Autumn Leaves
The falling leaves
drift by the window,
of red and gold.
"As folhas que caem contra a janela
são folhas vermelhas e douradas de outono"
Esta canção tão simples marcou época desde que
foi composta lá pelos anos 45/46, como Feuilles mortes, ou Folhas mortas para
os franceses. Foi cantada por Edith Piaf, por Nat King Cole, Frank Sinatra e
mais recentemente por Eric Clapton.
No Brasil foi sucesso nos anos sessenta e setenta.
É uma canção despretensiosa, que fala
das folhas que caem no outono, e das saudades que desperta esse desfolhar das
árvores.
Toda vez que vejo as ruas
cheias de folhas no chão e percebo a mudança da estação, penso na genialidade
da pessoa que escreveu essa cançoneta.
Interessante é que o
desfolhar das árvores no Brasil acontece mais no fim de Inverno e não no
Outono. Nas últimas semanas é que a gente percebeu como as pessoas lutavam
contra o vento, para juntar as folhas mortas nas calçadas. E a estação era
Inverno, que cedeu lugar agora para a Primavera.
Nos países frios como no
Japão, Canadá, Estados Unidos, é possível perceber essa ocorrência no Outono
mesmo, quando as folhas ficam amarelas, douradas e vermelhas, como se as
árvores vestissem uma roupa de luxo, para uma festa. É o famoso "Koyo"
dos japoneses, que deixa as montanhas coloridas.
E
é de encher os olhos o colorido que toma conta das florestas, das praças e dos
jardins. E é apenas a transformação que sofrem as folhas devido à falta da
iluminação solar, que fica mais suave nessa época. Esse koyo chega a ser
deslumbrante em alguns lugares, e todo mundo percebe que a estação é Outono. No
Brasil não ocorre essa mudança, porque o sol é sempre muito forte e não dá
tréguas.
Aqui, ao contrário nunca
se percebe a mudança das estações, porque temos um sol forte o ano todo, uma
iluminação poderosa e muito calor. Flores e frutos ocorrem durante todas as
estações. Mesmo no Inverno vemos primaveras deslumbrantes nos muros das casas,
e isso confunde a gente sobre as quatro estações. E de repente, em pleno Inverno
acontece um veranico, ou um calor de estralar mamona. Ou, ao contrário, em pleno Verão vem um
frio danado, que deixa todo mundo encolhido.
As estações do ano no
Brasil são apenas nomes, que não combinam muito com as condições da natureza.
Quanto a isso, acho que
não temos nada a reclamar, pois, o sol tropical proporciona vantagens que
outros países não têm: Como a luz solar é o mais poderoso desinfetante, nosso
povo tem mais saúde, com menos ocorrência de gripes e resfriados, menos
problemas respiratórios do que nos países gelados. Além disso, as plantas
crescem com mais vigor, e alimento não nos falta. Afora isso, as roupas secam
em instantes nos varais, dispensando na maior parte do ano, as secadoras
elétricas.
Na verdade, somos
abençoados por vivermos numa região tropical, onde a diversão de fim de semana
é a praia. E praia e sol escaldante é que não faltam no Brasil.
Mas, voltando às folhas
mortas, tenho uma mania: Gosto de desenhar folhas secas, observando todas as
nervuras, que um dia alimentaram a planta, levando a seiva da raiz até os
botões para florir.
Vejo na folha seca, uma
vida que um dia deslumbrou o mundo com sua beleza. Vejo em cada folha seca que
vem bailando pelos ares, uma pessoa que um dia nasceu, cresceu e viveu a vida
com entusiasmo, com alegria, com paixão... Cada folha é como uma senhora idosa
no fim da vida, procurando um pouquinho mais de seiva, para continuar
usufruindo da grande aventura de viver. Cada folha seca caída na calçada é um
ancião, que um dia teve sonhos, ilusões, ambições e que está se despedindo da
vida, com relutância, porque viver é muito bom.
E cada folha seca me
inspira um poema:
Galho cortado
vida partida.
Mas, a ânsia por viver,
ainda permanece
na folha cheia de espinhos
implorando........seiva.
vida partida.
Mas, a ânsia por viver,
ainda permanece
na folha cheia de espinhos
implorando........seiva.
queres guardar, folha plissada?
Lembranças da bela árvore,
dos botões verdes e redondos,
das flores brancas e quietas...
ou das tardes luminosas
que alongavam as doces sombras?
Que
mistério transforma
A folha condenada
no seu
suspiro final,
se veste de luz
e de prata...
Despedindo-se da
vida.
Mirandópolis, setembro de 2012.
kimie oku in
"cronicasdekimie.blogspot.com
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