domingo, 27 de novembro de 2022

 

                Reencontros

 

                  Nesses tempos de Copa do mundo, com jogos diários na tevê, que parece não haver outro assunto interessante além do futebol, reunir amigos e conversar é a melhor opção.

     E de repente, por gentileza da Professora Regina Rosado pude usufruir de momentos agradáveis com um grupo de Professores, que se formaram no Cene Noêmia Dias Perotti há cinquenta e sete anos. Não sou da mesma turma, pois concluí o Curso Normal em 1960, isto é há 62 anos, mas atendendo ao convite da amiga e organizadora do Encontro, já participei de algumas reuniões. E ao longo dos anos, percebi como a vida é efêmera, que tudo passa e que o porvir sempre é incerto. Percebi nesse Encontro de hoje, que a vida é recheada de perdas... Na mesa, faltava o Professor Zanin sempre otimista que ensinou a todos os alunos normalistas... Faltava a Professora Sonia Ohashi que estava muito feliz no encontro anterior. A mesma Sonia irmã de Meire Jane, e filha da saudosa dona Maria e do taxista José Ohashi, antigos moradores daqui. Faltava a convidada especial Regina Mustafa, que sempre abrilhantou essas reuniões. A vida é apenas um sopro...

     Então, o Encontro seria triste com tantas ausências definitivas como a do Antonelli Antonio Secanho, Kunihiro Sato, Teresinha  Squinca, Kikuko Sato, Josué Tomás de Aquino, Helena Ortega Cogo, Hide Aparecida Nars e Sebastião Laerte Magalhães... Todos morando no céu com a Sonia Ohashi. Além da ausência de alguns colegas vivos por conta de compromissos outros e problemas de saúde.

     Mas, um reencontro sempre é muito bom. Encontrar a Vera Nilva Araújo, o Ademar Bispo e sua parceira Sandra, a Naoe Miyamoto e a Zilda Zonzini com a filha Rogéria que moram fora foi muito gratificante. Além dos colegas que moram aqui, mas que nas urgências da vida, nem sempre podemos abraçar e papear um pouco. A pandemia nos distanciou e isolou de fato.

     Então, o tempo foi curto para trocar figurinhas, tanto que perguntar, tanto que contar, tanto pra saber. Foi ótimo ver a Zilda de Lima renovada em saúde e com novo visual, a irmãs Vandelcy e Vera Bonfim (Nakano), junto da bela filhota Eloísa. A Tereza Veronese sempre tão discreta e atenciosa. A Regina Siminari, que serviu a Escola Sesi a vida toda e voltou para Mirandópolis, para o aconchego dos amigos. A Minako que também pelejou a vida toda no Sesi local. O Teruo Miyamoto e a esposa Cida sempre prestigiando os encontros. A Marlene Machado, que não via há séculos, tão lúcida e tão espiritual. E a Regina Rosado que não mede esforços para reencontrar esses amigos, com a imprescindível ajuda da filhota Simone.

     A reunião foi iniciada com orações para os amigos que partiram, desejando-lhes paz na eternidade... Depois, a Regina falou da felicidade de reencontrar os amigos, sentindo-se muito grata por usufruir desse momento e agradeceu a presença de todos. A Regina Siminari falou da alegria de participar do encontro e da felicidade de usufruir a companhia de amigos aqui da cidade, após tantos anos morando e trabalhando fora. Eu Kimie falei da alegria de ser Professor, que passa a vida toda aprendendo e ensinando, ensinando e aprendendo, porque o Professor é para sempre, não se limitando ao tempo e ao espaço Escola. Quem alfabetizou e, mostrou o caminho do conhecimento a centenas de jovens, deve se orgulhar da missão cumprida. Ensinar é uma nobre profissão. E devemos nos orgulhar de ter sido professores, não importando as condições, os governantes, o descaso da sociedade, porque formamos gente, gente que após uma vida toda de peleja, vem nos abraçar de repente nos chamando de Professor, Professora... Nada é mais gratificante.

     O almoço foi muito saboroso como sempre é na Varanda Grill do amigo Júnior Veronese. E tivemos um delicioso bolo como sobremesa, oferta da Tereza. E a Naoe nos gratificou com uma árvore de Natal de crochê, para enfeitar nossas casas. Artesanato maravilhoso acompanhado com um biscoito da sorte. Naoe sempre generosa.

     Então, o encontro foi uma reunião de família, de aconchego onde não faltaram abraços, comida boa, um delicioso bolo, além de presentes. Reunião para matar saudades.

     Reunião para renovar a alma. Que a vida não é feita só de Copa, de briga de políticos e de velórios... A vida é feita de breves momentos de comunhão, de confissões sussurradas, de alegria compartilhada, de lágrimas derramadas por alguém que já partiu...

E esse grupo de professores sabe bem saborear cada momento de sua caminhada, porque a vida é uma bênção que deve ser usufruída plenamente. Com amigos.

Mirandópolis, 27 de novembro de 2022.

kimie oku in

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segunda-feira, 7 de novembro de 2022

 

Comunista

Eu conheci uma célula comunista há tempos atrás.

Era um núcleo fechado, todos obedeciam a um manda chuva..

Todos seguiam uma mesma religião.

Todos falavam a mesma língua.

Todos se vestiam igualmente roupas feitas de sacos de ração animal.

Todos usavam calçados feitos de madeira tosca.

Todos deviam fazer o serviço atribuído, sem reclamar..

Ninguém podia sair de lá.

Ninguém podia almejar nada diferente.

Ninguém podia convidar ninguém para ir lá.

O chefe só usufruía das benesses.

E todos o reverenciavam como a um deus.

E nenhum deles tinha consciência da realidade que viviam.

E pareciam felizes...

Mirandópolis, novembro de 2022.

kimie oku in

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sábado, 5 de novembro de 2022

 

                                                 Ditadura

As recentes manifestações dos caminhoneiros que convulsionaram o país todo provaram dois fatos incontestáveis: Bolsonaro não tem vocação para Ditador e o Exército não quer um golpe de Estado.

Então, os petistas estavam totalmente equivocados pregando que o homem é fascista, nazista e queria tomar o comando do país à força.

O bloqueio nas estradas só não foi mais assustador porque não havia um líder forte que ditasse ordens, e não primou pela violência física, embora tenha causado inúmeros transtornos à população no seu direito de ir e vir.

A oposição colou a pecha de fascista e nazista ao Presidente. Que sua vocação era a ditadura e queria implantar um regime totalitário no país. Ora, se isso fosse verdadeiro, Bolsonaro estava com a faca e o queijo na mão para liderar os manifestantes e realizar esse sonho megalomaníaco que lhe atribuíam. Mas, não. Nem se dirigiu aos manifestantes. Isso é prova de sua fraqueza? Não esqueçamos que ainda é o mandatário do país.

De verdade, podemos perceber que o homem é apenas um político desajeitado com suas falas desconexas, que toma posições sem muito pensar e mete os pés pelas mãos. Quantas expressões desagradáveis e desrespeitosas poderiam ter sido evitadas sobre o Covid, sobre as vacinas, sobre as gripes e até sobre seus aliados que começavam a sobressair... Expressões essas que levaram os opositores a carimbá-lo como inimigo do povo. E a coisa pegou forte e deu no que deu. Perdeu a eleição, apesar de tudo que tinha para vencer. O peixe morreu pela boca.

Se ainda duvidam da intenção ditatorial do homem, só imaginemos essa cena: Bolsonaro liderando os caminhoneiros, e instigando a população para aderir ao movimento. Teria sido terrivelmente devastador. Porque os sem teto, os sem terra e os sem nada com suas foices e seus machados teriam entrado em confronto, com certeza. Hoje estaríamos contando vidas, que teriam sido sacrificadas e estaríamos encolhidos em casa, mortos de medo...

E por quê não aconteceu? Por covardia do homem? Por omissão do Exército? Por falta de coesão na base militar? Por falta de apoio popular? Por respeito ao Supremo Tribunal Federal?

A História provou que nos momentos de crise profunda, os espertalhões políticos ou militares aproveitaram a brecha, para tomar posse do mais alto cargo do país. Aconteceu no mundo inteiro. Mesmo aqui, em 1964. E havia o Congresso, que foi lacrado, e havia a oposição que foi calada, e havia o povo que não entendeu nada.

Na semana que passou tudo estava armado para um grande golpe militar. A Imprensa alucinada correndo de estrada em estrada, os motoristas tomando posse de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Os políticos contando as perdas na eleição, lambendo suas feridas; os petistas comemorando suas vitórias; o povo embasbacado grudado na tevê. Todo mundo alienado... Na surdina, poderia ter havido um  golpe Um golpe que implantaria de vez o caos no Brasil.

Mas, nada aconteceu, graças a Deus.

E a alternância do poder vai se realizar.

A Democracia saiu fortalecida.

E Bolsonaro? Vai passar os próximos anos refletindo e analisando suas falhas. Assim deve ser.

E lembrando aos petistas: Se o Lula tivesse perdido, com certeza teria havido uma manifestação tão grande e até mais assustadora que essa dos caminhoneiros. Com foices e machados...

E vamos aguardar o governo socialista/comunista de Lula.

Que Deus proteja o Brasil e os brasileiros.

Mirandópolis, 05 de novembro de 2022.

kimie oku in

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