Até que alguém nos
separe!
Outro dia, papeando entre amigos percebemos que a
nossa geração de 60, 70, 80 anos é a que manteve os casamentos indissolúveis,
sem trocar de parceiros.
Ultimamente, as
separações ocorrem diuturnamente, e fica difícil perguntar do parceiro ou da
parceira a amigos que não se vê há um bocado de tempo... Os casais estão trocando os pares logo após o
casamento, mesmo tendo jurado se amarem até que a morte os separasse...
Conheço casamentos que
duraram quatro meses apenas, apesar da cerimônia ter sido uma coisa de sonhos,
com a noiva vivendo o papel de uma princesa que encontrara um príncipe
encantado... Outros casamentos que se dissolveram após trinta anos de vida em
comum também aconteceram...
Antigamente, o
casamento era para sempre. O juramento dizia: “Ser fiel ao outro até que a
morte nos separe!”
Essa jura de amor
perdeu o sentido e deveria ser substituído com ... “Até que alguém nos separe!” Porque é isso
que acontece amiúde.
Com essa onda de
separações, há famílias com filhos de três uniões diferentes e o convívio nunca
é fácil. Principalmente na adolescência. Em nossas famílias ainda prevalecem só
filhos de uma única união. Se bem que isso não garanta a harmonia total.
Acredito que a nossa
geração será para a história da humanidade a última geração de casamentos
únicos. Depois de nós, muitos casais trocaram de parceiros uma ou duas vezes.
Não deve ser nada
fácil acertar os ponteiros com dois, três parceiros diferentes sobre a saúde e
a educação dos filhos. O desentendimento é a tônica nesses diálogos. E os
filhos ficam sendo jogados como bolinhas de pingue pongue, pra lá, pra cá. E
como ficam os seus sentimentos, já que não pediram para nascer?
Vendo novelas
japonesas e coreanas, percebi que essas separações ocorrem também nesses países
onde a educação é mais rígida. E em países de regime totalitário também
ocorrem... E a religião não faz diferença. Católicos, evangélicos, budistas,
muçulmanos, todos têm histórico de dissolução de casamentos...
Quando eu era jovem e
solteira, uma amiga de infância voltou para casa após uns meses de casamento.
Ora, na época não se admitia uma coisa
dessas. O noivo trouxe a moça e devolveu aos pais. Foi um bochicho escandaloso,
mas ninguém soube a razão verdadeira do fato. A moça era educada e boazinha.
Talvez fosse inocente demais, quem sabe? Acho que a família que era de origem
japonesa achou isso o maior desaforo que um genro poderia aprontar. Mas
aconteceu, e isso foi nos anos cinquenta...
Daí pra cá tudo ficou
mais aceitável. E as separações ocorrem muitas vezes na mesma velocidade em que
se casam... Até o divórcio ser aprovado no Brasil, as separações eram mais
raras. Mas, hoje... Além disso, os casamentos formais estão praticamente
extintos. Os jovens dizem “Vamos juntar os trapos” e vão morar juntos, mesmo
sem o consentimento dos pais e demais familiares. Antigamente, o casamento
tinha que ser sacramentado e abençoado pelo Padre e comprovado pelo Juiz de Paz
e testemunhas. E mais importante que
tudo isso era a bênção dos pais e amigos... Os jovens modernos dispensaram tudo
isso.
E as viúvas procuram
parceiros, com quem nem se dão ao trabalho de casar... São os Namoridos, já
aceitos como membros da família.
Como ficou a sociedade
com essa troca troca de pares? Para quem
está vivendo esses dramas é tudo normal e aceitável. Mas, para os avós fica um
pouquinho complicado, porque há netos consanguíneos e outros que não são. Mas,
passam a ser netos desde que se tornem meio irmãos dos verdadeiros netos... E
também há o risco de casamentos entre irmãos consanguíneos, uma vez que há
tantos lares desfeitos e filhos esquecidos no mundo, que não sabem quem são
seus verdadeiros pais.
Conheci um jovem que
estava a fim de descobrir o verdadeiro pai... E juntou um dinheiro para viajar
e encarar a fera... Mas, um amigo lhe disse: “Rapaz, se ele te abandonou quando
nasceu e nunca se deu ao trabalho de vir te conhecer, pra que você quer vê-lo?
Será que ele te acolherá com amor? Ou será uma outra decepção?” E aí, ele desistiu da ideia.
E assim, há tanta
gente neste mundo que foi jogada pelo pai, e vive ao Deus dará. Quando há uma
mãe que assume e cuida, ainda poderá ser salvo. O mais estranho de tudo isso é
que os bichos não jogam suas crias, mas o homem ser racional é capaz disso.
Eu não sei como será o
futuro da humanidade com essa avalanche de filhos de pais diversos... Acredito
que irão ocorrer fatos estranhos, como a
união de irmãos consanguíneos, que os cientistas não recomendam. Gens iguais se
cruzando podem gerar filhos com anomalias ... E isso ninguém quer.
Por enquanto, enquanto
os casais não permanecerem fiéis um ao outro, os padres deverão mudar o
juramento.
“Até que alguém os
separe!”
Mirandópolis,
fevereiro de 2017.
kimie oku in
https://www.facebook.com/H24hrs/videos/366762717051716/
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