Finados
Nós, os vivos, temos o hábito de cultuar os
mortos da família, desde os primórdios dos tempos.
É um costume que vem de gerações e gerações,
e tem a ver com o lado espiritual dos humanos. Porque os animais não têm esse
costume.
Ao longo da História, a humanidade construiu
templos, sinagogas, pagodes para realizar esses cultos de forma mais organizada
e contínua.
Mesmo as tribos que vivem no oco das
florestas têm esse hábito. De alguma forma, elas reverenciam os antepassados,
às vezes em forma de totens, de máscaras, de cerimônias e rituais religiosos,
que compreendem danças e cânticos...
No mundo atual, nós comparecemos ao
cemitério, levando flores, velas e incensos. E acho que esse costume não
desaparecerá, mesmo com todo o avanço da civilização. É que a morte é um enigma
difícil de entender e desvendar, e mexe com a nossa inteligência e com a nossa
alma.
A celebração para os mortos, que mais se
evidencia no mundo de hoje, acho que é El Dia de Los Muertos do México, um
festival de origem indígena, considerado Obra Maestra do Patrimônio Oral e
Intangível da Humanidade, pela Unesco.
O que mais se destaca nessa celebração é o sentido dado aos mortos, que são tratados como vivos, e é uma festa alegre, com peças teatrais e canções populares, para saudar a todos os finados. As lojas são enfeitadas com manequins de caveiras vestidas e ornamentadas, doces são fabricados em formas de crânios e colocados sobre as lápides, onde repousam os mortos. A crença popular é que nesse dia, os mortos têm autorização para visitar os familiares que deixaram na Terra. Por isso são recebidos com muita festa, muita alegria que se manifesta em danças, cânticos, mesa farta, doces e enfeites nas casas.
O que mais se destaca nessa celebração é o sentido dado aos mortos, que são tratados como vivos, e é uma festa alegre, com peças teatrais e canções populares, para saudar a todos os finados. As lojas são enfeitadas com manequins de caveiras vestidas e ornamentadas, doces são fabricados em formas de crânios e colocados sobre as lápides, onde repousam os mortos. A crença popular é que nesse dia, os mortos têm autorização para visitar os familiares que deixaram na Terra. Por isso são recebidos com muita festa, muita alegria que se manifesta em danças, cânticos, mesa farta, doces e enfeites nas casas.
Muitos desses costumes foram copiados e
adotados por povos de diversas partes do mundo, especialmente na Europa.
No Japão, o Bom Odori (dança para os mortos)
que no Brasil virou sinônimo de festa, é uma manifestação popular de origem
budista, para dar as boas vindas aos espíritos dos mortos, que têm três dias ao
ano para revisitar os vivos.
No Obon, é tradição nas cidades do Japão, as
famílias irem ao cemitério, limpar os túmulos e fazer oferendas de flores,
frutas e bolinhos de arroz, além de orações, velas e incensos. Monges realizam
cerimônias especiais nos templos, em memória dos mortos.
Este
costume está bem arraigado nas famílias, que passam parte do tempo preparando
as cerimônias para os antepassados, em dias que antecedem a data. Durante esse período, que é um dos grandes
feriados no país inteiro, as pessoas retornam aos seus vilarejos, para fazerem
essa visita aos túmulos de seus ancestrais, e aproveitam para rever os parentes
que ficaram no lugar.
E na ultima noite, existe uma cerimônia muito
bonita com danças alegres, “odori”, que ocorre nas ruas. As músicas tradicionais
mais conhecidas são cantadas ao som do “taikô” ou tambor e de flautas de bambu,
ou “shakuhachi”. Tudo é muito festivo, porque é uma homenagem às pessoas que já
partiram desse mundo, que já cumpriram o seu destino, a sua missão.
E para finalizar as cerimônias, há uma sessão
de orações, e o lançamento de velas em barquinhas de papel nas águas dos rios,
para iluminar os caminhos dos visitantes, em sua volta para o mundo dos mortos.
Muitas dessas tradições foram trazidas pelos
imigrantes japoneses ao Brasil. O que mais intrigou os brasileiros é a oferenda
de comida (frutas, doces, arroz cozido e água) que os japoneses faziam sobre os
túmulos de seus mortos. Esse costume remonta aos primórdios dos tempos, quando
o país passou por terríveis crises, e incontáveis nipônicos morreram de fome.
De fome mesmo, por falta de arroz, literalmente.
Se os brasileiros estranharam essa tradição
japonesa, mais deve se estranhar o que ocorre à porta dos cemitérios, hoje em dia. O espaço diante dos
portões, que conduzem ao campo santo, foi totalmente ocupado por uma feira a
céu aberto.
Ali
são vendidas além de flores e velas, que são apropriadas para o momento,
sorvetes, refrigerantes, talhadas de melancias, e outros que tais. Toda vez que
vejo essa cena de ambulantes à porta dos campos santos, me vem à lembrança a
cena de Jesus expulsando os vendilhões do Templo.
Lembro também que, o local já foi usado por
candidatos políticos para suas
campanhas, oferecendo água aos romeiros. Se não era campanha política, por que
não continuaram ofertando água de graça aos visitantes, nos anos subseqüentes?
E olhem que fez um calor danado nesse Finados,
e uma água mineral geladinha ia calhar
bem...
Mas, não houve 2º Turno dessa vez...
Mirandópolis, novembro de 2012.
kimie oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”
Admiro muito o modo como o povo japonês trás sua cultura e não conhecia a celebração mexicana. Fiquei feliz por poder estar aqui desfrutando da riqueza e capricho do seu texto. Com o perdão do trocadilho, a morte está aí para ser vivida, até que se morra um dia [sorrio]. Parabéns pelo ótimo material que utilizou na composição do texto. Abraço!
ResponderExcluirJeferson, viu como nossas abordagens são diferentes? A partir de agora podemos ir trocando figurinhas, porque uma ideia mais outra ideia só pode nos enriquecer, né? Gostei do seu blog "Chá da Invisibilidade". Vou ler seus textos com calma, para aproveitar melhor. um abraço.
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