Quem seriam?
Acho que todos os meus amigos devem ter no
fundo de uma gaveta, umas fotografias antigas de gente que conviveu com seus
pais ou avós... De gente que nunca conheceram...
Eu também tenho umas fotos lindíssimas do
século passado, dos primeiros imigrantes japoneses que não tenho coragem de
descartar, porque parecem pessoas vivas... São fotos caprichadas preservadas em
capas especiais, com o timbre da loja que as fotografou. Fotos das décadas de
1920 e 1930.
Algumas têm até dedicatórias tão caprichadas
para o meu pai, datadas de 1925... Por onde andarão seus descendentes? Que foi
feito de seus familiares? Será que há alguém dessas famílias convivendo entre nós?
E que ligação havia com meu pai, além de uma boa amizade? Trabalharam juntos?
Ou se conheceram por outras circunstâncias? Foram profissionais ligados à área
da saúde? Papai trabalhou com o médico Dayan nessa época... Então penso em
médicos e farmacêuticos... Só por Deus.
Cada foto guarda na imagem, uma época, uma
história, uma vida, que só os próximos testemunharam. Os chapéus, os óculos, os
trajes são de outro tempo, mas são bem elegantes e bonitos. Como as famílias
moravam distante umas das outras, e não havia meios de comunicação como
telefones e meios de locomoção, os contatos se perderam... Naqueles tempos
ninguém tinha carros, alguns raros remediados possuíam caminhões, que eram
usados para transportar a produção agrícola para a cidade...
Sempre que vejo essas fotos, fico me
perguntando por quê nunca perguntamos aos nossos pais sobre esses amigos? Quem
eram? Onde moravam? Como se conheceram? Nomes, nível de amizade, relação de
trabalho... Talvez ele tenha nos contando, mas acho que não demos
importância... E assim suas histórias se perderam nas brumas de um passado
distante...
Mas, acredito firmemente que seus
descendentes estejam por aí, pelejando pela vida, exercendo alguma função
importante na sociedade e, cuidando de seus familiares, assim como nós.
Assim também creio que os descendentes de Dr.
Dayan devem estar em algum lugar, levando uma vida tranquila como nós...
E apenas como um simples arquivo, resolvi
publicar essas fotos, para a posteridade. Quem sabe, alguém se manifeste e
revele alguma ligação.
E para maior segurança, vou doá-las para Ana
Caldatto, Colecionadora de Emoções, que está organizando um belo Museu aqui na
cidade.
Assim serão preservadas.
Para sempre.
Mirandópolis, fevereiro de 2022.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com
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