VISÃO (memórias)
Ocorreu em
1962.
A
professora hospedava-se numa casa
simples de gente da roça. E dormia no mesmo quarto, com as moças da casa.
Eletricidade
não havia, era só na base da lamparina.
Lá
fora, era uma escuridão total.
A família
de origem italiana, era composta pelo chefe da casa, um filho casado e sua
esposa, duas moças , mais um rapazinho que
ia à escola, e a mãe.
Esta, era
uma mulher robusta e atirada, que não tinha medo de nada, nem dos fenômenos da
natureza. Quando formavam temporais que escureciam o céu, ela pegava um punhado
de sal grosso e, olhando para as nuvens
ameaçadoras, murmurava umas rezas, e lançava o sal para o alto.
As nuvens
se espalhavam e, a chuva vinha mansa, mansa.
Uma noite
de verão, todos dormiam, cansados da labuta na roça. A casa estava silenciosa e
escura.
De repente,
a máquina de costura da sala começou a costurar : tec, tec, tec, tec, tec, tec,
tec , tec........
A
professora ficou arrepiada. Quem estaria costurando na escuridão? Morta de
medo, se envolveu nas cobertas, para não escutar o barulho. A costura parou. Daí
a pouco, começou de novo: tec, tec,tec,tec,tec,tec,tec,tec....
mais acelerado, agora.
Não dava
para ignorar o barulho.
A dona da
casa deu uma tossida, do outro lado da sala, onde dormia, e falou : “A senhora
escutou, professora?”
“- Sim, o
que é isso?”
“- Acenda a lamparina, e
vamos ver! Quando eu contar até três, saímos do quarto, está bem?”
“- Es... tá ...bem”.
“- Um, dois, três!”
A professora, tremendo de medo, de
pés no chão, e lamparina na mão, abriu a porta ao mesmo tempo, que a senhora.
Qual!
Eram
apenas dois gatinhos da casa, que estavam brincando no pedal da velha máquina de costura...indo pra lá, pra cá, prá lá,
prá cá...
Qualquer dia de 2006.
Revisado em 22 de dezembro de 2011.
kimie oku (kimieoku@hotmail.com)
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