Num ferro velho, crianças acharam uma cápsula aberta de um aparelho de radioterapia. No interior dele, havia um pó que brilhava.
Atraídos pela luminescência, crianças e adultos tocaram no pó e o passaram no corpo, brincando...
O pó era o Césio-137, altamente venenoso. E foi manipulado a céu aberto, na maior inocência, encantando todo mundo, porque o pó não tinha cheiro, e parecia inofensivo.
Mas... logo apareceram os sintomas de envenenamento: náuseas, vômitos, tonturas, diarréias... algumas pessoas morreram e, outras ficaram irremediavelmente doentes.
Quando o fato foi revelado, realizou-se uma operação de guerra, para descontaminar Goiânia. E os objetos contaminados foram enterrados, com a devida proteção, no Estado do Pará.
O que é Césio-137?
O Césio-137, o Urânio-235, o Cobalto-60, o Tório-232 são metais pesados, fisicamente instáveis ou radioativos. Eles são como uma matéria viva, porque estão sempre em desintegração ou decaimento. Essa desintegração ocorre com a liberação de energia, através de ondas magnéticas ou partículas subatômicas, em altíssima velocidade.
É o que chamamos de radioatividade.
A radioatividade foi descoberta pelo francês Becquerel, quando estudava os efeitos da luz sobre os materiais fluorescentes, como o urânio.
E o casal Pierre e Marie Curie comprovaram que, o polônio e o rádio são muito mais radioativos que o urânio.
Existem 3 tipos de radiação emergente no interior dos átomos: alfa, beta e gama.
Os raios alfa, eletropositivos são altamente energéticos, de baixa penetrabilidade, e fáceis de serem detidos.
Os raios beta, de carga negativa ou positiva, são menos energéticos e, têm maior poder de penetração. São necessárias lâminas especiais para isolá-los.
Os raios gama têm energia e, capacidade altíssima de penetração, o que dificulta a manipulação. São difíceis de controlar e, só podem ser barrados por espessas caixas de aço.
A descoberta dos raios energéticos, que também emitem feixes luminosos, levou os cientistas a utilizar alguns metais pesados, para produzir luz e eletricidade.
E assim foram criadas as usinas nucleares, que estão espalhadas por todo o planeta, proporcionando conforto e bem estar, para toda a humanidade.
Elas foram amplamente adotadas em países que não possuem recursos hídricos, para produzir eletricidade. O Brasil, abençoado por tantos rios, não precisa de usinas nucleares.
A radioatividade é aproveitada também em outros setores. Na medicina, os aparelhos de Raios X e de Tomografia detectam más formações nos organismos humanos e animais; os raios Laser eliminam ou extirpam tumores...salvando vidas. As Microondas são utilizadas universalmente, tanto na cozinha, como em pesquisas cientificas na bioquímica, na agricultura e na ecologia.
Enfim, a radioatividade traz muitos benefícios. Porém...como os elementos que a produzem, como o Césio e Urânio são instáveis, é muito difícil de controlar.
O fogo é um fenômeno natural e assustador, mas pode ser apagado por abafamento com a terra ou por água. Apagou, acabou... não há consequências.
Mas, a radioatividade não.
Como o núcleo do metal está em constante desintegração, emitindo raios e partículas, nada consegue parar o processo, a não ser por resfriamento.
E essas partículas, em níveis elevados, causam sérios problemas aos seres vivos, desde cegueira, a doenças cancerígenas, levando-os até à morte.
A radiação joga micro-partículas no ar, que a chuva lança para o solo, para o mar. Quando absorvidas por animais e plantas, acaba intoxicando e envenenando-os.
O homem é um ser inteligente.
Desde Einstein, até hoje, muita coisa mudou. O átomo que fora considerado a menor partícula do elemento foi desintegrado. E atualmente, as usinas nucleares estão a todo vapor, graças a isso.
Mas...o homem por mais sábio que seja, não possui a chave para controlar fenômenos. Terremotos, tsunamis e radioatividade, quem pode impedi-los?
Ninguém possui ainda o conhecimento suficiente, para lidar com a poeira estelar, que formou o nosso planeta.
Parafraseando Shakespeare:
"Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que supõe a nossa vã filosofia."
Que o homem tome consciência disso.
Mirandópolis, 05 de abril de 2011
Kimie oku
(obs.: crônica escrita em razão do desastre de Fukushima , Japão
(obs.: crônica escrita em razão do desastre de Fukushima , Japão
em março de 2011)
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