quarta-feira, 30 de maio de 2018


      Caminhoneiros
     E de repente, não mais que de repente aconteceu uma coisa inacreditável!
Os caminhoneiros do Norte, do Sul, do Leste e do Oeste pararam. Pararam de rodar pelas estradas levando comida, remédios, máquinas, vestuários e calçados aos mais distantes recantos do Brasil.
Por que pararam?
Em protesto aos aumentos abusivos dos preços de combustíveis, que nós consumidores não temos condições de pagar.
Nós brasileiros vivemos os últimos nove anos um clima de suspense, incredulidade, indignação e arrependimento diante das centenas de revelações sobre os atos ilícitos, praticados por nossos governantes. Vivemos um pé de guerra contra os próprios irmãos que defendiam os corruptos, crentes de sua inocência... E Presidentes foram condenados, e um deles está preso. Mesmo assim, alguns ainda o defendem, iludidos pelo refrão que o Partido fez generalizar dizendo que não há provas para condená-lo. Provas que qualquer cidadão inteligente percebe que, são mais que suficientes para condená-lo. Desventurados defensores, não pensam que se fossem eles os protagonistas dessa triste história, estariam condenados há muito tempo e para sempre.
Felizmente, essa onda está passando e não há volta, porque os processos continuam e mais condenações virão.
Só agora, com a tragédia ocorrendo no país todo, a realidade despertou os milhões de fanáticos, que perceberam que o estrago feito pelos nossos governantes não são invenções da oposição. E a Lava Jato é coisa séria.
O desfalque que fizeram com os ativos do BNDES e com a Petrobrás desaguaram nesse caos de hoje. As Estatais foram roubadas descaradamente e, fortunas foram divididas entre gente que tinha a obrigação de zelar pelo patrimônio nacional.
Nós eleitores escolhemos os mais refinados ladrões e gangsteres para cuidar do tesouro nacional, e lhes entregamos as chaves... Democracia? Arrependimento de eleitores.
E ainda há hoje um bando no Congresso trabalhando contra a Nação, mancomunados com um Presidente fraco, corrupto e covarde, que não se coloca ao lado do povo, que sofre todos os dias para se equilibrar na ponta extrema da inflação.
E constatamos que nem as Forças Armadas têm a intenção de defender a Nação. Somos duzentos milhões oprimidos por 634 mandantes gananciosos, que legislam em causa própria e não abrem mão de suas regalias... O Ministro dizendo que o corte no aumento do diesel terá que onerar alguém! Isso é covardia pura, assalto e falta de respeito! Tirem isso de suas propinas depositadas nos paraísos fiscais.
Devolvam os milhões roubados da Petrobrás, do BNDES e de outras Estatais. E teremos diesel e outros combustíveis a preços decentes por décadas.
As Forças Armadas têm a obrigação de defender a Nação. O que mais deve acontecer de trágico para se posicionarem ao lado do povo?
Será que teremos que colocar um caminhoneiro para comandar o país?

Mirandópolis, maio (mês triste!) de 2018.
kimie oku in



domingo, 27 de maio de 2018


           Um gambá em casa!
      Um tempo atrás descobrimos um gambá aqui em casa! Nós moramos no centro, perto do Banco do Brasil e não há na vizinhança bosques onde moram esses animais silvestres.
      O bichinho era de bom tamanho, e estava encolhido entre o botijão de gás e a parede de uma pia, que tenho na varanda do fundo.
      Ficamos assustados com a sua presença, mesmo sabendo que ele não ataca pessoas. Pelas informações gerais, eles gostam de comer ovos e galinhas. E no meu quintal não tem nada que lhe sirva de alimento.
Acredito que ele estava procurando um abrigo do frio, porque estava quietinho e encolhido no canto.
Gambás são animais marsupiais, cujas fêmeas possuem uma bolsa no baixo ventre para carregar os filhotes, que nascem prematuros e se desenvolvem aí. São animais menores que os cães comuns, e possuem pelo branco e preto e cauda longa. Outros marsupiais conhecidos são o canguru, o coala e o diabo da Tasmânia... Quando acuado por um inimigo, ele exala um cheiro fétido para afastá-lo.  Mas, dizem que os gambás brasileiros não têm essa habilidade...
Antes de achar esse bichinho em casa, deparamos com outro gambá morto lá no sítio. Tinha a parte inferior do focinho rasgada. Acredito que deva ter sido atacado por outo gambá... Se fosse cachorro, por certo teria se banqueteado...
Muitos anos antes, os gambás apareceram nos quintais de minha casa e de uma vizinha. Naquela época, havia quintais cheios de imensas mangueiras, que deveriam ser o seu refúgio. Mas, hoje não há muitas árvores nos quintais. Daí a pergunta: De onde veio esse bichinho?
Pensando bem, os animais silvestres estão cada vez mais acuados, sem reservas para o seu habitat. Nós humanos invadimos o seu território e os deixamos soltos na natureza, sem nenhum refúgio. Estão perdidos e procuram qualquer brecha para se esconderem. São como meninos desgarrados, que se perderam nos caminhos e não acham o caminho de volta. É desolador...
E com a urbanização de todos os espaços, veremos em futuro próximo fatos semelhantes acontecerem amiúde... Já apareceram no meu sítio, que dista apenas oito quilômetros da cidade, uma onça, jacarés, sucuris, macacos e uma infinidade de aves. Seriemas fizeram dos pastos seu cantinho, tucanos estão sempre empoleirados nos mamoeiros e gralhas vivem à espreita de ovos das galinhas e de outros pássaros...
E temos bem pertinho do nosso espaço, um pequeno bosque de onde descem teiús para comer os ovos das galinhas.
Concluindo, vai chegar um tempo em que os bichos virão até nossos quintais disputar a nossa comida.
É o preço que teremos que pagar por não termos respeitado a natureza.

Mirandópolis, maio de 2018.
kimie oku in



sexta-feira, 4 de maio de 2018


               Alegria num velório????
        
         Ultimamente tenho ido a tantos velórios que me pergunto sempre: Serei a próxima?
        Sei que é a lei natural da vida. O que nasce um dia, um dia morre. O que começou, um dia acaba. Começo, meio e fim. E o c’est fini é sempre misterioso e assustador, porque é desconhecido. Mesmo as pessoas mais inteligentes e ligadas às  coisas espirituais não deixam de sentir um frio na alma, diante da morte. Da morte de alguém, de um ente querido ou mesmo diante da perspectiva de sua própria...
        Aos setenta e seis anos de idade, percebo que já fui a tantos funerais e já era para ter intimidade com a morte, e aceitá-la como uma amiga, que um dia virá me recolher... Mas, ainda sinto um arrepio diante da possibilidade de cair morta de repente. E isso seria uma bênção. Cair morta de repente...
        Uma senhorinha querida e muito simples orava todos os dias para a Senhora Aparecida lhe conceder uma boa morte. Todos os dias ela me falava que já havia feito seu pedido para a Santa... Uma manhã, ela começou a sentir que não estava bem, e levaram-na ao Hospital. O mal estar começou às nove horas e ela faleceu às onze. Aos oitenta e três anos de idade... Dona Luísa...  A Senhora Aparecida poderosa lhe atendeu o pedido e fiquei muito impressionada. E hoje sou eu que peço a mesma coisa para a Santa. Se bem que nem sei se tenho tamanho merecimento.
        Mas, voltando aos velórios, constatei que em meio à dor da perda, do sentimento de abandono que toma conta de nós diante de um esquife com uma pessoa querida, também acontece uma coisa real e interessante. Em meio aos abraços de tantos amigos e familiares de repente, se descobre uma feição querida que há décadas não se via...  E mesmo nessa hora, a explosão de alegria de rever a pessoa querida acontece. É um grande consolo que veio de longe para oferecer o ombro amigo, para chorar... O coração fica confuso porque quer se alegrar diante da pessoa tão querida, mas a dor está presente e não vai embora assim facilmente.
        Experimentei esses sentimentos e fiquei pensando se é justo alegrar-se num velório?  Se a alegria que toma conta da gente magoaria a pessoa que estaria velando? Se alegrar-se num velório de pessoas queridas é uma coisa muito estranha?
        São fatos que acontecem todos os dias, mas o coração fica meio perdido na dor. E a alegria sempre fica contida, meio bloqueada... Mas é muito bom rever pessoas queridas, mesmo nessa hora de muita tristeza.
        Porque a vida é repleta de tristeza e alegria, de lágrimas e sorrisos. E não há como separar uns dos outros.
        Mirandópolis, maio de 2018.
        kimie oku in