domingo, 5 de maio de 2019




                Na boiadeira...
       Já no segundo ano, éramos um grupo grande para caminhar o trecho para ir à escola.
       Havia meninos e meninas que se juntavam ao grupo conforme íamos caminhando. Era tudo gente simples da roça, sem nenhum luxo. E ninguém reclamava da caminhada sob o sol quente de fim de ano.
       Tínhamos duas amigas, que eram primas entre si. Divanilde e Adelirde Petenati. Moravam na estrada boiadeira, que era onde passávamos os maiores sustos, quando as boiadas apareciam. Corríamos para o meio do pasto, para fugir dos bichos e os condutores ficavam rindo...
       Um dia, eu estava caminhando com os outros de volta para casa, quando os meus pés afundaram no areião quente da estrada boiadeira  e perdi os sentidos. Só me lembro de gente gritando ao meu redor e de mais nada. Mais tarde soube que, me levaram para uma casa nas proximidades  e algum adulto se encarregou de avisar minha família...
Não sei como me levaram para casa. Talvez de carroça...
Naqueles tempos tudo era difícil, sofrido e obrigado.
Com certeza era demais para uma criança de sete anos  caminhar todos os dias,  oito  a dez quilômetros para ir à escola.
Mas, foi assim que aprendi  a ler e a escrever.
E sou muito grata aos meus pais por isso.
Hoje eu nada seria se não soubesse escrever meus pensamentos.

Mirandópolis, maio de 2019.
kimie oku in


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