CONEXÃO
A moeda de mais valia do momento é a informação. Sem informação, ninguém consegue fazer nada, não consegue um bom
emprego, não passa em vestibulares, não consegue dar bom andamento aos
negócios, nem parlamentar com os adversários. Por isso, só quem está bem informado, consegue chegar onde pretende.
Já dizia um famoso noticiário de rádio, lá pelos anos oitenta: “O homem bem
informado tem maiores possibilidades na vida”.
Se o médico não possuir todas as informações necessárias,
sobre as condições do paciente, nunca acertará no diagnóstico e muito menos,
nos procedimentos de tratamento e de cirurgia. Daí, ocorrerem tantas falhas
médicas, que fazem a insegurança dos pacientes.
Se o professor não tiver as informações necessárias, para
trabalhar com alunos, jamais poderá ministrar boas aulas. Não me refiro aos
conhecimentos teóricos, das diversas áreas de conhecimento, que isso todo mundo
consegue em bons livros, ou até mesmo na Internet. Faço referência aos
procedimentos psico-pedagógicos, que todo professor deverá receber em sua
formação, para saber lidar com eficácia, na sua relação diária com os alunos. É
a falha mais gritante, que se observa em muitos professores, hoje.
Daí, as ocorrências policiais, que se
tornaram corriqueiras, envolvendo professores, pais e alunos, que aparecem
diariamente nos noticiários.
Se o engenheiro ou arquiteto construtor tem poucas
informações sobre estrutura, peso, massa, suporte, resistência, tipo de solo,
poderá construir pontes, rodovias e prédios que, desabam ao primeiro balanço,
ao primeiro choque por acidente... Daí, ocorrerem tantos desabamentos
“inexplicáveis”... vitimando muita gente, e acabando de vez, com a carreira do
arquiteto.
É por isso que, as grandes empresas trabalham em equipes,
porque é importante conjugar conhecimentos e esforços. Médicos trabalham em
equipe, porque as especialidades reunidas têm condições de resolver os
imprevistos, sem traumas. Equipes de engenheiros têm visão mais aberta, para
todos os prováveis problemas, que poderão surgir. Nas Escolas, há os Conselhos
de Professores e de Escola, para discutir os problemas, e buscar soluções à luz
da Psicologia e da Pedagogia, para evitar procedimentos inadequados. Porque,
ninguém tem obrigação de saber tudo, e acertar em tudo. Infelizmente,
percebe-se que ultimamente, os professores têm lutado sozinhos, com seus
problemas e enfrentamentos diários. Agindo impulsivamente e, cometendo
arbitrariedades, que poderiam ser evitadas, se o Conselho de Professores e o
Conselho de Escola realmente funcionassem.
E por que ocorre isso?
É por falta de conexão. É preciso conectar, ligar, plugar,
intercambiar, estar em contato com alguém, com alguma coisa. Hoje, não se vive
sem conexão. Todo mundo está plugado em algo. Conectado ao telefone, à
televisão, ao celular, à Internet, ao carro, à moto, à bicicleta, à esteira, ao
chuveiro, ao micro ondas, à máquina lavadora, ao fogão, aos tubos de oxigênio,
de soro, de plasma. Sem conexão, a sociedade atual não funciona.
Antigamente, as pessoas se visitavam, tomavam café
juntos, faziam visitas de boas vindas aos novos rebentos, que nasciam nas
famílias dos compadres, visitavam os doentes acamados, trocavam mimos, um pão
quente, um pedaço de carne de porco, umas frutas... tudo isso acabou, mas o ser
humano sente falta disso. É por isso, que as pessoas hoje ficam plugadas aos
telefones, às tevês, ao facebook e similares, porque assim se sentem menos sós.
Ninguém gosta de ficar só. Por mais infeliz que seja a
pessoa, ela não deixa de apreciar a presença de um bom amigo, de uma boa
companhia. Porque o homem é um ser social.
Falar ao telefone, ao celular, ver tevê, acessar as
páginas da Internet são alternativas para se evitar a solidão. A pessoa se
sente plugada ao mundo, à sociedade, mesmo que esteja sozinha num cantinho da
casa. Conheço pessoas que, venceram os estresses e as tristezas da vida, só com
os e-mails e acessando o Facebook. A internet faz milagres na área da
comunicação humana.
Entretanto, nesse mundo de conexão ultra-rápida, ainda há
gente desconectada, que não percebeu a força de equipes, de amigos, de colegas
de trabalho, que poderão ajudá-la em suas dificuldades. Gente orgulhosa, que
quer acertar sozinha, cometendo muitos erros desnecessários. Gente que sofre,
por falta de humildade, que ainda está amarrada a um passado recente, de
competições sem sentido. Gente que sofre de solidão, que reclama, que se sente
abandonada, que evita amigos e quando os encontra, desfia a ladainha de seu
abandono. Gente que, como diz um amigo, não quer abrir mão da razão de sua
queixa. Ela precisa manter a solidão, para continuar se queixando. Tenho
encontrado tanta gente assim, que não aceita o convite de participar da
Ciranda, e eu sei que é carente de verdade. Por orgulho, quer provar a si mesma
que, não precisa da ajuda de outros. E é tão só de dar pena.......
E eu sei a força e a energia que passam na Ciranda,
quando as pessoas se dão as mãos e brincam de roda. É tão poderosa essa
energia, que todas as pessoas se sentem revigoradas, e voltam felizes para suas
casas. E nessa roda, tão simples, as pessoas se sentem tão à vontade, que
algumas que, nunca se manifestaram em público, de repente, resolvem declamar um
poema, contar uma história vivida, cantar uma canção. Nunca seriam aplaudidas
em vida, se não houvesse a oportunidade da Ciranda.
Através da
Ciranda, percebi que a conexão ideal e que mais satisfação traz é a direta, do
ser humano com outro ser humano. Sentar perto de uma senhora que passa a semana
toda sozinha, que espera um telefonema que nunca vem, e perguntar-lhe sobre a
saúde, sobre os familiares distantes, ou mesmo sobre os remédios que anda
tomando, é uma experiência comovente. Ela se sente tão feliz em dividir seus
problemas, suas ansiedades com alguém que, acaba nos abençoando no final.
Oferecer um salgado, um doce, servir-lhe um refrigerante, é melhor ainda. Ela se sente uma princesa, bem tratada e bem
mimada. Trato e mimo, que há muito tempo não recebia. As mensagens e os telefonemas mais calorosos não
substituem o contato direto, de olho no olho, de mãos dadas, de um beijo
sincero, de um abraço repleto de carinho.
Hoje estou no mundo digital, e entro em contato com
diversas pessoas, mas ainda, gosto mais do contato direto, cara a cara,
“chokusetsu” como dizem os japoneses. É muito triste constatar que, tantas
pessoas, por orgulho ou outros motivos sem importância, passam os últimos anos,
ou meses, ou dias de sua vida, fechados em sua solidão, numa tristeza sem fim,
sabendo que o final está tão próximo, e não há como evitá-lo.
Então, por que não estabelecer uma conexão?
Mirandópolis, 11de abril de 2012.
kimie oku in cronicasdekimie.blogspot.com