Cocaína, dinheiro e celulares
O que move o mundo hoje?
Ouvindo o noticiário diariamente, concluí
que o trabalho, a dedicação, a competição para realizar bem as tarefas saíram de
moda.
Antigamente, para conseguir uma vaga num bom trabalho, havia
quesitos importantes, que hoje estão totalmente esquecidos. Era fundamental ter
além dos conhecimentos da área em que se queria atuar, ser honesto, dedicado ao
extremo e saber lidar com as dificuldades próprias da atividade. E não havia
treinamentos, não! A gente saía verdinha da Escola Normal (hoje Magistério),
sem saber como lidar com as quarenta crianças que enchiam as salas de aula,
chucrinhas da silva, porque nunca haviam pegado num lápis em suas vidas... Sim,
era escola lá nos cafundós, onde Judas perdeu as botas, no meio de pastagem
onde berravam cabritos o dia inteiro... Mas, eram crianças inocentes, que
estavam lá para aprender e a gente, inocente também estava lá, para aprender
com elas como alfabetizar...
O tempo passou, tudo mudou, as escolas rurais foram extintas
para alívio dos professores iniciantes, que nunca terão que comer poeira de
estrada, pegar caronas de caminhões boiadeiros, de viajar com caminhão leiteiro
de madrugadinha, de atolar em lamas com o carrinho encalhado no buraco... Eita!
Foi dureza de verdade!
Hoje os alunos viajam de ônibus para a cidade, acelerando assim
o processo de desocupação da área rural, que não é uma boa medida. Ninguém quer
mais ficar no campo, ninguém mais quer plantar em nosso país que é agrícola
pela extensão de suas terras, Já disseram que o Brasil seria o “Celeiro do
Mundo”, mas o próprio governo está andando na contramão, ensinando o caminho da
cidade para os filhos dos camponeses. E estes saem do sítio onde moram, para
vir comprar um pé de alface no mercado. Mundo de pernas pro ar!
Meu marido e eu estamos fazendo o contrário, assim como muitos de meus amigos. Moramos na cidade e,
vamos ao campo plantar verduras e legumes. E não há nada mais prazeroso que
consumir o que você produziu. Só que infelizmente percebemos que, as pessoas
que moram nos sítios e fazendas perderam o hábito de cavoucar a terra, e
plantar uma batata doce, uma cebolinha, uma árvore frutífera. Mesmo lá, as
donas de casa ficam o tempo todo grudadas em computadores, alucinadas com os
joguinhos ou papeando nas redes sociais... Não têm tempo para cebolinhas...
O estrago que a Internet causou às famílias não dá para se
medir. Lares desfeitos, filhos fissurados em jogos, que não estudam, que não
saem de casa, que nem se alimentam, que não se importam com nada mais....
Perderam a noção do limite. Tudo que é demais faz mal. É que os jovens e até
adultos de hoje esqueceram o hábito da disciplina. Limitar o tempo para
diversões, para os estudos, para as caminhadas, para tudo é fundamental. Assim
também é com o trabalho. Se um cidadão se empenha o tempo todo
ininterruptamente no trabalho, vai ficar saturado e com certeza irá surtar. Disciplina
é a pedra de toque. Porém, muita gente nem sabe o que é isso.
E assim acontece com o celulares. As pessoas falam andando nas
ruas, dirigindo carros, que é um perigo para todos, nos ônibus, nos metrôs, nos
hospitais incomodando os que estão por perto, durante as refeições... Perderam
o limite e o senso de educação. Porque é muito feio e deselegante, falar ao
celular à mesa durante refeições, e diante de amigos que estão de visita... Celulares
podem ser recursos práticos em momentos difíceis, mas não deixam de ser um
grande incômodo.
E falando em celulares, percebi que o mundo está sendo movido
hoje por essa maquininha louca, por money e por cocaína.
Senão, vejamos os
noticiários de todos os dias. Tudo que aparece na mídia gira em torno disso:
roubos de celulares, estouro de caixas eletrônicos em busca de dinheiro e
transporte de cocaína... Não adianta ter celulares modernos, superequipados,
que só atraem os ladrõezinhos de rua, que passam como faíscas em seus skates,
afanando essas coisas caras... prá venderem por qualquer dez reais... E os
assaltos são todos combinados através de celulares...
O estouro de caixas eletrônicos acontece diariamente, e acho que
já faz parte da rotina dos Distritos Policiais atenderem ocorrências desse
tipo. O dinheiro está lá, fácil, basta estourar o equipamento... Se conseguirem
pegar uma boa grana na primeira vez, nunca mais irão se dar ao trabalho de
procurar um emprego, e o caminho será esse para sempre, até serem pegos e
encarcerados... E as cadeias estão lotadas de gente assim, que prefere viver à
margem e arriscando a vida sempre.
E a cocaína? Que lugar ocupa no noticiário de hoje?
Ela é responsável por mais da metade das ocorrências policiais,
pois os Cartéis dessa droga se alastraram pelo mundo, e tudo que é ilegal, que
envolve crimes está ligado direta ou indiretamente a ela. Senhoras idosas
traficando isso, mulheres e crianças se tornando mulas fazendo o jogo dos
maridos e pais presos... Que mundo cão! Crianças que ficam por conta de Casas
de Abrigo, pela prisão dos pais que traficam essa porcaria. Muito, muito
triste.
Tudo começou com o Cartel de Medelin, na Colômbia, onde os
Irmãos Ochoa Vazquez juntamente com Pablo Escobar ganharam fortunas, enviando a
droga para os grandes centros consumidores do mundo. Houve uma reação
organizada pelos governos dos países lesados, e o Cartel foi estourado.
Entretanto, outros cartéis surgiram como o de Cali, e o México passou a ser a
nova rota para o mundo. E hoje, não há um país sequer que esteja livre desse
comércio. E o que é estarrecedor é ter a informação no Google que, o Cartel de
Medelin não morreu, que está disfarçado vendendo as mesmas porcarias, de forma
legalizada, lícita com a fachada de Herbalife! E Herbalife é uma marca
respeitada nos meios comerciais!
Concluindo essa triste análise, entendo porque nós gostamos
tanto de olhar para trás e, curtir os tempos inocentes que vivemos na roça,
colhendo milho, arroz, feijão, café, verduras e, criando galinhas e porcos. Olhamos
o passado como se tivéssemos saído de um paraíso, onde tudo era puro e
gratificante, mesmo trabalhando duramente e ensopando as camisas com o suor do corpo
cansado.
Viver no mundo de hoje se tornou inseguro e perigoso demais!
Mirandópolis, setembro de 2014.
kimie oku in
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