quarta-feira, 29 de maio de 2019


                 Amandaba

       Fiquei um ano e meio no Grupo Escolar de Tabajara. E em 1966 me transferi para Amandaba, que dista apenas seis quilômetros daqui.
    Amandaba é um distrito do nosso município, mas já teve um comércio mais forte que Mirandópolis. É que esse lugar floresceu entre fazendas de café, que movimentava toda a economia do país. Havia até uma estação ferroviária conhecida como Machado de Mello, que despachava a produção de café para Santas. O Distrito tem esse nome de um guerreiro indígena, que a senhora Maria Trindade homenageou ao doar as terras onde se formou o povoado, inclusive da Escola. Amandaba era um parente seu. 
      Logo na Rua que dá acesso ao povoado tem uma pracinha, onde há um monumento aos Imigrantes Japoneses que vieram, derrubaram as matas virgens e plantaram suas roças de café. Nesse obelisco construído em 1958, para comemorar o Cinquentenário da Imigração Japonesa, constam os nomes dos pioneiros japoneses, que ajudaram bastante no desenvolvimento local. Escrito com ideogramas japoneses. O remanescente desse grupo é o senhor Kaoru Hattori, que é filho de um desses precursores, e ainda mora num sítio lá.
Pois bem, me transferi para Amandaba ou Machado de Mello em 1966. Era um lugarejo muito pobre, mas cheio de crianças, que até sobravam na Escola. Havia os Brito, os Garcia, os Bispo dos Santos, os Pereira, os Sugimoto, os Quaresma Xavier, os Santos, os de Sá, os Bezerra de Amorim, os Ataíde, os Hattori, os Shirahawa, os Onishi, os Cabeça, os Junqueira, os Sekine, os Ribeiro, os Marques, os Ohi, os Kanamaru, os Assis, os Almeida.... As classes eram de 35 a 40 alunos. E a Escola funcionava de manhã e à tarde. A maioria era composta de crianças paupérrimas que iam descalças à Escola. Mas, tinham uma energia sem par. Mesmo pobres eram fortes e saudáveis.
Fui para lá porque só distava seis quilômetros de Mirandópolis, e eu estava cansada de pegar caronas na estrada de Tabajara. Mas a estradinha era poeirenta no Verão e barrenta nos dias de chuva. Como fiquei 13 anos lá, atolei dezenas de vezes com o meu Fusca, e minhas companheiras se escorregavam no barro para empurrar o carro...
Tive como colegas a Aurelinda Lima Ferreira, a Deise Teixeira, a Alzira di Bernardi, a Dinéia Sílvia Leister... Depois a Hilda Pereira dos Santos Barroso, a Luzia Cunha dos Santos, a Aparecida Cunha, a Antonia Girotto Terenci, a Clair Lopes Cardoso, a Evanir Rossato, a Akemi Osaki minha irmã, a Darcy Rossato, a Maria Teresa Dias Marcos, a Maria Zuleika Dias, a Yukuko Yokoyama, o Yussuf Hsain Alaby, a Neuza Marques e Itelvina Ferreira, cujo nome seria dado à Escola, por ter atuado muitos anos lá... Diretores Amazílio Abrão, que era tão gentil e cuidadoso com as crianças, o José Domingos Paschoal, que me ensinou tudo sobre como planejar e avaliar aulas, e foi meu colega como Supervisor de Ensino na Delegacia de Ensino em Andradina e o Milton Pazin. Serventes: Antonio Marques e Alceu Ribeiro e a Merendeira era a dona Maria Moreira de Assis. Foi um tempo muito bom, o pátio ficava lotado de molecada arteira e mal dávamos conta do nosso recado. Eram muitas crianças que vinham do Bairro e dos sítios e fazendas próximas.
Como tinha um bosque junto da Escola, era um lugar povoado de pássaros e sempre as paineiras floresciam, forrando o chão com suas flores róseas em abril/maio e os flamboyants com flores vermelhas em novembro/ dezembro. A escola era pobre, mas a natureza em volta era muito bela.  E pássaros cantavam o dia todo.
Para mim sempre foi um lugar encantado.
Mirandópolis, maio de 2019.
kimie oku in


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