Os bancos da praça
Quem andar pela praça Manoel Alves de Ataíde e atentar para as inscrições nos bancos que lá estão, perceberá que elas contam parte da história de Mirandópolis.
Os
bancos de granito creio eu , foram ofertas de cidadãos e comerciantes, que há
tempos atrás doaram para a comunidade.
Se
olhar bem as inscrições, perceberá que muitos deles nem moram mais aqui,
ou já partiram para sempre.
É
assim que a história de uma cidade vai-se construindo, com a contribuição
de algumas pessoas generosas, que pensam no bem estar de toda a
população.
Os
bancos são bem disputados quando a praça está cheia. E nas manhãs frescas,
muitas pessoas idosas descansam suas pernas, dando uma pausa neles. Os bancos
mais disputados são os que estão nas sombras das árvores. Mesmo porque, o
cidadão cansado poderá apreciar o canto dos pássaros, sentir o perfume das
flores, ou mesmo a passagem de uma brisa refrescante.
Eu
me lembro de um tempo passado que, o prefeito eleito tinha sempre a prioridade
de refazer a praça, como se não quisesse lembranças do antecessor, à vista de
toda a população. Arrancava-se tudo e refazia o jardim, como se fosse a coisa
mais urgente a se executar no município. Felizmente essa época de vaidade
das vaidades já passou.
Uma
praça precisa de árvores, muitas árvores, canteiros ajardinados, chãos
bem calçados para o transeunte não tropeçar e cair, e bancos seguros para as
pessoas se assentarem.
Gostaria
de dizer que a nossa praça está bem tratada, mas seria uma mentira,
porque nos canteiros não há flores, as árvores precisam de trato e
poda, e há bancos assentados em chãos, cujas pedras estão se
soltando. Aqui e ali, as pedras soltas oferecem perigo constante aos
transeuntes desavisados. É urgente recolocá-las porque as crateras estão crescendo,
e logo, logo será impossível andar no jardim. E é mais econômico
fazê-lo agora, enquanto as falhas são menores. E antes também que
os acidentes se tornem constantes.
E
acho estranho existir uma fonte que não funciona. Por que ela está tão
abandonada? Falta de água ? O que aconteceu com as tartaruguinhas e os peixes
que lá habitavam e encantavam as crianças? Os passarinhos nem aparecem
mais, porque além de não haver frutas silvestres, agora nem água têm.
Outro dia, vi uma fonte numa cidade vizinha, lotada de passarinhos
chapinhando e brincando. Pareciam crianças brincando em poças d’água,
depois de uma chuva de verão.
Houve
um tempo em que a fonte tinha esguichos de água, que mudavam de cores conforme
o ritmo da música. Era muito bonito. Por quê tudo que é bonito tem que
acabar ?
E
os sanitários ?
Não
somos tão atrasados assim, para deixar lugares de utilidade pública em completo
abandono. Certa amiga minha passava perto de uma das praças, e foi
abordada por duas senhoras de fora, que queriam utilizar um banheiro.
Disse-me a amiga que ficou tão constrangida, que não soube o que
dizer, porque era um pecado mandá-las para aqueles sanitários
impossíveis...
Sei
que um administrador não dá conta de tudo sozinho. Mas para que servem os
assessores? Será que ninguém se preocupa com o bem estar do povo? Os
encarregados brincam de faz de conta ?
Estive
olhando o busto do nosso fundador, arte de um mestre de maior respeito. Está
totalmente abandonado no meio de um chão seco, sem um canteiro de flores. E não
está na hora de se fazer justiça ao Professor Walter Víctor Sperandio,
colocando sua assinatura na obra ? E de que vale eternizar o
busto do fundador, se está tão abandonado e descuidado? Desventurado senhor
Ataíde....
Lembro
que uns anos atrás havia um zelador que trabalhava no bosque.
Era um jardineiro que gostava do serviço, e sabia cuidar bem do lugar.
Varria os caminhos, recolhia os galhos quebrados e enterrava as folhas
secas. Cuidava das árvores com extremo carinho, e o Bosque sempre estava
acolhedor. O mesmo não se pode dizer da praça. Está desolada e com aparência de
total abandono. E se fala tanto da Amazônia...A nossa Amazônia está aqui
em nossos jardins, em nossas praças. Se não somos capazes de cuidar delas, como
poderemos salvar a Amazônia?
Um
jardim ou uma praça numa cidade deve funcionar como um oásis no deserto,
oferecendo sombra, muito verde, bancos, água e sanitários. Parece
que descaracterizaram essa função deles em nossa cidade. Fonte não
há. Só há um grande buraco sem função. Há sanitários em estado lastimável. E o
verde parece que migrou para outro lugar. Para onde foram as flores
? Jardim que se preze tem que ter flores, ou não é jardim ! Não há
flores, não há borboletas, beija-flores, pássaros....
As
nossas praças estão longe de se parecerem com oásis. Fala-se tanto em
defesa da natureza, do meio ambiente e a praça
nunca chamou a atenção desses projetos. Muito estranho, porque é possível
transformar o nosso jardim num cartão postal da cidade. Não é preciso muito.
Boa vontade e funcionários, que amem a natureza farão a
diferença.
Acredito
sinceramente que há gente competente, para realizar um bom trabalho
de recuperação de nossas praças. Só é preciso um plano bem
elaborado e a colaboração de clubes de serviço. Porque, vejo sempre
os clubes e sua ala jovem se envolvendo em ações sociais louváveis.
Mirandopolenses,
que tal todo mundo se envolver nessa empreitada? Vamos recuperar a
nossa praça ?
Antes que ela morra.
Mirandópolis, novembro/2011.
Kimie Oku (kimieoku@hotmail.com)
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