Hoje, quero contar a história de um senhor,
que se dedicou a um trabalho e à uma família,
por cinquenta anos e não pensa em parar de trabalhar, tão logo.
Falo do senhor Irineu Antonio Mantovanelli, que há meio século se identifica como o homem da
Gráfica Santo Antonio .
O sr. Irineu nasceu em Olímpia há 72 anos, onde seu pai trabalhava de
O sr. Irineu nasceu em Olímpia há 72 anos, onde seu pai trabalhava de
braçal na Prefeitura.
Quando Irineu tinha três anos de idade, a família mudou-se para Guararapes, onde seu avô passou a trabalhar de alambiqueiro (químico, hoje) no Engenho de Pinga
dos Irmãos Murila.
Seu pai também se empregou lá, como carroceiro. E, aí trabalhou por seis anos mais ou menos. Depois, a família foi para a zona rural cuidar de lavoura, primeiro no bairro Pendura Saia plantando algodão e, depois no Bairro Córrego do Arroz,
lidando com café.
Em 1954, a família se mudou para Mirandópolis, onde se dedicaram à lavoura do café, no Sítio do
sr. José Dornela, no km 52.
Irineu fez parte do Curso Primário em Guararapes, e veio terminar os estudos aqui em Mirandópolis, formando-se Técnico em Contabilidade no antigo Colégio Comercial, hoje Escola 14 de agosto.
Quando trabalhava na roça, Irineu ainda adolescente machucou a coluna e teve que ir para Ribeirão Preto, onde o médico lhe recomendou que evitasse
serviços pesados.
Então, uma prima sua o levou a uma Tipografia em Olímpia, para
aprender um ofício.
Voltando para Mirandópolis, conseguiu um serviço numa Tipografia em Dracena,
que editava o jornal A Semana.
Irineu trabalhou aí quase um ano, ajudando a editar o jornal, e
aprendendo outros serviços.
Quando voltou para Mirandópolis, começou a trabalhar na Tipografia Santo Antonio, do sr. Idanir Antonio Momesso. Era dia 10 de maio de 1961.
Irineu morava no km52 e caminhava 2 km todos os dias, para tomar ônibus, e outro tanto na volta, para chegar
até a casa. Almoçava
sempre na casa do sr. Idanir.
Foi assim que começou a sua
carreira de tipógrafo,
porque machucou a coluna,
foi proibido de trabalhar na roça,
e a prima houve por bem encaminhá-lo
a uma profissão. Não foi acaso,
foi predestinação.
A Tipografia tinha sido instalada em 1960, e o senhor Idanir
é quem a comandava.
Nessa empresa, o sr. Irineu passou a trabalhar como tipógrafo e impressor. A época ainda era dos inumeráveis tipos, que eram montados letra por letra,
para se fazer os textos.
Era um serviço demorado, minucioso e que exigia muita atenção.
Desse tempo de dureza, o sr. Irineu se lembra dos companheiros de serviço: Lourival Alves dos Santos,
José Imolene e Ivo Ferreira.
A Tipografia imprimia todos os impressos que o comércio precisava : recibos, convites, duplicatas, notas fiscais,
folhetos de anúncios,
campanhas políticas, etc.
Um dia, o sr. Idanir teve a inspiração de criar um jornal, a que
deu o nome de O Labor,
a voz do povo mirandopolense.
Era um jornal pequeno, mas marcou época, porque era o único veículo impresso de comunicação da cidade,
e todos gostavam de lê-lo.
Não havia televisão ainda.
O Labor que era editado semanalmente, teve como Diretores o sr. Leonel Martins ,
os Profs. Moacyr Benetti,
Durval Neri Palhares
e como 1º Redator o sr.
Duílio de Andrade e Silva.
Muitos colaboradores ajudaram a realizar o sonho do sr. Idanir.
O semanário publicava notícias sociais, políticas, e tudo que interessava ao público.
A coluna social marcou época, inicialmente com a profª Ebe Aurora Fernandes Marcos, que divulgava todos os fatos
sociais da semana.
Também a ex -Diretora do Dr.Edgar, Profª Mercedes Bafile Cheida fez a coluna social, assim como a profª
Marilena Santana Correa Fernandes.
Outros colaboradores que tornaram possível o jornal foram o sr. Moacir Brito, Neiva Pavesi, Sérgio Martins, Kimie Oku e o Dr. João Olavo Bissoli. A página de Esportes ficou
a cargo do sr. Ivo Ferreira.
E o sr. Irineu era o Diretor
comercial do jornal.
O Labor circulou por 21 anos , e foi fechado por ser muito trabalhoso editá-lo, e não auferir lucros para a Empresa. Mas a Tipografia continuou trabalhando
com os impressos.
Em 1962, o sr. Irineu se casou com a senhorinha Hilda Milani , que era de Birigui. Com ela tiveram cinco filhos, dos quais
três trabalham na área da Saúde,
como enfermeiras,
uma é bancária e
o único filho é metalúrgico,
mas trabalha numa empresa
que produz óculos.
Além dos filhos, a família se compõe de quatro genros, uma nora,
sete netos e dois bisnetos.
Em 1986, o sr. Idanir faleceu, e a Tipografia ficou por seis meses sob o comando do sr. Irineu.
Mas, era muita responsabilidade e acúmulo de serviços, que acabaram
por abalar a sua saúde.
Então, o herdeiro e filho do sr. Idanir houve por bem assumir a Empresa, com a ajuda inicial do sr. Irineu.
Francisco Antonio Momesso muito jovem ainda, assumiu a Tipografia,
mudou o nome para Santo Antonio Impressos, e instalou-a na Rua Rafael Pereira, num espaço maior.
Com o Chicão, veio também a era da Informática e a modernização.
O senhor Irineu completou 50 anos de serviços prestados `a Tipografia e
à família Momesso,
em 10 de maio de 2011.
Com 72 anos de vida, ainda acha que tem pique para continuar
confeccionando carimbos,
e prestando outros serviços que conhece , mas num ritmo mais lento, porque o problema na coluna está ficando
mais sério com a idade.
O seu Irineu , além desses anos dedicados ao serviço de gráfico, distribuiu por 26 anos o jornal O Estado,
o que lhe ajudou numa renda extra.
Diz que é um homem feliz, por ter feito
o que realmente gosta.
E que graças à participação
sempre presente da dona Hilda,
sua esposa, conseguiu chegar até onde chegou. Tem uma família que ama, e por quem batalhou a vida toda.
O seu maior orgulho é ter guardadas todas as 1090 edições
do semanário O Labor,
que ajudou a produzir e que faz parte da memória de Mirandópolis.
Irineu Antonio Mantovanelli, trabalhador gráfico, tipógrafo, cidadão mirandopolense, memória viva da
História da cidade,
é gente de fibra!
Mirandópolis, novembro de 2011.
Kimie Oku
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