Cirandando no céu...
Na última sexta feira realizamos o segundo encontro do ano. Era
um dia chuvoso, e parecia impossível ir até a Chácara Prando.
Mas, como sempre acontece, a chuva passou
e abriu um sol lindo abençoando a nossa tarde. Faltaram muitos cirandeiros, por
problemas de saúde e por causa do tempo. Mesmo assim, os que compareceram
aproveitaram a tarde para botar o papo em dia.
O Milton Lima compareceu, mesmo morando na
Ilha solteira. Ele não consegue ficar longe da Ciranda, onde tem tantos
amigos...
Depois de um lanche, melancia e sorvete,
os músicos encheram o espaço com o som maravilhoso de sanfonas e violões. E a cantoria começou. E durou a tarde toda...
E entre os que só conversavam, a
preocupação era a saúde de dona Nair, irmã de dona Fermina, que teve AVC. Dona
Nair sempre foi uma cirandeira alegre, que fazia todos rirem com suas graças,
seus poemas cômicos e suas tiradas engraçadas... Estava no Hospital, lutando
para sobreviver...
As horas passaram com muita cantoria regada a cafezinho de dona Cleusa. Mas, no final, a preocupação voltou e por sugestão do sanfoneiro Gerval fizemos umas orações para a dona Nair, para que Deus aliviasse o sofrimento dela. E também rezamos pela Vera, filha do seu Orlandinho, nosso declamador de poemas. Ela também está muito doente. Aproveitamos a oportunidade e pedimos pro seu Orlandinho declamar seus poemas, porque ele anda muito triste...
E assim, entre poemas, orações e
cantorias, nossa tarde de prazer acabou. Voltamos contentes por termos
proporcionado umas horas de lazer aos amigos.
Entretanto, daí dois dias a nossa querida
Nair partiu. Foi cirandar no céu. A artista do grupo havia deixado a nossa
Ciranda...
E eu desolada, procurei nos álbuns de
fotos as imagens que ficaram... Nair cantando... Nair conversando... Nair
abraçando... Nair rindo... Nair declamando... Nair dançando... só imagens
positivas de quem soube aproveitar as horas passadas na Ciranda com amigos.
Mas, essa mulher de 79 anos tão pequenina,
tão doce e positiva, foi uma batalhadora que, ao se ver abandonada pelo marido
com uma filha criança ainda, teve que pelejar muito para sobreviver e cumprir
seu destino. Por anos e anos trabalhou no Mercado Estrela, onde foi uma funcionária
exemplar, cativando os proprietários com sua dedicação. Um dia me contou que,
era extremamente grata à senhora dona Elsa Franco Terensi e à dona Lucília
Scatena Franco, que a socorreram nos momentos mais difíceis de sua vida. Ambas também
já cumpriram sua missão aqui na terra. Saudosas professoras Elsa Terensi e Lucília
Franco...
Há mais ou menos seis anos, a dona Nair
instada pela irmã Fermina passou a frequentar a Ciranda, onde se realizou cantando,
dançando e falando seus poemas. Era uma mulher muito alegre e todos a queriam
muito bem.
Agora ela partiu...
E deixou saudades.
Mas, acredito que ela não deve estar triste. Deve ter
reencontrado a dona Onofra, a dona Palmira, o seu Jorge Cury, o Toninho do
Pandeiro, a dona Lourdinha Codonho, o seu Walther Sperandio, o seu Aristides
Florindo, a dona Maria Menegatti, o seu Lupércio Salvá, o seu Egídio Vicente...
E deve estar comandando uma Ciranda lá no céu. Deve estar girando a roda da
Ciranda, cirandinha com muito entusiasmo e alegria. E declamando "O guarda chuva".
Enquanto isso, nós aqui na terra vamos cirandando também, em
gratidão à vida que Deus nos concedeu.
Mirandópolis, fevereiro de 2017.
kimie oku in
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