4. História de Mirandópolis
Relato de Elídio
Ramires
CAPÍTULO IV – Com a força de seu povo a cidade se
reconstrói
Felizmente, tudo passou e a cidade continuou
progredindo. Além do Bradesco, outros Bancos já haviam se instalado, como o
Banco América do Sul, Banco Noroeste e o Banco Bandeirantes. O comércio se
desenvolvia com lojas mais modernas como o Bazar Kosmos, a Casa Ombo e a Casa
Motomia, onde se encontravam os produtos mais variáveis. Surgiram também novas alfaiatarias,
posto que na época, não se encontrava ternos prontos. Era necessário fazer sob
medida, e a preferência era por ternos de linho e de casemira tropical.
O fato mais importante, no final da década de 40, entretanto foi a primeira eleição para prefeito
e vereadores do município em 1947.
Com a destituição de Getúlio em 1945, e a
elaboração da Constituição de 1946 pelo Congresso eleito democraticamente, chegou
a vez da eleição dos governadores do Estado, prefeitos e vereadores, o que
ocorreu no ano seguinte.
O primeiro
Prefeito eleito no município, após a volta da democracia, foi Delmiro Luiz
Rigolon, juntamente com a Câmara Municipal composta de 13 vereadores, entre os
quais o meu irmão José, que foi reeleito para um segundo mandato em 1951 e em
1954 foi eleito pelos seus pares vice-presidente da Casa.
No final da
década, ou seja, em 1949, o único acontecimento relevante que me lembro, posto
que participei da reunião de sua criação,foi a fundação do Clube Atlético
Mirandópolis , entidade sócio-esportiva, que funcionou inicialmente junto à
Praça Manoel Alves Athaíde, posteriormente transferida para a Rua Floresta, em prédio de
dois pavimentos, exclusivamente construído
para esse fim, por Antonio
Ferreira dos Santos e alugado para a entidade. O CAM contou também, de início,
com um campo de futebol próprio, chegando a formar um esquadrão de jogadores
profissionais, para disputar campeonatos regionais. Acumulando dívidas em razão
do ousado voo, foi obrigado a vender o estádio para a Prefeitura, mantendo a
partir de então, somente com a parte
social semi-esportiva com a construção , mais tarde, da sede atual, em campanha
encabeçada pelo então gerente do Banco Brasileiro de Descontos, Widelson de
Faria Lacerda.
A fase de maior progresso
Acredito,
todavia, que a fase mais expressiva do progresso de Mirandópolis ocorreu na
década de 1950. Foi nessa década que aconteceram na cidade os fatos mais relevantes,
como a inauguração da construção da
sede sócio-esportiva do CAM, da inauguração finalmente, da Igreja- Matriz,
após quatro de construção, e onde passou
a ser incrementada anualmente, em setembro, nos sábados e domingos daquele mês,
a animada Festa da Primavera, que já vinha sendo realizada sob a direção do
Padre Epifânio Ibanez,com a realização
de leilões em barracas montadas para
esse fim, com venda de bebidas, de prendas oferecidas pelas famílias católicas da cidade, escaladas pelo próprio sacerdote,
em Programa impresso distribuído com antecedência à população.
Nessa festas, a diversão dos jovens era circular em
volta das barracas, “paquerando” e mandando “correio elegante”, às pretensas
namoradas e namorados, ou oferecendo músicas através do serviço de alto–falantes,
aos seus pretendidos. Era também a oportunidade
de mandar bilhetes com propostas safadas para garotas namoradeiras, para um encontro a sós nos
cantinhos escuros atrás da igreja.
Enfim, resumindo, e sem entrar em maiores detalhes,
vamos relacionar, sem uma certeza abrangente, os acontecimentos relevantes
ocorridos na década de 50, destacando, sobretudo, a chegada em 1951, da energia
elétrica provinda de usina construída com aproveitamento de queda d’agua do
Salto de Itapura pelo industrial Eloy Chaves, substituída poucos anos depois
pela energia fornecida Cia. Paulista de Força e Luz, que estava parada em
Aguapeí, e que por razões desconhecidas não se interessou em avançar até
Mirandópolis e outras cidades à frente.
Talvez impulsionada pela chegada da energia
elétrica, foi na década de 50 que Mirandópolis conquistou as mais importantes
obras coroando seu progresso com, praticamente, todos os melhoramentos necessários para uma vida confortável nos setores
mais importantes para a convivência humana, como: saúde, educação, assistência social,
independência política, judiciária e administrativa, associações de classe e
esportivas, imprensa, urbanização, saneamento
básico etc.
No plano da saúde, por exemplo, passou a contar com
o Hospital Regional do Estado,com a aquisição pelo Serviço de Medicina Social
da Secretaria de Saúde, da Casa de Saúde do Dr. Macoto Ono, além da Casa de Saúde
e Maternidade S. José, construída pelo Dr. Aldo Genovez Giberti, posteriormente
vendida à família Brandi Faria e Dr. Jorge Maluly Neto.
A cidade passou a contar também, na década, com
vários médicos e dentistas e com um Posto de Saúde do Estado, inaugurado sob a direção do Dr. Edgar
Raimundo da Costa, acontecimento, aliás, que jamais esquecerei, uma vez que
estive presente e o Dr. Edgar me brindou com a expedição da carteira de saúde
nº 1.
No plano educacional, foram inaugurados nos anos 50
o Ginásio Estadual, a Escola Normal Municipal e a Escola Técnica de Comércio, que
representaram grande impulso na formação escolar da juventude mirandopolense,
até então, desamparada totalmente de cursos médios, que para famílias de maior
poder econômico, eram feitos em outras cidade.
No plano de independência política, judiciária e
Administrativa, destaca-se, sobretudo, a elevação de Mirandópolis à categoria
de Comarca em 1953, e a solenidade de sua instalação e posse do primeiro juiz de direito, Dr.
Aguinaldo dos Santos e primeiro promotor público, Dr. João José Ramaciotti, com
a presença do governador Lucas Nogueira Garcez, e do Secretário de Justiça, Prof. José Lourenço Júnior, vários deputados estaduais e
federais, além de autoridades locais e pessoas da sociedade.
O fórum nos primeiros anos, funcionou no mesmo
prédio em que funcionava a Câmara Municipal até a construção, do prédio da
Prefeitura em conjunto com Câmara Municipal e mais tarde, a construção pelo
Estado, do atual prédio exclusivo do judiciário.
Além dos clubes esportivos, surgiram também, na
época, Associações de Classe como o Rotary Clube, o Lions Clube, a Associação
Comercial, o grêmio teatral GATAM, o Clube dos 21, criado pelo professor Júlio Herculano
Mazzei, congregando apenas professores, e a imprensa, primeiramente, em fins
dos anos 40, com o semanário “O Mirandópolis”, com duração efêmera e
posteriormente com a “A Cidade”, do qual fui cofundador e redator-secretário.
Foi na década de 50que se urbanizou também a faixa
de terreno situada entre a estação ferroviária e a av. Rafael Pereira. Foi
concluída a urbanização do jardim da cidade, brindado mais tarde pela
construção do moderno cinema em dois pavimentos, com apartamentos para hotel na
parte superior, pelo Jorge Nars, ex-sócio de Assad Abud da Casa S. Jorge.
Apesar de inaugurado no inicio de 1960, foi também
nos últimos anos de 1950, que foi implantado na cidade, o mais desejado
melhoramento esperado pela população, após a energia elétrica, o serviço de
água e esgoto.
Ainda no final dos anos 50, há que destacar-se, em
termos de transporte e locomoção, a melhoria das estradas municipais e a
construção pelo governo do Estado, embora sem asfaltamento, da rodovia Mal.
Rondon, a partir de Bauru, beneficiando todas as cidades da Alta Noroeste até a
barranca do Rio Paraná.
Tudo que relatei até aqui, foi o que vivi e vi
acontecer em Mirandópolis, em sua evolução, até o ano de 1960. Os demais
melhoramentos, inclusive o asfaltamento vieram depois, quando já não morava
mais na cidade. (continua na próxima semana)
Nossa é impressionante a história da cidade, parabens sr.Elídio Ramires, a gente viaja no passado.Fatos importantes para nossa história.A vinda do Gov. Lucas Nogueira Garces nós descobrimos o porque a vinda dele na cidade atráves de fotos. Emancipação politica da cidade, 1953. Está no meu blog várias fotos desse dia.
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