O
CARTEIRO
Era
o único carteiro da cidade.
Sua
figura longa, magra, com a barba sempre por fazer não era
lá das mais agradáveis. Ainda mais, usando um
uniforme cáqui, com um quepe da mesma cor, no alto da cabeça.
Parecia
um soldadinho de chumbo, que andava.
Mas era
um personagem que, fazia parte do cenário da cidade. Não sei porque, as
crianças tinham medo dele. Sem fundamento, é claro. Ele só entregava as
correspondências nos órgãos oficiais, e não visitava casas, porque naquela
época, as famílias possuíam caixas de correspondência na Agência do Correio.
Cada qual buscava a sua correspondência, lá.
Certo
dia, lá pelas seis horas da manhã, uma garota de seus quinze anos, foi acordada pela mãe para buscar pão.
A garota, levantou-se e meio dormindo, vestiu
uma roupa qualquer, e foi buscar o pão.
Chegando
à padaria, pegou a encomenda e foi saindo meio sonolenta, abrindo a boca.
O
carteiro, que estava na padaria, saiu também logo em seguida, e veio
acompanhando a moça , e chamando-a, baixinho: “Ó moça, ó moça, espere um pouco.
Ó moça...”
A moça,
despertada de sua sonolência, virou-se para ver quem a chamava, e disparou a
correr.
O velho
senhor também começou a correr, chamando-a sem cessar.
Agora, a
garota aterrorizada, correu mais ainda, até chegar ao portão de sua casa.
Nisso, o
carteiro a alcançou, e batendo gentilmente no seu ombro lhe disse: “Ó moça, a
sua saia está toda levantada atrás”
Ela
havia se vestido às pressas, e a bainha da saia ficara presa no cós da cintura...
E tinha
andado uns quarteirões da cidade, com a calcinha à mostra, sem perceber.
E isso
foi nos anos 50.......
Mirandópolis, qualquer dia de 2007
Revisado em 25 de dezembro de 2011.
kimie
oku
(kimieoku@hotmail.com)
Amiga Kimie, só você consegue fazer poesia de um fato banal. Nívea
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