quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um mito
    Para vivermos com coragem nesse mundo precisamos de um modelo em que se espelhar. Esse modelo seria o Mito.
         Mas, o que é Mito?
      Mito é um exemplo forte, que desperta o desejo das pessoas de se igualarem a ele em força, beleza ou sabedoria. Então, as pessoas tentam sempre imitá-lo, agindo como ele agiu ou age ainda.
     Desde o início dos tempos, os mitos existiram e conduziram pessoas para as grandes realizações. No início eram os feiticeiros, os xamãs, os pajés que foram adotados como exemplos, e todos procuravam imitá-los.
    Ao longo dos tempos, houve mitos e mitos. Reis, Imperadores, Profetas, Santos, Filósofos, Cientistas, Artistas e Chefes de gangues, de Máfias. Todos eles exerceram um poder dominador em quem os conheceu ou seguiu. Houve mitos de beleza, como aMarilyn Monroe, de heróis imaginários como o Tarzan, Superman e o Homem Aranha, de velocidade como Ayrton Senna e Alain Prost, de futebol como o Pelé, Maradona e muitos outros mais.
   O exemplo é a motivação maior para qualquer ser humano, e desperta uma vontade imensa de se igualar e, até de superar o herói adotado. Todos têm esse sentimento. Ninguém quer ser menos, quer ser sempre mais e melhor. E deixar uma bela imagem nesse mundo.
    Na minha juventude, havia muitos heróis-mitos, que direcionavam a vida dos jovens. E todos tínhamos um objetivo de ser tão grandes, como os mitos que seguíamos como exemplos.
     Mas, os tempos mudaram. Os heróis sumiram.
     De repente, descobrimos que o mito tão adorado por todos consome drogas, e age como um mortal desequilibrado. Que o mito maravilhoso considerado Rei do Futebol é um homem preconceituoso, fraco e desumano, que não assumiu nem a filha que um dia teve... O político que deu tantas esperanças para o povo, para cuidar dos pobres da Nação, era um grande engodo, para roubar e formar uma quadrilha, em benefício próprio.
    Então, de repente, ficamos sem mitos, sem valores para seguir e copiar. Os ídolos eram todos de barro, com posturas condenáveis, que fingiam ser heróis apesar de tudo. E continuam fingindo.
     É muito triste viver sem um modelo que nos direcione as ações. É muito decepcionante perceber que os que mandam num país, escolhidos pelo povo para agir em seu nome, passem a agir como larápios, para encher os bolsos e ainda dão banana para o povo, como se suas ações fossem lícitas.
    O povo vem assistindo a essas cenas todos os dias, e vê os privilégios que eles usufruem apesar de grandes ladrões, ladrões que roubaram a própria Nação. Vê estarrecido, e pouco a pouco os princípios que regiam a vida desse mesmo povo, começam a cair por terra. Roubar passa a ser uma coisa natural, normal. Tanto é que passaram a dizer: “Maluf rouba mas faz”, como se isso fosse aceitável.  Os mitos estão roubando, estão se apossando das coisas da Pátria, construídas ao longo de décadas com o sacrifício de todos. E nada lhes acontece. Até estatais estão sendo assaltadas, vilipendiadas e vendidas a preço de banana.
     Só o povo é que tem que malhar, suar todos os dias, sofrer para tomar ônibus e metrôs superlotados, e ganhar um salário sofrido e humilhante. E então, os mais fracos de caráter pulam para o outro lado. “Prá que sofrer? Prá que ser correto? Pra que trabalhar, se os caixas-eletrônicos estão abarrotados de dinheiro? Basta estourá-los? Estou errado? E os ricos e poderosos que roubam o povo todos os dias?”
    E assim, esses sentimentos estão cada vez mais entrando nas cabeças dos jovens de agora, que não fazem mais nada. Organizam-se em bandos e saem roubando. Se for preciso, eles matam, porque isso já virou guerra. Roubar, assaltar, assassinar passou a ser natural para eles.Os valores morreram. E o que era sagrado deixou de sê-lo. Nada mais é respeitado.
    E a violência urbana que invade, rouba e mata chegou até nós. O que acontece diariamente nas grandes metrópoles, subitamente veio até esta cidadezinha do interior, onde vivíamos mais ou menos em paz. E arrebatou a vida de um inocente. De um moço que, passou a vida toda cuidando de crianças e adolescentes, para encaminhá-los na vida. 
    Um Professor que pensava no futuro dos meninos de Mirandópolis. E não poupava esforços ajudando a cada um para vencer suas dificuldades, tanto nas competições esportivas, como nas apresentações culturais e desfiles de moda, que a Escola SESI sempre promoveu para o encanto de todos.
    Tinha muito que fazer ainda, porque era jovem, cheio de energia e de ideias e se dedicava de corpo e alma às causas que abraçava. Recentemente, estava à frente do Departamento de Esportes do Município, onde estava realizando um ótimo trabalho.
   Mas desventuradamente, ele cruzou o caminho de gente que não  respeita ninguém, e pagou com a própria vida esse acidente de percurso. Está claro que não foi apenas um latrocínio, há muito mais coisa oculta nessa triste história. E os cidadãos honrados de Mirandópolis estão aguardando as respostas. Temos a certeza absoluta que, esses jovens foram apenas instrumentos para simular um assalto e o assassinato. Porque são produtos dessa nova era do Brasil, onde não mais existe moral, nem respeito à vida humana. Uma geração que não sabe o que é trabalhar, dar duro na vida e valorizar as conquistas feitas com suor e trabalho. E que se sujeita a fazer qualquer trabalho sujo a troco de money. 
     Numa terra onde os bons mitos foram substituídos por valores ilícitos e imorais, eis que surge para a juventude um Mito para servir de inspiração e estímulo como exemplo de dignidade, de caráter e de trabalho:  Carlos Rizzo, o Mito.
     Autoridades, queremos respostas!

Mirandópolis, outubro de 2014.
kimie oku



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