Aconteceu comigo!
O
ano era 1970.
Minha sede de trabalho era em Amandaba, a
seis quilômetros de casa, mas a pretensão de todo Professor é lecionar na
cidade para evitar as despesas de viagem. Então fiz a inscrição para o Concurso
de Remoção dos Professores Primários do Estado, esperando que aparecesse alguma
vaga para mim na cidade.
A inscrição era feita na Delegacia de Ensino
de Andradina. Constava de um requerimento oficial preenchido pelo candidato e
uma lista de vagas de sua preferência. Essa lista era feita de próprio punho em
duplicata, e a via carbonada ficava com o requerente, para sua garantia.
A inscrição era feita no ano anterior e em janeiro ocorriam as
trocas. Naquela época eu estava gestante da minha filha, que havia nascido há
uns dias. Então, passou uma amiga e me perguntou “porquê eu havia feito a
burrada de ir para a 3ª Aliança”. Levei um choque! Como eu teria feito isso? 3ª
Aliança dista mais de 20 quilômetros da cidade! Teria eu me enganado nas minhas
indicações? Atarantada conferi no Diário Oficial e lá estava “removida para o
3° Grupo Escolar de Roteiro (3ª Aliança)”. Fui conferir a minha lista, mas lá
não constava a Escola da Aliança, mas o “3º Grupo Escolar de Mirandópolis”, que
mais tarde receberia o nome de Ebe Aurora Fernandes Marcos. Ebe Aurora era uma
Escola nova na cidade.
E o mais inacreditável é que a professora da 3ª Aliança tinha
sido transferida para a minha vaga em Amandaba, como se tivéssemos feito uma
permuta consensual. Permutas aconteciam de fato, mas os Professores
interessados deveriam estar de acordo e fazer uma inscrição à parte. E eu nem
havia cogitado isso.
Minha vida virou de cabeça para baixo! Com um bebezinho, ainda
convalescendo do parto, quase tive um ataque! E nesse ínterim, veio uma colega
que trabalhava em Tabajara perguntar-me se de fato eu havia indicado a 3ª
Aliança... Porque de direito e pela classificação, ela deveria ir para
Amandaba, cuja vaga fora usurpada pela professora da Aliança... E ela dizia que
entraria com recurso exigindo seus direitos. Foi o diabo na casa do terço! A
moça da Aliança alegava inocência e muito incomodada me perguntou se também entraria com
recurso...
Então, no meio daquele dizque dizque, o meu esposo se lembrou do
cartão que um Deputado daqui havia lhe oferecido, para alguma necessidade. E
aí, ele passou um dia inteiro ligando para o homem que estava em São Paulo, mas
nada conseguiu. Naquele tempo não havia Informática... No outro dia o homem
estava na cidade. E o Nori foi falar com ele. Depois de tudo exposto, o homem não deu importância ao caso e só disse que se fora publicado no D.O. não havia solução, e nada mais poderia ser feito e
que eu aceitasse os fatos...
Mas o pessoal da Escola e os amigos do Nori não concordavam. Munido de todos os documentos necessários, ele foi pra São Paulo para reivindicar
a correção. O Processo de Remoção de Professores Primários do Estado estava
acontecendo na Secretaria da Educação, na Praça da República ao vivo, porque
havia professores presentes fazendo suas escolhas. Quando o Nori apresentou os
documentos e a publicação no Diário, a Comissão interrompeu imediatamente os
trabalhos, e anunciou a correção de viva voz e ato contínuo, garantiu que a retificação
seria publicada no D.O do dia seguinte. E assim foi. Retornei para a minha
querida Escola de Amandaba. E a outra para a Aliança.
Mas, até hoje não entendi o que aconteceu.
Ninguém me explicou direito como foi possível isso...
Por quê o Deputado não quis me ajudar?
Havia algum jogo sujo por trás?
Mirandópolis, maio de 2019.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/
Mas, até hoje não entendi o que aconteceu.
Ninguém me explicou direito como foi possível isso...
Por quê o Deputado não quis me ajudar?
Havia algum jogo sujo por trás?
Mirandópolis, maio de 2019.
kimie oku in
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Nossa, os perrengues do D.O.
ResponderExcluirParabéns pelas histórias, Kimie.
Abraços.