Minimalismo
Dentre as lições que aprendi com a pandemia do Covid e o forçado
isolamento, uma valeu a pena.
Aprendi que para viver normalmente, não é preciso sair todos os dias de
casa, e circular pelas ruas. Nem é preciso visitar as lojas e menos ainda comprar as novidades que elas oferecem. Não podendo sair de casa, não
cirandando pelas ruas, não vendo as vitrines, economizei um bocado! E fui
forçada a usar o que estava disponível nos armários. E como havia coisas!
Roupas esquecidas, fora de moda, roupas caras sem utilidade nenhuma... Mas, com
uma reforma aqui, uma alargada ali, tudo
foi aproveitado. E não morri por deixar de circular por aí.
Aprendi a lição e hoje raramente compro algo para uso pessoal. Porque no
fundo, no fundo eu era uma acumuladora compulsiva. Comprava porque era bonito,
comprava porque tinha umas economias, comprava porque era do meu gosto. Não
comprava porque era necessário.
Hoje procuro comprar apenas o necessário. E o necessário é tão pouco.
Acredito que muita gente como eu já percebeu isso.
Durante a pandemia, só fomos para o Hospital, para o Laboratório de
Análises, para a Farmácia e para o Mercado. Pra fazer o que era necessário. E
necessário era cuidar da saúde pra não morrer.
Foi aí que descobri que, há muita gente neste mundão de Deus vivendo de
forma totalmente diferente de nós, os compulsivos compradores. Gente que se
contenta com um colchão sem cama, com meia dúzia de camisetas, meia dúzia de
roupa de baixo e três jeans... E vivem numa paz que poucos conhecem.
E aí fiquei assuntando...
Pra quê tanta parafernália para se viver? Conforto? Viver melhor? Ter mais
que o vizinho? Ficar na moda? Dois, três carros? Casa entulhada de móveis pra
limpar, de eletrônicos que logo são ultrapassados pelas novas invenções... Ter muito
traz uma preocupação incessante: o medo de perder o muito.
No princípio dos tempos, o homem viveu na selva, nos buracos das rochas e
tinha como alimento apenas o que conseguia colher, caçar... Não possuía panelas,
canecas, cervejas, filtros... Usava folhas para tomar água... Não tinha potes,
não tinha condicionador de ar nem aquecedores...
Pouco a pouco o homem foi evoluindo (evoluindo????) e passou a derrubar
florestas para plantar, para criar gado, para ter comida de sobra. E quando
inventaram o dinheiro, a coisa degringolou de vez. Despertou a ganância...
Mas, agora um vírus nos ensinou uma dura lição: Somos muito materialistas,
ambiciosos e acumuladores. E se nos tornássemos menos isso e menos aquilo,
seríamos mais felizes.
Ser minimalista é contentar-se com pouco e viver despreocupado. Quando o
mínimo se torna o máximo. Se conseguirmos atingir esse nível, viveremos mais
tranquilos. Sem a preocupação de ser roubado, de perder tanta coisa que
atravanca nossas casas (carros, principalmente), de ser assaltado, de ser
sequestrado...
Aprendamos a viver de forma mais simples e despojado, sendo comedidos em nossas
escolhas, usando até o osso as nossas roupas e calçados, e guardando o din din
para momentos difíceis que poderão surgir. Como uma doença e a velhice
inevitável. Até uma guerra, pois quem diria que os ucranianos passariam por
toda a tragédia que estão passando? Ninguém está livre de dificuldades imprevistas.
Só Deus sabe o que o porvir nos reserva.
Minimalismo é a moda do momento.
Que devemos adotar para sempre.
Mirandópolis, abril de 2022.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com
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