terça-feira, 16 de agosto de 2022

 

            Globalização

    Uns trinta anos atrás, não havia essa tal de globalização.

      Cada povo vivia em seu território, pelejando pela comida, por um emprego, por um lugar ao sol. Nas ilhas distantes e isoladas, viviam ilhéus inocentes dos inventos da civilização. E todos eram felizes de alguma forma, na sua pureza, nas suas tradições, na sua inocência...

      Mas o ser humano ambicionou pelo conforto, por locomoção sem usar pernas, pela faxina sem fazer força, pela água e comida na mesa sem pelejar. E tanto fez e buscou que hoje a comida já vem pronta, a roupa lavada pela máquina, a água filtrada em garrafinhas...

E tudo ficou fácil com a lei do menor esforço...

Entretanto, junto com a facilidade e o conforto veio a tal da globalização. Acho que isso foi uma desgraça para a humanidade. Globalizar significa aproximar, deixar tudo próximo, tudo atual. Hoje sabemos graças à transmissão por satélite, tudo que acontece no mundo em tempo real. Parecia interessante saber como viviam os povos que viviam nos confins do mundo...

Então, os povos se intercambiaram, indo de um lugar para outro, espiando vidas alheias... E nem as ilhas perdidas no fim do mundo foram poupadas... E a globalização levou a modernidade, as máquinas que facilitam a vida do homem. Bicicletas, carros, aviões, trens... E levou junto a ânsia de querer mais coisas, mais máquinas modernas... E de repente, todos tinham perdido a inocência. Todos ficaram ambiciosos, mesmo os que nem sabiam ler e escrever... Money era tudo, o deus da modernidade.

Só que há um detalhe doloroso nessa globalização.

Os vírus mais terríveis escondidos nos confins foram cutucados e espalhados por todos os cantos. E a doença se tornou um lugar comum no mundo inteiro. Ninguém mais está protegido de nada no mundo de hoje. Graças à globalização.

Mirandópolis, agosto de 2022.

kimie oku in

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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

 

            Mortais

    A morte de Jô Soares nos faz refletir sobre a mortalidade de todos os seres. Ninguém é imortal. Só Deus, o Supremo.

      A humanidade inventou essa de imortalidade em se referindo aos famosos, mas é sobre o que concerne às lembranças, aos feitos e às grandes realizações. Não é sobre o corpo físico do indivíduo.

O homem morre definitivamente, e não tem volta.

      Por mais famoso, por mais grandioso, por mais santo, por mais cruel e por mais sábio que seja, todos morrem. Chegam ao ponto final e depois não tem vírgula, nem dois pontos para resgatá-los...

Morreu, acabou, parou no porto do ocaso, cést fini...

A morte é uma condição intrínseca dos seres vivos. Até as árvores, que parecem eternas morrem. Podem viver mil anos, dez mil anos, mas morrem. A morte nos espera todos os dias.

Então, vivamos serenamente. Como o Criador determinou. Cuidando de tudo, como um passarinho que todos os dias cumpre seu dever de fazer o ninho, de criar os filhotes, de soltá-los para o mundo, de usufruir o momento, a natureza, sem esperar nada em troca. Porque a luta diária, as pequenas obrigações do dia a dia é que são as recompensas.

Porque a vida é a recompensa.

Felizes os que foram agraciados com a vida.

E puderam vivê-la plenamente.

kimie  oku in

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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

 

             Um quilo de carne

      Todos os dias aparece alguém pedindo comida.

      Em outros tempos, havia pedintes, mas não tanto assim.

      Realmente estamos vivendo tempos difíceis. Consequência do vírus que arrasou com a economia do mundo e, da recente guerra na Ucrânia, que fez o preço dos combustíveis chegar à estratosfera.

Gente pedindo uma ajuda para comprar comida, gente pedindo uma refeição, gente meio desesperada pedindo ajuda para comprar um lanche para o filho pequeno... E percebe-se que não é mentira, que a fome bateu nas portas de muitas famílias. Por outro lado, constatei que o número de coletores de recicláveis se multiplicou. Antes, havia uma dúzia de cidadãos conhecidos catando papelões e latinhas. Hoje há tanta gente, que a gente não conhece. Provavelmente, são  trabalhadores que perderam emprego por conta da recessão, ocasionada pela pandemia. Gente honrada, que não fica esperando ajuda dos céus. Que vai à luta para garantir o leite, o feijão e o arroz. Realmente está muito difícil para muita gente.

Eu pessoalmente estou fazendo o que posso para ajudar duas famílias, ofertando-lhes um quilo e meio de carne por semana. Sei que é pouco, mas essa porção já minimiza a necessidade de proteínas dessas famílias. Porque a carne nunca esteve tão ausente da mesa dos pobres... E estou escrevendo isso só para meus amigos também adotarem essa forma de ajuda. É gratificante ir ao mercado ou açougue e comprar carne de porco, linguiça ou frango para contribuir com as cozinheiras, que não sabem o que servir aos filhos... Elas estão só servindo ovos todas as semanas. Quando podem! E três quilos de carne não vão empobrecer nenhum amigo meu, com certeza.

Acho que Campanha da Fraternidade deve ser assim: estender a mão e o coração para os que estão passando dificuldades.

E há tanta gente assim.

E há muita gente que pode ajudar.

Vamos todos fazer uma ciranda de ajuda fraterna. Ajudando duas famílias por semana. Não precisa ser um quilo e meio. Pode ser um quilo ou meio quilo. Mas que seja semanalmente, para aliviar a  necessidade dessas famílias.

Os trabalhadores estão precisando de ajuda.

Vãos salvá-los!

Mirandópolis, agosto de 2022.

kimie oku in

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