Doença na
família
Ultimamente
tenho reparado como as pessoas sofrem com a doença de entes queridos. E não
existe família sem um parente em situação difícil de saúde. Todas as famílias
sofrem com um doente próximo ou mais distante.
Enquanto todos estão com saúde, a vida
transcorre sem atropelos, cada membro cuidando das
obrigações e a vida familiar vai de vento em popa. Mas, quando um deles cai
doente, tudo vira de pernas pro ar. E o complicado é que ninguém pode prever
qual membro será atingido.
Na maioria das vezes são
os mais idosos que, de repente começam a passar mal, e precisam de cuidados
mil. Os mais idosos adoecerem primeiro é natural e aceitável. Mas, às vezes,
crianças pequeninas, que nem começaram a viver direito, são acometidas de
doenças incuráveis... Ou jovens que estavam se preparando para vestibulares, ou
começariam a trabalhar têm a vida interrompida, e ficam acamados até o
derradeiro momento. É muito doloroso e não há consolo para isso.
Ultimamente, tenho reparado que isso acontece amiúde. Talvez eu
não tenha percebido antes porque tudo ocorria normalmente, com todos os
parentes pelejando pela vida. Mas, aí eu também fui atropelada com um membro
doente e há mais de ano, que a doença não liberta essa pessoa querida, que era
cheia de vida e que caminhava a passos largos, para a realização de seus
objetivos. E não dá para se revoltar, porque acredito que já estava
predestinada a isso, porque ela viveu correndo até agora, como se o tempo
estivesse se esgotando, e não houvesse tempo suficiente para dar conta de seus
anseios.
Quando a enfermidade atinge alguém, a família vive um drama.
Muitas vezes sem recursos, fica à mercê de Serviços Públicos, que são morosos
ao extremo e a atendimento deixa muito a desejar. Mesmo tendo recursos, a agenda
dos demais membros fica totalmente confusa, porque é preciso conciliar os
cuidados, as visitas aos médicos, os exames periódicos e a administração de
medicamentos e alimentação adequada.
Hoje existem os “home care”, que cuidam dos pacientes em casa,
com assistência médica subvencionada pelos Convênios de Saúde. Fornecem
cuidadores habilitados, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros e médicos com visitas periódicas... A casa do
paciente se transforma em extensão de um hospital, com toda a aparelhagem
necessária, para ajudar na recuperação da saúde.
Mas, nem todos conseguem essa assistência especial, porque o SUS
só a disponibiliza através de recursos judiciais. É certo que é um serviço
caro, que exige profissionais habilitados e espaço para o paciente, e seus
cuidadores durante as vinte e quatro diárias. Mas, seria muito bom se todos os
pacientes tivessem esse conforto, para um tratamento adequado em casa, que é
onde todos preferem ficar. E onde a recuperação é mais rápida.
Há uns anos atrás, um Hospital tentou se descartar de uma doente
em fase terminal, alegando que lá não havia mais nada a oferecer. Ora, se uma
Instituição de Saúde não tem nada, imagine a casa da gente, onde todos são
leigos e não sabem cuidar de pessoas muito doentes. Nessa fase, ela precisava
de soro, sangue, oxigênio, alimentador e dreno... aspiração e de injeções que
só poderiam ser administradas num Hospital, para aliviar a dor... E não
dispúnhamos de home care aqui no interior. E eu contestei os médicos e a
Enfermeira-Chefe, explicando que não havia condições de oferecer o mínimo de
conforto, para essa pessoa em casa. E por estar com as caríssimas mensalidades
em dia, comuniquei que eu iria recorrer. Queria poupar o sofrimento nos últimos
momentos de sua vida. Então, o Hospital decidiu conservá-la até o final, o que
aconteceu três dias depois... E durante todo esse tempo, não descuidaram dela.
Se eu tivesse concordado, teria tornado muito mais sofridas as horas
derradeiras...
Os Hospitais fazem de tudo para desovar seus doentes, dizendo
que é melhor levá-los para casa. Quando é doente recuperável, concordo
plenamente, pois o ar de casa é mais puro que de lá, onde infestam bactérias e
vírus em profusão... Mas, quando se trata de pessoas em fase terminal, os
familiares não têm condições de lhes oferecer os cuidados adequados. E eu acho
que os Convênios de Saúde têm que assumir, pois são onerosos e não perdoam um
atraso. E a vida humana é muito preciosa, pois a pessoa vive apenas uma vez...
Um dia, você poderá ficar doente.
Profissional de Saúde, pense nisso!
Mirandópolis, setembro de 2014.
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