quarta-feira, 5 de novembro de 2014



                                Doença na família
   Ultimamente tenho reparado como as pessoas sofrem com a doença de entes queridos. E não existe família sem um parente em situação difícil de saúde. Todas as famílias sofrem com um doente próximo ou mais distante.
     Enquanto todos estão com saúde, a vida transcorre   sem atropelos, cada membro cuidando das obrigações e a vida familiar vai de vento em popa. Mas, quando um deles cai doente, tudo vira de pernas pro ar. E o complicado é que ninguém pode prever qual membro será atingido.
 Na maioria das vezes são os mais idosos que, de repente começam a passar mal, e precisam de cuidados mil. Os mais idosos adoecerem primeiro é natural e aceitável. Mas, às vezes, crianças pequeninas, que nem começaram a viver direito, são acometidas de doenças incuráveis... Ou jovens que estavam se preparando para vestibulares, ou começariam a trabalhar têm a vida interrompida, e ficam acamados até o derradeiro momento. É muito doloroso e não há consolo para isso.
Ultimamente, tenho reparado que isso acontece amiúde. Talvez eu não tenha percebido antes porque tudo ocorria normalmente, com todos os parentes pelejando pela vida. Mas, aí eu também fui atropelada com um membro doente e há mais de ano, que a doença não liberta essa pessoa querida, que era cheia de vida e que caminhava a passos largos, para a realização de seus objetivos. E não dá para se revoltar, porque acredito que já estava predestinada a isso, porque ela viveu correndo até agora, como se o tempo estivesse se esgotando, e não houvesse tempo suficiente para dar conta de seus anseios.
Quando a enfermidade atinge alguém, a família vive um drama. Muitas vezes sem recursos, fica à mercê de Serviços Públicos, que são morosos ao extremo e a atendimento deixa muito a desejar. Mesmo tendo recursos, a agenda dos demais membros fica totalmente confusa, porque é preciso conciliar os cuidados, as visitas aos médicos, os exames periódicos e a administração de medicamentos e alimentação adequada.
Hoje existem os “home care”, que cuidam dos pacientes em casa, com assistência médica subvencionada pelos Convênios de Saúde. Fornecem cuidadores habilitados, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros e  médicos com visitas periódicas... A casa do paciente se transforma em extensão de um hospital, com toda a aparelhagem necessária, para ajudar na recuperação da saúde.
Mas, nem todos conseguem essa assistência especial, porque o SUS só a disponibiliza através de recursos judiciais. É certo que é um serviço caro, que exige profissionais habilitados e espaço para o paciente, e seus cuidadores durante as vinte e quatro diárias. Mas, seria muito bom se todos os pacientes tivessem esse conforto, para um tratamento adequado em casa, que é onde todos preferem ficar. E onde a recuperação é mais rápida.
Há uns anos atrás, um Hospital tentou se descartar de uma doente em fase terminal, alegando que lá não havia mais nada a oferecer. Ora, se uma Instituição de Saúde não tem nada, imagine a casa da gente, onde todos são leigos e não sabem cuidar de pessoas muito doentes. Nessa fase, ela precisava de soro, sangue, oxigênio, alimentador e dreno... aspiração e de injeções que só poderiam ser administradas num Hospital, para aliviar a dor... E não dispúnhamos de home care aqui no interior. E eu contestei os médicos e a Enfermeira-Chefe, explicando que não havia condições de oferecer o mínimo de conforto, para essa pessoa em casa. E por estar com as caríssimas mensalidades em dia, comuniquei que eu iria recorrer. Queria poupar o sofrimento nos últimos momentos de sua vida. Então, o Hospital decidiu conservá-la até o final, o que aconteceu três dias depois... E durante todo esse tempo, não descuidaram dela. Se eu tivesse concordado, teria tornado muito mais sofridas as horas derradeiras...
Os Hospitais fazem de tudo para desovar seus doentes, dizendo que é melhor levá-los para casa. Quando é doente recuperável, concordo plenamente, pois o ar de casa é mais puro que de lá, onde infestam bactérias e vírus em profusão... Mas, quando se trata de pessoas em fase terminal, os familiares não têm condições de lhes oferecer os cuidados adequados. E eu acho que os Convênios de Saúde têm que assumir, pois são onerosos e não perdoam um atraso. E a vida humana é muito preciosa, pois a pessoa vive apenas uma vez...
Um dia, você poderá ficar doente.
Profissional de Saúde, pense nisso!

Mirandópolis, setembro de 2014.



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