sábado, 24 de dezembro de 2011

CRÔNICA - LENA



         Lena,
        Agora você mora no meu coração.
        Para sempre.
   E assim, posso relembrar momentos compartilhados ao longo de anos de bem querer - a emoção da chegada dos filhos, a Faculdade tão difícil com os Beretas da vida, a partida tão precoce do amado esposo, as Escolas em que nos trombávamos, a amizade quase consanguínea com a querida Mafalda.
       Memórias...
      Você mora em minhas lembranças.
     E rememoro as tardes tão gostosas que passamos ouvindo Kitaro, Ray Conniff, Billy VAughn, Henri Mancini...Aquelles ojos verdes, Besame mucho, Mammy blue nos levaram de volta às primaveras da vida, e você se lembrou dos saudosos bailes... Tema de Lara e o campo de girassóis... lembra-se do que me confidenciou nessa hora ? Moon River chegou a doer de tão lindo. E você se viu transportada num mundo de sonhos, ouvindo My way.
     Lena, nossos caminhos se cruzaram por um milagroso desígnio de Deus. E foi muito bom ter compartilhado alguns retalhos dessa breve vida com você. Porque aprendi muito com você - o seu espírito generoso, a sua doação, o amor e o carinho quase visceral para com os filhos, nora, genros e netos. E a consideração e o respeito para com a prestimosa dona Maria.
   Lena, um dia lhe falei sobre "shukumei", que é a sina de cada um, o caminho traçado por Deus para nós. O seu shukumei foi pesado e difícil, mas foi também belo e grandioso, porque você foi valente e carregou todo o peso até o fim, movida pelo amor incondicional à família.
   E na sua partida, essa mesma família deu um belíssimo testemunho de amor recebido.
    Teus filhos, Lena, receberam como herança maior, o teu espírito gentil e carinhoso. E continuarão a exercer esse amor sobre todos os que os cercam.
        Como disse o poeta indiano Tagore :
              “As flores se transformam em fruto.
              O fruto vira semente.
              Volta a semente a ser planta.
               torna a planta a abrir-se em flor...”

        Lena, é por isso que as rosas não acabam nunca.
        Nem as margaridas.
        Nem as primaveras.
        Nem as hortênsias.
        Nem as Marilenas.

        Mirandópolis, setembro de 2010.

                                       kimie oku         

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