a hora de ler o que voce já viu e ouviu do Monsenhor......
ResponderExcluirAcho que vai ser um capítulo muito importante da historia de nossa cidade.
Agora respondo a tua pergunta final : estou tentando deixar meu legado de cidadania pra minha cidade natal.
Abraços Kimie.O teu legal não é mensurável. Deus te abençoe. Todos nós agradecemos.
Só essa mensagem já valeu minhas andanças atrás do Padre Epifânio, Regina! Desejo de todo o coração que consiga deixar um belo legado como o fizeram seu pai e sua mãe. E que o Padre nos guie nessa nossa missão e Deus nos abençoe a todos.
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