quarta-feira, 31 de maio de 2017

       
         Ciranda, cirandinha...
   
  Na última sexta feira, realizamos mais um Encontro de Cirandeiros. Como sempre na Chácara Prando.

 Mas, o dia amanheceu esplêndido, com um sol maravilhoso e um clima agradável. E isso foi o que animou a turma a comparecer. Compareceram quase todos e o barracão ficou lotado.
     A novidade ficou por conta do Deni Perri que levou o seu amigo Rodrigo da Viola de Americana, para animar mais a festa. Além dos músicos de sempre Albertino e Gerval do acordeão, Jovaninho e Zeferino do violão, o grupo foi acrescido de mais esses meninos de Americana, que sempre alegram muito a festa. Ainda estavam presentes o seu Agenor da Rádio Clube, o Milton Lima de Ilha Solteira e o João Francisco que são cantadores. A cantoria rolou solta a tarde inteira junto com o cirandeiros que gostam muito de cantar.
    

E o dia foi especial para a tia Rosinha, que completou 91 anos de idade. Tia Rosa, antiga Enfermeira do Hospital da cidade, ajudou durante anos e anos aos médicos a trazerem os bebês para a vida. É uma pessoa muito querida, que merece respeito pela dedicação total à profissão. E não deixamos por menos. Fizemos uma grande roda em que os amigos cantaram lindas canções em sua homenagem, e culminou com o Parabéns musicado e cantado por todos. Foi lindo! Ao final foi distribuído o bolo, confeccionado pela filha Fátima Sanches, degustado por todos.
     Ainda como novidade foi a presença da Cristina filha de João Torrente e Mariinha, que veio acompanhada pelos pais, para prestigiar a Ciranda.

     A Kimie consultou o grupo sobre uma filmagem que o Gerson Possenti quer fazer da Ciranda. Ficou estabelecido que ele poderá fazer a gravação, contanto que não seja para mostrar na televisão. Não queremos muita repercussão da Ciranda, porque não temos estrutura para aumentar o grupo. Mesmo porque, sempre reservamos um espaço para os internos da AMAI (asilo), que são os mais necessitados de uma diversão.
 E após cantorias e poemas do seu Orlandinho a tarde terminou, com a promessa de mais encontros futuros.
Ah! Fica registrada a presença da Eloyce do Jornal Diário de Fato, que em breve irá morar na Espanha. A ela desejamos saúde, sucesso, felicidade... Que realize os seus sonhos mais caros junto de seu esposo Eduardo, lá na Europa.
Mirandópolis, maio de 2017.



kimie oku in




sábado, 27 de maio de 2017

Vai um cafezinho aí?

Cada país tem o hábito de receber as visitas com um agrado, uma gentileza.
No Japão, em qualquer ocasião oferece-se chá, assim como na China e outros países do Oriente.
No Brasil, o costume é oferecer café.
O café quentinho, passado na hora tem o poder de ligar as pessoas numa roda de descontração e bem estar. E transforma qualquer reunião num bate papo agradável.
O cafeeiro fez parte da vida de grande parte dos brasileiros... Nos anos 40, 50 e até 60, o café ainda era o propulsor da economia do país. E, nascidos nos anos 40 e 50 tivemos que labutar muito nas roças de café. Desde crianças tivemos que ir à roça e ajudar os pais e irmãos mais velhos na colheita dos grãos. Era um trabalho duro e áspero. Tínhamos que segurar os galhos e puxar os grãos pretos e vermelhos para baixo. Isso machucava nossos dedos que ficavam com as pontas todas perfuradas e doíam muito, até a gente se acostumar.
 As mãos perdiam a maciez e ficavam ásperas e grosseiras. (A gente nem conhecia cremes para proteger a pele. E mesmo que soubéssemos, não tínhamos dinheiro pra comprar esses luxos.) O café derrubado era rastelado e peneirado ali mesmo na roça e depois ensacado. Só os adultos fortes conseguiam peneirar os grãos. Os grãos meio verdes eram pesados e havia muita terra misturada, pedregulhos e folhas do cafeeiro. Então era necessário abanar, lançando todo o conteúdo para o alto várias e várias vezes, para eliminar as folhas e a terra. Depois, as carroças transportavam os sacos de café para casa, onde eram colocados num terreiro de cimento para secar. Lá eram revirados todos os dias, até a secagem completa. Só depois de tudo isso, era vendido para as Máquinas de café da cidade, que os descascavam e os revendiam para os exportadores.

O cafezal fez parte de minha infância e da maioria dos brasileiros de minha época. O Brasil foi o maior exportador de café do mundo. E a vida dos lavradores embora dura e árdua era mais ou menos confortável, porque todos plantavam arroz e feijão e verduras nas entressafras do café. Todos eram pobres, mas a comida era farta e ninguém saía pedindo ajuda... Quando revejo os cafezais, eles me parecem soldadinhos verdes parados nos morros, cumprindo a missão de produzir aqueles frutos vermelhos tão bonitos, que garantiam o sustento de tantas famílias brasileiras. Nada era fácil, porque a colheita era apenas uma vez por ano, e enquanto não se vendia o produto, era preciso recorrer a outros meios para sobreviver. Assim, muitos produtores passaram a plantar algodão, cebola, feijão, banana... Mais tarde, a superprodução de café provocou uma crise e o Governo brasileiro mandou queimar sacas e mais sacas de café... Pra manter os preços. E os cafezais foram queimados, e substituídos por pastagens para se criar gado bovino. Hoje, até as pastagens estão sendo tomadas pelos canaviais, para produzir o etanol...
Outros tempos...
Diz a História do Brasil que o café foi introduzido aqui pelo Sargento mor Francisco de Mello Palheta. Palheta fora encarregado pelo Governador de Maranhão e Grão Pará, João de Maria da Gama a ir a Guiana Francesa resolver problemas de fronteira e, conseguir sementes de café. Isso em 1727.
Inicialmente, o café foi cultivado no Norte do país, mas logo se alastrou por todas as regiões, especialmente no Sul. Sua produção enriqueceu muita gente, que até fez surgir uma classe social diversificada, a dos Barões do café que moravam
em belíssimas fazendas, explorando a mão de obra gratuita de centenas de escravos africanos...
Mas, outros países começaram também a produzir café e a superprodução provocou a queda dos preços e a falência da economia do café. E a falência da agricultura. Os braçais que perderam o emprego na roça vieram todos para as cidades, e incharam as periferias com seus barracos. E como não havia emprego disponível, essa população desocupada se transformou num grande problema. Décadas se passariam até as cidades recuperarem o equilíbrio. Muitos desses desempregados passaram a exercer pequenos serviços, como ambulantes oferecendo seus préstimos de porta em porta. Quando a agricultura se recuperou em parte, nova classe social surgiu – eram os boias frias, que passaram a ser levados das cidades para trabalhar nas roças de algodão, de cana...
Hoje, até os cortadores de cana estão sendo substituídos por máquinas colheitadeiras...
Mas voltando ao café, antigamente os grãos eram socados no pilão para descascá-los, e torrados numa torradeira que nós girávamos sobre um fogãozinho de tijolos ao ar livre. E todas as manhãs, os grãos eram moídos para se fazer o café. Era tudo um processo difícil, que nós encarávamos naturalmente. Não havia alternativas...
Hoje, a tecnologia facilitou tudo. A geração atual não conheceu os cafezais e nem os grãos de café. Conhece o pó moído e nem coa o café mais. Existe o café instantâneo, que é preparado só acrescentando água quente... Café cremoso, com chantilly, café expresso... Já tomei café à moda alemã, com limão...
Lembro que um amigo me ensinou que tomar muito café provoca azia. E é fato! Passei a reduzir os goles de café diário e adeus azia! Isso devo ao inesquecível e saudoso Professor Carlos Rizzo. 
Quando trabalhava ainda, tomava muito café. O café era a fuga dos aborrecimentos, a pausa para esfriar a cabeça. E o amigo Jorge Chaim costumava dizer que as melhores decisões não saiam durante as reuniões, mas na hora do café.
De qualquer forma, o café ainda é o rei absoluto de pequenas reuniões, servido quase sempre com bolos ou pães.
E eu gosto muito de visitar amigos e tomar um cafezinho enquanto batemos um papinho.
Vai um cafezinho aí?





Mirandópolis, abril de 2017.
kimie oku in


sexta-feira, 5 de maio de 2017

                                                Sem óculos...
    Quando eu tinha 38 anos de idade, meu excelente colega de trabalho Yussuf Hsain Alaby começou a usar óculos. E eu comentei que ele estava ficando velho, porque sua visão começara a falhar. Lembro-me bem que ele achou graça e me disse: “Deixa estar, que a sua hora há de chegar!”
      E chegou mesmo! Mais cedo do que esperava! Com 45 anos já não conseguia localizar os números na Lista Telefônica. As Listas da época eram imensas, pesadas e eram impressas em letras bem miúdas...      Os primeiros óculos me incomodaram muito. Não paravam no lugar e me faziam suar. Detestei o uso deles! Mas, a visão falhando mais e mais me obrigou a adotá-los de vez. E quando os esquecia em casa, tinha que voltar para buscá-los. Sem eles não conseguia trabalhar. Como ler ou escrever sem óculos?
      Acredito que os óculos tenham provocado uma revolução quando foram inventados. Lembro-me do filme “O nome da Rosa”, da obra de Umberto Eco em que um Frei tinha o privilégio de possuir um par de lentes grossas, com as quais lia as Escrituras no Monastério. Isso provocava muita cobiça aos demais religiosos, que tinham a visão também enfraquecida. Era uma novidade e todos ficavam fascinados pelo par de lentes de vidro... Desejando possui-los também...
       No início dos tempos, usava-se um par de lentes, que eram presos no nariz por meio de uma mola. Eram os famosos pince nez, sem pernas. Pince nez expressão francesa significa “preso no nariz”. Como não eram práticos, inventaram as pernas para apoiá-los nas orelhas...
       Os primeiros óculos eram feios, de aros redondos, que deveriam ser usados por todos indistintamente, sem considerar o formato da testa, a distância e a cavidade dos olhos... A maioria das pessoas ficava muito estranha com esses óculos... As lentes eram bem grossas e a armação era sempre preta ou marrom e a face do usuário ficava muito séria, com expressão pesada.
      Com o decorrer dos tempos, inventaram novos modelos, que se adaptassem aos diferentes formatos dos rostos. E hoje existem os mais variados modelos, que além de serem úteis servem ainda para ornamentar os rostos. Modelos diversos de cores suaves e delicadas até os mais ousados e extravagantes. Há uma infinita variedade de modelos e cores, e os óculos já fazem parte do vestuário das pessoas como protetores do sol ou, apenas como objeto de requinte.
      Os óculos são indispensáveis para a maioria das pessoas que ultrapassaram os cinquenta, sessenta anos de vida. A visão assim como as demais partes do corpo tendem a se enfraquecer com o tempo. E um dia, a maioria busca ajuda de um oftalmologista para continuar enxergando. E daí em diante, esses objetos passarão a ser parte do seu traje diário. Eu também os uso constantemente, se bem que ainda consiga enxergar mais ou menos bem os objetos distantes. Mas, para dirigir não os dispenso.
      Pois bem, um dia desses perdi o único par de óculos que me permitem ver de perto e de longe. E os procurei nas gavetas, nos armários, entre os livros, nas bolsas, entre minhas sacolas de crochê e de tricô. E nada. Se evaporaram! Daí, liguei para os mercados, as lojas, fui ao Banco, ao Conservatório, ao Foto Celso para atormentar as pessoas com minhas indagações! E nada!
      Não fiquei desprovida totalmente da visão porque tenho uma porção de óculos. Toda vez que avio nova receita, aproveito a velha armação e faço uma reserva que fica na minha escrivaninha, no meu criado mudo, junto do computador... E para dirigir tenho os solares que permitem visão à distância. Mas, os que perdera eram bifocais e caros, daí a minha decepção e o desejo de recuperá-los...
      Como último recurso postei no face pra ver se alguém os achara em algum lugar. Muita gente se solidarizou comigo, torcendo que os encontrasse, com palavras de alento. Mas... o melhor foram as chistes que foram surgindo dos amigos “terríveis”, que tenho como Ademar Bispo, José Roberto Drubi, Maria Célia Sanches Drubi e Moacir Bonadio. Sugeriram que os procurasse embaixo da cama, embaixo do banco do carro e até na testa! O Zé Drubi disse que eu precisava de outros óculos para procurar os perdidos!!! E o Ademar Bispo, meu amigo de Araçatuba, que é um exímio contador de histórias, publicou no face um “Monólogo dos Óculos da Kimie”, muito engraçado, que divertiu à beça todos os envolvidos. Dentre as graças inventadas pelo Bispo, meus óculos teriam sido usados como olheiro do meu filho, deixando-os propositadamente no seu carro. Sim, porque lá estavam esquecidos durante uma viagem que fiz, e troquei de carro para voltar... Ainda, ele escreveu sobre minha cegueira forçada e minhas trombadas com as portas, a troca de sapatos ao calçá-los...a desastrada tentativa de acertar a boca com o garfo nas refeições, a troca de sustenidos e bemóis na Nona Sinfonia e para completar... disse que preciso de óculos porque sou japonesa e não consigo abrir os olhos... A veia satírica do amigo estava inspirada e dei muita risada. Mas, valeu para desopilar o fígado de muita gente.
      Felizmente achei os benditos óculos.
      E essa história serviu para a gente se divertir um bocado. E a presente crônica foi sugestão do Moacir Bonadio, que com seus 81 anos de idade tem um humor impagável.
      E se nada é por acaso, a perda dos meus óculos foi providencial para fortalecer a amizade de todos esses amigos e mais outros do face.
      Obrigada a todos!
      Um crônica por uns óculos esquecidos...
      Mirandópolis, abril de 2017.
kimie oku in

segunda-feira, 1 de maio de 2017

     Ciranda de abril  

                                E o frio chegou!
   E achei que o pessoal não compareceria na Ciranda. De fato, houve muita gente que faltou. Mesmo assim, mais de trinta pessoas animadas foi lá espantar o frio e curtir a companhia dos amigos.
     Até o Milton e a Remir vieram da Ilha. E junto veio o Miro que é um bom tocador de viola. Tantos músicos se fizeram presentes, que se revezavam no acompanhamento às cantorias.
     Seu Agenor Inácio está a fim de organizar a turma do Coral. No próximo encontro, vamos definir as metas. Que seja um Coral simples, para alegrar o pessoal da cidade, sem pretensões maiores.
     A Jane levou um bolo para comemorar os 86 anos de sua mãe Fermina. 86 anos de muita luta, muito labor! Dona Fermina, tão forte, tão gentil e tão alegre. Cantamos pra ela e o bolo estava delicioso. Aproveitei a deixa para anunciar a partida da fotógrafa do Jornal Diário. A Eloyce irá embora para Espanha em breve. Ela se casou com Eduardo Sampaio, com quem irá iniciar uma nova vida. Desejamos a ela a realização de seus mais caros sonhos.
     Depois de muita cantoria, o seu Orlandinho fez as suas declamações, assim como o seu Albertino e o Deni Perri, com seus poemas cômicos. E entre cantorias e lanches a tarde terminou.
     Foi uma tarde maravilhosa.
     E em maio tem mais!
    


Mirandópolis, abril de 2017.
kimie oku in