História preservada
Há alguns dias atrás, minha amiga Kimie Oku mostrou-me o blog “Foto-história de Mirandópolis”.
Era um antigo desejo seu, de resgatar a história do município,
através de fotos antigas. Hoje tem seu sonho
realizado, com o apoio do amigo Osvaldo Resler, que abraçou a causa.
Que emoção ver as antigas ruas de terra batida, trafegadas por
carroças, charretes e alguns poucos carros. Enfim, uma cidade bucólica do
interior. Quantas lembranças!
Em minha memória afetiva, ficou registrado um fato, que nem sei
se aconteceu realmente. Eu, pequenina, segurando fortemente a mão do meu pai,
tentava atravessar a rua principal de Mirandópolis. Devia ser janeiro, a grande
quantidade de barro era cortada por sulcos profundos, feitos por carroças.
Fomos a um restaurante,
onde para mim é hoje as Casas Pernambucanas, e lá comi um arroz doce gelado. Na
época, não tínhamos geladeira e achei o doce mais delicioso do mundo.
Teria sido verdade? Como disse Guimarães Rosa: “Contar é muito
dificultoso, não pelos anos que já se passaram, mas pela astúcia que têm certas
coisas passadas”.
Voltando às fotos, verdadeiro documento histórico é o retrato do
primeiro carteiro da cidade, transportando a correspondência, em uma carriola
de madeira. Essa foto de José Gabriel merece estar pendurada num lugar de honra
no Correio da cidade.
Amigos de Mirandópolis, prestem-lhe
essa merecida homenagem.
Entre as fotos que desfilaram diante dos meus olhos saudosos,
revi casas de madeira hoje derrubadas, máquinas fechadas, lojas transformadas.
Reconheci a saudosa Casa Santa Glória da família de meus amigos
de juventude, Calil e José Abdalla. Lembro-me que, no final da década de 70 ou
início de 80, o visionário Calil quis transformar a loja da família, em um
Supermercado, que já era moda nas grandes cidades.
Mas, aqui não deu certo, pois as pessoas estavam acostumadas a
ser servidas pelo proprietário ou funcionários de confiança. Batiam um demorado papo com eles, e pediam para anotar a compra na caderneta. Era difícil
libertar-se do velho costume; tentar encontrar sozinho o que necessitavam nas
prateleiras, e depois pagar a conta num Caixa impessoal. Calil me pediu
que escrevesse uma propaganda, falando
sobre as vantagens do sistema de supermercados.Mas, para mim também era
novidade, e não consegui escrever nada...
Para terminar esta pequena divagação, teço loas a todas as
pessoas, que preservam coisas como fotos antigas, documentos, reportagens,
objetos( como as delicadas porcelanas, enaltecidas em crônica por minha amiga
Kimie).
Muitas vezes, essas
pessoas não são entendidas. São chamadas de maníacas, juntadoras de cacarecos,
apegadas ao passado. Mas, o que seria da História sem elas? Como seria difícil
reconstruir o passado!
Parafraseando o grande poeta Fernando Pessoa, direi que
“Os guardadores de coisas chamadas inúteis, são mais sábias do que se julgam, guardam pequenos sonhos”.
“Os guardadores de coisas chamadas inúteis, são mais sábias do que se julgam, guardam pequenos sonhos”.
Que, às vezes vêm à tona vendo uma foto antiga!
Mirandópolis 19 de abril de 2012.
Maria Nívea Pinto – Pesquisadora e Professora de História
Obrigado Maria Nivea Pinto, por citar o meu nome na sua cronica, fiquei muito feliz e contente por meu trabalho sendo reconhecido, mas este com ajuda de muita gente. Diante das fotos viajamos através do tempo relembrando as coisas simples e belas, como se diz "viajamos na maionesse", e isso é muito bom para ativar nossa memória e lembrar dos nossos velhos conhecidos. Lembro de muitos, mas não lembro os nomes especificamente por isso não os coloco, espero que tenha comentários a respeito disso, mencionando as pessoas que lá estão retratados e que o tempo é congelado pela fotografia. Agradecido. Dinho Resler (oswaldo).
ResponderExcluirOlá também estou feliz com toda união de vocês
ResponderExcluirestou aqui longe em São Paulo e tenho contato via internet com Dinho,
tenho a muito tempo organizando muitos materiais quando vou a Mirandopolis
principalmente que nosso acervo de memoria esta sendo quase todo vendido como reliquias de usados pra antiquarios de São Paulo,
então a cada ida a Mirandópolis tento salvar guardando
e recebo muitas peças de familias que me repassam com a finalidade de um dia criar um acervo na cidade
espero um dia este sonho seja concretizado quem sabe a Estação Ferroviária venha torna-se um Museu
espero contribuir
veja a ultima aquisição que me foi repassada:
http://anacaldatto.blogspot.com.br/2012/03/memorias-familia-de-imigrantes.html
abraços recheados de otimismo!