Onde foram parar?
(indagações de uma saudosista )
Com o advento dos tempos modernos, muitas
profissões entraram em extinção, outras tiveram que se adaptar, para não
desaparecer.
Entre
aquelas que só ficaram nos dicionários, enciclopédias e livros de história,
está a do acendedor de lampiões e o condutor de bondes, chamado de
motorneiro.
Outra profissão quase extinta é a dos ferreiros, tão presentes nos filmes de
faroeste, colocando ferradura nos cavalos. Os fabricantes de chapéu que hoje só
sobrevivem devido à moda “country”. No Império todo senhor elegante usava
bengala e chapéu. Vemos em pinturas do século XIX, escravos recém-libertos, de
pé no chão, mas com chapéu na cabeça. Quanto à bengala, hoje não é sinônimo de
elegância e sim de segurança para os idosos, andarem em calçadas
esburacadas.
Sem
entrar no mérito de que as mudanças foram para melhor, ou pior, ou se a
tecnologia trouxe mais facilidade à vida, indagamos:
Onde
foram parar os relojoeiros que consertavam os relógios de corda? Hoje os
digitais, quase sempre “made in China”, são descartáveis, como tudo na
sociedade atual. Onde foram parar os relógios parados?
E os
sapateiros que colocavam meia sola? Atualmente ninguém conserta nada, estragou
joga-se fora! Isso sem falar da epidemia de calçados plásticos que fazem os pés
transpirarem muito com o calor.
E os engraxates que percorriam a cidade com
sua caixa de apetrechos, dizendo: “Vai graxa ai, seu moço”?
Os barbeiros que ainda resistem são
uma minoria, a barba é feita em casa. Onde foi parar a Água Velva? A
Brilhantina Glostora? Em que gaveta ficaram as gilletes? Os pentes Flamengo, as
navalhas Filarmôrnica? E as maquininhas manuais Juwell, que raspavam a zero os
cabelos dos moleques?
A costureira da família que caprichava na
confecção de roupas, hoje substituídas pelas peças prêt-a-porter dos magazines,
um descalabro do lado de dentro. Que saudades das roupas feitas pela costureira
Harumi Kataoka, de Lavínia, cujo avesso era uma perfeição. Em épocas de festas,
como em casamentos, era preciso agendar com muita antecedência, pois o esmero
que tinha com sua costura necessitava de tempo. Ah, além disso, ela jamais
mostrava a roupa de uma cliente para outra, era segredo profissional o modelo
escolhido.
Onde foram parar os leiteiros que distribuíam leite de porta em porta?
E os amoladores de faca, que com uma
geringonça, formada por uma roda de bicicleta, um pedal e uma pedra de amolar,
restituíam o corte das velhas facas de cozinha?
Os
latoeiros que passavam por nossas casas, colocando cabos em panelas e asas em
canecas?
Onde foram parar os tintureiros que, passavam com capricho os ternos de linho?
E os telegrafistas da estrada de ferro?
Os consertadores de canetas tinteiro Parker 51 ou 61? Alguns sobrevivem em pequenas lojas, com nomes pomposos, como “Boutique das Canetas”.
Os especialistas em máquinas de escrever? Onde foram parar as velhas máquinas das escolas de datilografia, das repartições públicas e das redações dos jornais? O computador silencioso jamais substituirá o barulhinho aconchegante das máquinas Remington, Olivetti, etc. Elas devem estar em depósitos, junto aos mimeógrafos Facit, cheirando a álcool, as copiadoras, esperando a chegada do fax.
Onde foram parar os tintureiros que, passavam com capricho os ternos de linho?
E os telegrafistas da estrada de ferro?
Os consertadores de canetas tinteiro Parker 51 ou 61? Alguns sobrevivem em pequenas lojas, com nomes pomposos, como “Boutique das Canetas”.
Os especialistas em máquinas de escrever? Onde foram parar as velhas máquinas das escolas de datilografia, das repartições públicas e das redações dos jornais? O computador silencioso jamais substituirá o barulhinho aconchegante das máquinas Remington, Olivetti, etc. Elas devem estar em depósitos, junto aos mimeógrafos Facit, cheirando a álcool, as copiadoras, esperando a chegada do fax.
Quem sabe hoje consertar um videocassete ou um
toca-discos 3 em 1? Um videogame Atari, um projetor de slides ou um walkman?
Onde achar filmes para minha velha máquina
fotográfica?
Minha impressora com um ano de uso deu
problema. O técnico me disse que ficava mais barato comprar uma nova do que
consertá-la.
Daí vem a questão, onde descartar esse lixo
tecnológico que aumenta a cada dia?
Onde foram parar os bancários elegantes?
Teriam sido engolidos pela mecanização dos bancos?
E as
professoras com perfume francês e salto Luiz XV? Seriam as mesmas, hoje com
jeans e tênis barato para não serem roubadas?
E as telefonistas simpáticas, que sabiam o número de todos os moradores da cidade?
Será que foram para os chatos Call Centers?
Onde
foram parar as cozinheiras que ficavam horas, preparando a comida no fogão a
lenha? Hoje é tudo instantâneo, a comida é fast food, congelada. A pizza é
entregue em casa em poucos minutos. A praticidade acabou gerando um grande
número de obesos...
Mas
não foram apenas as profissões que desapareceram, o respeito ao ser humano
também. O caráter, a lisura dos profissionais. Hoje parece que não temos em
quem confiar.
As
notícias de jornais, diariamente, citam pessoas envolvidas com corrupção.
Pessoas que deveriam servir de exemplo para a sociedade. E os nossos jovens em
quem eles se espelham? Infelizmente parece que não tem tido bons
exemplos.
O
desrespeito com os idosos é gritante, um jovem não se levanta de modo algum,
para ceder o lugar para uma pessoa mais velha. Parece que não aprenderam a
dizer “Obrigado”, “Bom dia”, “Com licença”, palavrinhas que os pais de
antigamente não se esqueciam de ensinar.
Hoje
os pais parecem mais preocupados com sua carreira profissional.
Onde
iremos parar?
Maria Nívea Pinto
Transformações pontuais e cada vez mais velozes nos usos e costumes da sociedade em nome da tecnologia, do crescimento e do futuro; transformações pontuais e significativas no comportamento humano e nas relações sociais.
ResponderExcluirMaria Nívea Pinto nesta breve e singela crônica coloca isso de forma direta provocando os leitores a refletir profundamente.
Parabéns Maria Nívea Pinto.
Abçs,
Lupércio Ailton