Dr. Roberto Yuasa
Era um homem simples, sem
luxo, que não se destacava no meio da multidão. Tão comum que passaria como um
simples trabalhador. Cabelos compridos,
sempre com uma jaqueta velha, andava num Gol cinza, modelo antigo. Nunca era
visto nos points da moda.
Mas,
nos Hospitais e na sua modesta Clínica era presença constante. Além dos
Hospitais daqui, atendia em Valparaíso e em Lavínia. E tanto aqui como lá era
venerado pelos pacientes. Mesmo agora, após quatro anos de sua passagem, sua
memória permanece na lembrança de todos os cidadãos daqui. Sua Clínica que
vivia sempre lotada de clientes só tinha um luxo. Era uma parede forrada de
fotografias de sua família, especialmente do filho de dezoito anos que partira
de repente. Filho em quem depositara todos os sonhos de continuação de sua
missão. Porque o jovem era estudante de Medicina. Depois dessa perda, Dr.
Roberto ficou mais calado, mais arredio, mais triste...
Eu
pessoalmente tinha alguns contatos com ele, porque era filho da minha amiga
Yuasa sama, com quem aprendi muita coisa sobre o Japão e a Língua japonesa.
Dr.
Roberto era clínico geral, e volta e meia eu o procurava para curar meus
achaques. Sempre, sempre atendia a todos com a paciência de Jó. Era um médico
às antigas, tocava na parte física que doía, auscultava o coração, media a
pressão arterial, conferia a garganta e só depois avaliava o que estaria
acontecendo. Pedia para fazer uns exames, mas geralmente o seu diagnóstico
inicial batia. (Os médicos de hoje nem olham o paciente, mal e mal escutam as
queixas e só pedem uma série de exames, que analisam rapidamente no retorno,
receitam alguma coisa e chau! Eles têm pressa para ganhar din din...)
Dr. Roberto não cobrava dos pacientes que não
podiam pagar e, os tratava com a atenção que eles precisavam. Daí a devoção dos
pobrezinhos e da clientela em geral. E sempre, sempre pedia para todos não se esquecerem
de retornar... Mesmo quando ele não tinha mais o convênio médico que me servia,
dizia: Se precisar, volta aqui. Ele era
assim, simples, atencioso e amigo mesmo.
Ele tinha um hobby. Um carro
amarelo, com que ele gostava de circular pela região quando estava de folga.
Todos conheciam o carro e diziam: Lá vem o Dr. Roberto!
Volta e meia eu o encontrava
no mercado e de repente, ele me dirigia a palavra: Como vai? Tudo bem?
Uma vez, comentando sobre as mortes que estavam ocorrendo em profusão,
ele disse: “Ninguém é indispensável neste mundo, a não ser as pessoas que
amamos”
Dr. Roberto serviu a
comunidade durante toda a sua vida adulta. Só parou porque Deus o levou para
descansar.
Doutor Roberto, um médico a
serviço da humanidade.
Mirandópolis, fevereiro de 2022.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário