Memórias
Após publicar as belas crônicas do senhor
Varela, decidi também contar as minhas memórias. Só que minha vida nada tem de
especial como a do amigo. Mas, vou registrá-las, para que fique para os meus descendentes...
Devo reconhecer que aprendi com ele a condensar meus textos
para não ficarem longos e cansativos. Tem tanta coisa escondida em nossa memória, que
só a gente sabe.
Vou começar com o primeiro dia que saí para ir à escola.
Morávamos num sítio a 15 quilômetros de Lavínia (S.P.) perto de Tabajara e minha
família era grande. Papai, mamãe e um monte de irmãos.
Pois bem, era fevereiro de 1949 eu ia à escola pela primeira vez.
Tinha seis anos de idade e minha irmã 8 anos.
A escola era rural na Fazenda Santa Emília, do senhor João de
Paula.
E distava quatro a cinco quilômetros de casa.
Não consigo lembrar se estava ansiosa, feliz ou esperançosa.
Lá pelas seis e meia, saímos minha irmã e eu pelo carreador para
pegar a estrada que distava um quilômetro mais ou menos. Alguns irmãos nos
acompanharam até lá. Os irmãos foram trabalhar no cafezal e nós fomos até a
reta, que era a estrada municipal de terra. Quatro quilômetros nos esperavam
para chegar até a escola...
Demos alguns passos na estrada, quando um carro preto cheio de
gente estranha parou ao nosso lado. Era um desses carros pretos da época, tipo um besourão negro que
nunca tínhamos visto. E alguém perguntou alguma coisa... Minha irmã e eu
viramos as costas e corremos de volta para casa. Chegamos sem fôlego, com muito
medo.
Naquela época, havia ciganos circulando na região...
E papai havia recomendado que tomássemos muito cuidado.
Que eles roubavam crianças...
Hoje penso: E como deixavam duas crianças pequenas caminhar por quatro quilômetros
para ir à escola? Sem nenhuma proteção?
Outros tempos...
No primeiro dia, já cabulamos a aula...
No primeiro dia, já cabulamos a aula...
Mirandópolis, abril de 2019.
kimie oku in
Oiiiii
ResponderExcluirQuem era o TABAJARA ???
Beijão!
Não sei, Ulisses. Acho que era um índio.... Não achei nada sobre ele até hoje.
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