terça-feira, 16 de agosto de 2016

Veneração
      
      Estou há mais de um mês, pesquisando sobre a vida do nosso antigo Pároco Padre Epifânio.
      E estou deveras encantada com a atenção e a simpatia das pessoas que andei abordando.
E primeiro lugar devo citar o nosso atual pároco, Padre Alexandre que me colocou em contato com o Padre Washington Lair de Lins. De Lins, esse Padre me enviou uma súmula da vida do Padre Epifânio.
Sua história, o básico da vida é simples, cita seus pais, nascimento, onde atuou, quanto viveu e quando morreu.
Mas, acredito que não é só isso que os moradores de Mirandópolis querem saber. O que realmente interessa é como viveu, como atuou, como se relacionou com as pessoas.  Porque é exatamente isso que, busco quando conto as histórias das pessoas. O intercâmbio, as relações sociais é que dão sentido à vida das pessoas, porque ninguém vive só.
Então, fui em busca dessas histórias, desses detalhes que preencheram sua vida. E fiquei muito honrada com os contatos. Todos foram muito, mas muito gentis, pacientes e generosos.
E quanto mais informações conseguia, mais crescia a minha admiração por esse religioso que, muita gente guarda na memória como um velho rabugento.
Há tantas histórias que correm de boca em boca, da braveza do homem, da intolerância com relação às vestimentas das frequentadoras das missas, da busca de perfeição na construção da igreja.
Todas as histórias são muito interessantes e revelam o caráter rigoroso desse pastor de Deus. Mas, vale lembrar que naquela época, décadas de 40, 50 e 60, os costumes eram outros. Nossa educação era bem rígida, e os pais conduziam com mãos de ferro os filhos, para não se perderem nos descaminhos da vida. E um religioso moldado pela Igreja em costumes seculares não poderia ser diferente. E de repente, o mundo estava mudando. Década de sessenta, liberação de costumes, rock and roll, cinema, danceterias, liberdade para as mulheres,,, Daí o choque!
E o Padre teve que encarar tudo isso, peitando de frente.
Não deve ter sido fácil.
Bom, mas conversando com pessoas moradoras na cidade, algumas têm belas lembranças, outras as têm muito engraçadas, outras comoventes...
Gostaria de ter tido essa ideia de escrever sobre o Padre bem antes. Enquanto os amigos que conviveram com ele, que partilharam de sua amizade estavam vivos. Dona Antiniska, Dr. Neif, Dona Maria Bruzadin, dona Dolvina e Dr.Alcides Falleiros, dona Maria e seu Aldo Fredi, dona Maria dos Anjos, seu Eleotério Sanches, Dona Altaíra... Tantas lembranças perdidas, Esquecidas...
Mas, sempre é tempo, antes tarde do que nunca como diz o ditado. Vale resgatar a história belíssima desse padre, que guardamos no coração como duro e rígido.  Mas que não viveu em vão. E que foi punido injustamente.
Estivemos em Santo Antônio de Aracanguá e no Asilo São Vicente de Paulo em Araçatuba. E em ambos lugares fomos recebidos com carinho e muita atenção.
Interessante é notar que o assunto “Padre Epifânio” abriu os caminhos e a abordagem foi simples, fácil e respeitosa. De repente, estávamos conversando com pessoas que acabáramos de conhecer, como se fosse numa roda de velhos amigos, de irmãos... O nosso querido Pároco estabeleceu as ligações e a comunicação foi fácil, agradável e muito proveitosa.
 Nunca pensei que a conversa seria nesse nível. Acredito que deva ser a bênção do nosso velho vigário.
Descobri que há muitas histórias que as pessoas gostariam de contar, de passar para outras gerações. E essa foi a oportunidade, esse é o momento.
Para mim, foi uma alegria imensa falar com tanta gente, saber de coisas maravilhosas que descobri sobre o Padre Epifânio. A maioria vou publicar, mas algumas histórias deixarei na conta de Deus para julgar... Mesmo porque os envolvidos já partiram e devem ter prestado suas contas ao Altíssimo.
Imagino o que teria sido da nossa Igreja e dos mirandopolenses, se o Padre tivesse continuado sua obra aqui até o fim. Porque ele batalhou em Aracanguá como batalhara aqui, e também no Asilo para onde fora desterrado. Tinha muita energia para gastar ainda.  E não obrou em vão.
Mesmo com o gênio difícil, arredio e intransigente que possuía, o padre Epifânio conseguiu deixar uma obra que o tornou imortal. E muita gente o chama ainda de rabugento. Mas, seu nome ficará para sempre nos Anais da História de Mirandópolis.
Daqui a trocentos anos, alguém perguntará sobre a linda Igreja.
E o nome do Padre Epifânio virá à tona.
Agora lhe pergunto:
E você? O que deixará para a posteridade?

Mirandópolis, agosto de 2016.
kimie oku in


4 comentários:

  1. Estou com muita ansiedade esperando por essa história. Conheci o vigário, era muito jovrm, mas tive muito respeito por esse homem de Deus. Parabéns Kimie pelo ardoroso trabalho.

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    1. A história é longa porque segui a sua sugestão, Dinho. Contei tudo que descobri e coloquei muitas fotos. Nem sei se alguém patrocinará a publicação. Terá que ser uma edição especial do Diário, porque vai precisar de um caderno de mais folhas...

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  2. Nossa..... não vejo a hora de ler o que voce já viu e ouviu do Monsenhor......
    Acho que vai ser um capítulo muito importante da historia de nossa cidade.
    Agora respondo a tua pergunta final : estou tentando deixar meu legado de cidadania pra minha cidade natal.
    Abraços Kimie.O teu legal não é mensurável. Deus te abençoe. Todos nós agradecemos.

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    1. Só essa mensagem já valeu minhas andanças atrás do Padre Epifânio, Regina! Desejo de todo o coração que consiga deixar um belo legado como o fizeram seu pai e sua mãe. E que o Padre nos guie nessa nossa missão e Deus nos abençoe a todos.

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