sábado, 3 de dezembro de 2011

LITERATURA - MORTE E VIDA SEVERINA

   João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano de Recife, foi Diplomata e residiu em vários países da Europa, sobretudo 
na Espanha.
 Em Morte e Vida Severina, sua obra mais famosa, narra o sofrimento do retirante,  que foge da seca  do Nordeste, como  o  fez Graciliano Ramos
em Vidas  Secas.
É uma narrativa pungente.
Nomeia severina à vida tão sofrida do retirante, que se confunde com a morte, que é 
também severina.
Cidadão do mundo, vivendo na Europa, em ambientes refinados da Diplomacia, mesmo assim, conservou na essência, a  compaixão pelos conterrâneos, castigados pela
seca de sua terra..
Sente a dor e a impotência do nordestino, ao sonhar :

 "... nesta terra  
tão fácil, tão doce e rica
 não é preciso trabalhar
todas as horas do dia,
todos os dias do mês,
 os meses todos da vida. " 

E vendo a cova-sepulcro,  grita a insignificância, a que reduziram o homem nordestino :

" _  É de bom tamanho, 
 nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe neste latifúndio."

 E resume a forçada  emigração dos homens :
        
" _  Não é viagem o que fazem
 vindo por essas caatingas, vargens;   
aí está o seu erro;
vêm é seguindo seu próprio enterro."
   
Os poemas de João Cabral machucam profundamente, porque são gritos dolorosos de denúncia, do sofrimento humano. 
Mais ainda , cantados na voz de  outra nordestina, Elba  Ramalho.

Mirandópolis,dezembro/2010
 kimie oku

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