Para onde vai a nossa alma?
Ultimamente, por ter perdido muitos amigos,
tenho pensado constantemente na morte.
Uma
pessoa está caminhando hoje, e amanhã acontece o seu velório. Inconcebível, mas
isso está ocorrendo amiúde, de forma assustadora. Percebo que a minha geração está todinha de
partida, e acho então que, também tenho de ficar de malas prontas, para essa
viagem sem volta.
O
susto que toma de assalto a todos nós, quando noticiam as partidas inesperadas
de amigos, talvez tenha a ver com a nossa pouca fé, falta de religiosidade,
descrença, despreocupação espiritual, ou mesmo com a falta de Deus em nossas
vidas. Talvez estejamos tão preocupados em viver, que esquecemos que no fim da
ladeira, o fim nos aguarda.
E
de repente, com as mortes súbitas e inesperadas de pessoas queridas, a gente
acaba pensando sem querer na visita não desejada. Todo mundo sabe que vai
morrer um dia. E por mais que seja dura e difícil esta vida, ninguém quer
partir. Porque viver é uma grande aventura. E o que torna isso instigante, é
justamente a incerteza da duração de nossas vidas. Pode até haver uma
programação no plano divino, mas nós mortais a desconhecemos.
Pela
lógica, os mais idosos deveriam partir primeiro, mas não é assim. Todo dia, a
gente presencia mães enterrando seus filhos, crianças que não viveram direito,
e até bebês, que nem descobriram prá que vieram ao mundo.
E
constatamos quantas pessoas saudáveis têm a vida interrompida, enquanto há
tantos doentes agonizando em leitos de hospitais, ou em casa mesmo.
São
mistérios de Deus, que ninguém explica. Shukumei?
Predestinação? Carma? Missão? Fado? Vaticínio? Quem sabe?
Os religiosos de diversas seitas se retiraram do mundo social e se isolaram em monastérios, em templos inacessíveis para os mortais comuns, e passaram a vida toda meditando sobre o significado da vida e da morte, e não chegaram a uma conclusão definitiva. Tanto é que não há nada para servir de lição, para os demais seres como nós, que explique o real significado da vida e da morte.
Acredito piamente que a vida é para ser vivida. Não é para interrompê-la, por temor das dificuldades impostas a cada um, no dia a dia. Não é para renegar a vida e se isolar no oco de uma floresta ou montanha, pra fazer meditação. Acho que a vida é um bem precioso demais, para ser renegado. Porque se vive apenas uma vez.
Por mais que se fale em reencarnações, não se tem notícia de uma pessoa que tenha vivido duas vezes. E por mais que tenha fé, é muito difícil imaginar-se voltando a esse mundo, para viver de novo. Quem dera tivéssemos a chance de voltar e, corrigir tudo que fizemos errado. Mas se tivéssemos essa oportunidade, faríamos tudo errado, pois teríamos como corrigir depois. E é por isso que viver é apenas uma vez.
Mas, o que me deixa totalmente confusa é quando penso na alma. Para onde vai a alma, o espírito, a essência da vida, quando deixa o corpo? O corpo a gente vê, toca, e lhe dá um destino, como convém a uma matéria sem vida. Mas para onde vai o lampejo de vida que saiu daquele corpo? Apaga-se? Evapora-se? Ou transmuda-se?
Os religiosos de diversas seitas se retiraram do mundo social e se isolaram em monastérios, em templos inacessíveis para os mortais comuns, e passaram a vida toda meditando sobre o significado da vida e da morte, e não chegaram a uma conclusão definitiva. Tanto é que não há nada para servir de lição, para os demais seres como nós, que explique o real significado da vida e da morte.
Acredito piamente que a vida é para ser vivida. Não é para interrompê-la, por temor das dificuldades impostas a cada um, no dia a dia. Não é para renegar a vida e se isolar no oco de uma floresta ou montanha, pra fazer meditação. Acho que a vida é um bem precioso demais, para ser renegado. Porque se vive apenas uma vez.
Por mais que se fale em reencarnações, não se tem notícia de uma pessoa que tenha vivido duas vezes. E por mais que tenha fé, é muito difícil imaginar-se voltando a esse mundo, para viver de novo. Quem dera tivéssemos a chance de voltar e, corrigir tudo que fizemos errado. Mas se tivéssemos essa oportunidade, faríamos tudo errado, pois teríamos como corrigir depois. E é por isso que viver é apenas uma vez.
Mas, o que me deixa totalmente confusa é quando penso na alma. Para onde vai a alma, o espírito, a essência da vida, quando deixa o corpo? O corpo a gente vê, toca, e lhe dá um destino, como convém a uma matéria sem vida. Mas para onde vai o lampejo de vida que saiu daquele corpo? Apaga-se? Evapora-se? Ou transmuda-se?
Será que se
transforma em vento, como diz uma bela canção? Será que se transforma em nuvem?
Será que se transforma em luz? Será que se transforma em pássaros? Será que se
transforma em estrelas? Será que vira água? Ou
se transmuda em pedras, em grãos de areia? Ou vira pó também, assim como
o corpo?
Se minha alma puder
morar no vento, gostaria de ser a fresca brisa matutina...
Se minha alma for
habitar uma nuvem, gostaria de ser a
nuvem gorda e cheia de água, que regue
as plantações e encha os regatos...
Se for para me
transformar em luz, quero ser a claridade suave das noites de luar...
Se tiver que ser
pássaro, queria ser um pequenino beija-flor, bailando sobre as flores...
Se tiver que ser
estrela, que eu seja aquela que aparece logo ao entardecer, mostrando a beleza
que existe no céu...
Se tiver que ser água, que seja da fonte
pequenina que brota entre os seixos, e sacie a sede dos animais, dos vegetais e
dos humanos...
Se tiver que ser
pedra, que eu seja aquela que caiu da montanha, e vem ao longo dos séculos
rolando de lá prá cá, para seguir os caminhos incertos da vida... e servir um
dia como esteio de alguma construção, para proteger o homem das intempéries.
De repente, veio à lembrança a história de uma escrava dos tempos do Império, que ajudou a coletar ouro nas minas para construir a Igreja do Rosário, ou a Igreja dos negros escravos. Ela está enterrada no átrio da majestosa igreja e seu nome está gravado na pedra. Contam os cicerones que, ela pedira para ali ser enterrada, para que todos que lá forem orar, ou mesmo conhecer a igreja, passem sobre os seus restos mortais. Foi o seu último desejo, e ficou eternizada no folclore das igrejas de Minas Gerais.
E se tiver que ser pó?
Que seja a terra boa de um jardim, onde floresçam belas flores.... Ou a terra macia dos playgrounds, onde crianças gostam de rolar e brincar...
De repente, veio à lembrança a história de uma escrava dos tempos do Império, que ajudou a coletar ouro nas minas para construir a Igreja do Rosário, ou a Igreja dos negros escravos. Ela está enterrada no átrio da majestosa igreja e seu nome está gravado na pedra. Contam os cicerones que, ela pedira para ali ser enterrada, para que todos que lá forem orar, ou mesmo conhecer a igreja, passem sobre os seus restos mortais. Foi o seu último desejo, e ficou eternizada no folclore das igrejas de Minas Gerais.
E se tiver que ser pó?
Que seja a terra boa de um jardim, onde floresçam belas flores.... Ou a terra macia dos playgrounds, onde crianças gostam de rolar e brincar...
Por mais que me
concentre nesse meditar sobre a alma, não consigo atinar com seu destino,
quando ela deixa um corpo. Talvez seja falta de fé. Talvez seja completa
ignorância dos mistérios divinos. Sei apenas que não acredito no fim da alma.
Ela não se evapora simplesmente, porque na verdade, é a parte mais importante
de um humano, é a sua essência.
Mirandópolis, 23 de
junho de 2012.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com"
Kimie, bela crônica!
ResponderExcluirE eu pergunto:
De onde veio a sua alma?
Você não acredita no fim dela; por acaso seria uma queda para acreditar na reencarnação?
Beijos.
Ulisses, na verdade, quero acreditar, mas como sou apenas humana, é difícil acreditar em reencarnações. Por outro lado, é muito desolador pensar no fim de tudo. Para onde vão os sentimentos, as ideias, as emoções, as saudades, o bem querer? Essas coisas não podem ser aprisionadas num simples corpo e se evaporarem, como se fossem uma fumaça. Então, para onde vão? E também não sei dizer de onde veio a alma. Você poderia me dizer?
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