A Rua São João
Muitas vezes
moramos num determinado lugar, sem conhecer nada do que ocorreu anteriormente,
nesse lugar.
Tive recentemente,
uma experiência inusitada, a partir de uma foto publicada no facebook. A foto
era da primeira Cadeia Pública de nossa cidade. Era uma construção rústica,
numa esquina e que aparentava realmente, ter sido um lugar triste.
Ora, como soubera
anteriormente que, a 1ª Cadeia da cidade se localizava no pedaço onde moro,
comecei a pedir informações sobre a localização exata, época da instalação etc.
E aí começou uma
interminável novela, de internautas postando informações.
Com isso descobri que a
construção ficava quase em frente à minha residência; mais tarde ali moraram o
Prof. Moacir Benetti e sua família. A Delegacia
ficava ao lado da minha casa, onde morou a família do senhor Idanir Momesso e
recentemente, os Fioravanti. Anos depois, tanto a
Cadeia como a Delegacia foram transferidas para outros locais, mas inicialmente
estavam instaladas aqui perto.
A rua era de terra batida, e amigos meus moraram nas proximidades, e forneceram informações interessantíssimas sobre a vida da época. Disseram que, os presos que ficavam no “xilindró” eram só os bebuns da cidade, e que passavam a noite gritando da janelinha gradeada, porque apanhavam dos guardas. Pobrezinhos...
A rua era de terra batida, e amigos meus moraram nas proximidades, e forneceram informações interessantíssimas sobre a vida da época. Disseram que, os presos que ficavam no “xilindró” eram só os bebuns da cidade, e que passavam a noite gritando da janelinha gradeada, porque apanhavam dos guardas. Pobrezinhos...
Que a Rua do lado
se chamava Aguapeí, e não Dr. Edgar Raimundo da Costa, como é chamada hoje.
Que nesse
quarteirão havia feira livre semanal, e como os feirantes vinham muito cedo,
instalaram umas lâmpadas para iluminar as bancas, onde expunham seus produtos
para vender. E os meninos da época, hoje senhores sessentões e meus informantes
virtuais, descobriram o segredo da caixa para acender as lâmpadas, e passaram
horas jogando pelada na rua, sob uma “quadra iluminada” de graça. Moleques...
moleques...
Que onde está
instalada a atual Biblioteca Municipal, e foi a sede da Torrefação de Café
Santo Antonio, foi antes a residência do
senhor João Teixeira Mendes.
Que a Cadeia foi
transferida para uma casa quase no fim do quarteirão, na mesma calçada de origem,
onde morou o Coqueirão, jogador de baralho profissional. Ele não saia do
Bandeirantes Atlético Clube, que ficava em frente às Lojas Marajá, clube que
foi mais tarde a Loja Vigorelli. E nesse mesmo lugar onde morou o Coqueirão, morou
a Profª Nilda Victória Bini.
Que o Delegado
nomeado foi o senhor Orlando Marques.
Que no local onde
resido, morou o Pi e os pais seu Valentim e dona Amélia. Mas a casa que moro,
foi construída por seu Marcos da Costa Nogueira e sua esposa Mirian Azevedo
Nogueira, Profª de Geografia no C.E.N.E. “Noêmia Dias Perotti”.
Que anos mais
tarde, a Delegacia e a Cadeia foram transferidas para o outro lado da Ferrovia
N.O.B., perto da Casa da Lavoura, e depois para o local onde está agora a
Delegacia de Polícia Civil, à Rua Primo Antonio Marchetti.
Então, quando
julgava completas as recordações desses meninões, passaram a postar informações
sobre a rua de baixo, a Senador Rodolfo Miranda, onde morava o “véio Vicente”
que tinha um pomar, e eles iam lá afanar as frutas... Sempre com medo dos tiros
de espingarda de pressão do "véio", que alguém chegou a tomar...
Daí, pularam para
o bananal de uma senhora japonesa, que
se localizava lá pros lados do atual Estádio. Eles colhiam os cachos de
banana, os enterravam e esperavam madurar... (que delícia!)
A espingarda de
pressão os levou ao sítio do senhor Kazama, que plantava melancias. Os meninos
matavam aulas e iam armados de sacos de estopa, para furtar melancias. (Os pais
confiantes, pensando que os meninos estavam estudando). Para os menores destinavam
melancias pequenas, e os grandes que eram os mais espertos, levavam as maiores.
E o seu Kazama os esperava com a espingarda de pressão, para lhes dar tiros de
sal... (tal qual a história do Chico Bento, de Maurício de Souza)
Inacreditável!
Um desses
larápios ouviu certa vez, o seu Kazama dizer a seu pai, que ia desistir de
plantar melancias, porque quando as frutas estavam verdes, alguém ia lá e as
furava para ver se estavam maduras... E quando estavam maduras, comiam a metade
e largavam a outra metade... Prejuízo... O pior de tudo é que parece que até
hoje, eles não se esqueceram do sabor da melancia roubada. (Hum! Que delícia!)
Santinhos...
Hoje, já homens
feitos, aposentados, e brincando na Internet para matar o tempo, sentem
saudades da Rua São João, onde aprontaram tantas... E têm saudades do seu
Kazama. E me sugeriram que lhe conte quem eram os anjinhos, que sumiam com as
suas preciosas melancias... E que seria muito engraçado se ele me mostrasse a
famosa espingarda, que dava tiros de sal...
Os heróis desta
novela são: Anacleto, Bispo, Canário e Dinho. (para vingar os prejudicados)
Mirandópolis, 21
de abril de 2012.
kimie
oku in “cronicasdekimie.blogspot.com”
Esta crônica foi elaborada a partir de troca de informações com os internautas Anacleto, Ademar Bispo, Osvaldo Resler e Ulisses Silva Lacerda.
ResponderExcluirDescobri com isso, que a Rua São João é rica de lembranças de gente que morou aqui e já está longe. As pessoas vão embora e levam consigo, belas recordações que gostam de rememorar.
Kimie, enquanto nossa colaboração servir, estaremos subsidiando-a com fotos, passagens pitorescas e histórias verídicas de um saudoso tempo, o de nossa inesquecível e gostosa infância bem vivida na cidade de Mirandópolis.
ResponderExcluirObrigado e parabéns pela sua sensibilidade em juntar as peças e mostrar a atual geração, o que fomos, o que realizamos e o quão rica é a histórica de nossa cidade.
Mesmo as histórias desta crônica são o registro de uma vida simples,tranquila, inocente que passou. Se todo mundo tivesse a oportunidade de viver de forma tão bela, acho que a humanidade não estaria tão perdida. E todos seriam mais felizes e menos materialistas.
ResponderExcluirAs ruas e ainda os dois lados da cidade,de certa forma naquela época tinha uma certa rivalidade entre os dois lado, o da frente da estação, onde está atualmente a Delegacia de Policia, Casa de Lavoura etc, e outro que é hoje considerado a area central da cidade. As mulecadas tinha uma certa rivalidade de território, todos sabiam quem morava e de que lado, houve na época até guerra de rojões ( busca pé), mas eram coisas inocentes e todos eram felizes. O grande momento era brincar na linha de trem da esplanada da estação, nos vagões, subindo em cima deles e ver embarcar e desembarcar o gado dos vagões que deixavam na mangueira feita de ferro de trilhos de linha, logo alí na travessia da linha em frente da maquina de café dos Wada, hoje é uma Igreja Evangelica. Vimos muitas coisas na estação de trem da N.O.B. que tenho saudade do trem passageiro, era o point da época. Lembranças de nossos amigos que se foram para outra dimensão e para outros lugares em moradia e que nunca se esquecem de nossa Mirandópolis., cidade pequena e ordeira. Abraços meus amigos. Dinho.
ResponderExcluirSão esses comentários que vão enriquecendo a memória da cidade. Muito bom o seu depoimento, Dinho. Como sou de Lavinia, nunca soube dessa rivalidade e da vida da molecada nos trilhos da ferrovia. Lendo o seu texto percebi que antigamente, os meninos eram realmente tão inocentes. Nenhum garoto daquela época pensava em machucar, magoar, lesar e muito menos em matar pessoas. Hoje isso se tornou rotina. É assustador.
ResponderExcluir