segunda-feira, 30 de março de 2015

Cirandada de março
    
   Sexta-feira, dia 27 último realizamos o encontro de março. Foi na Chácara do seu Albertino, como de costume.
        Havia chovido na madrugada, e o dia prometia chuva, mas não, deu um dia ensolarado, muito quente.
        Para a alegria de todos, além do seu Albertino que toca acordeon e do Agnaldo no pandeiro, compareceram para prestigiar a festa, o Gerval com o acordeon, seu irmão Jovanini e o seu Zeferino com violão. Músico é que não faltou.
     A novidade do dia foi a presença da Ana Maria Abranches Jacomelli, uma das fundadoras da Ciranda, que veio de Ribeirão Preto onde mora atualmente, para participar do encontro. Foi uma grande alegria para todos matar as saudades.

        E mais uma cirandeira foi admitida no grupo – é a Professora Leonor Aparecida Felipini Rezeke, que irá colaborar na organização do encontros. Foi bem recepcionada pelos cirandeiros.
        Como recentemente perdemos dois cantores de valor, a tarde foi de homenagem a Inesita Barroso e a José Rico. O grupo cantou várias músicas desses famosos que partiram para sempre, deixando um vasto repertório de canções inesquecíveis.
        Após servir um lanche, a Kimie se dirigiu ao grupo e relembrou os quesitos fundamentais da Ciranda, que a tem sustentado: Objetivo maior é tirar os idosos solitários de suas casas, para usufruírem uma tarde de lazer num lugar agradável no campo; não cuidar da vida alheia; não discutir Religião nem Política; e não cobrar nada de ninguém. Disse ainda que só devem ser admitidos os idosos solitários, que não saem de casa, não têm vida social, que não recebem visitas... Que os mais novos devem ser voluntários, oferecendo seu tempo, lanches e transporte para os que precisam de ajuda. Ainda reforçou dizendo que o Grupo não é um Clube Social, onde entra todo mundo. As pessoas têm que ser selecionadas, porque o local é pequeno e não comporta tanta gente. É que há muita gente equivocada sobre os objetivos da Ciranda. E que todos devem se preocupar com o bem estar de quem participa, conversando com eles e dando-lhes carinho e atenção.
        Depois disso, foi só cantoria, com as sanfonas enchendo a tarde de música boa. Em seguida, foi a brincadeira da Ciranda, onde muitos declamaram seus poemas, especialmente o Professor Dinho que recitou “Sodade” e o seu Orlandinho que sempre declama seus poemas. A Ana Jacomelli falou das saudades que sente do grupo e da satisfação de estar presente. E a Vina cantou “Chão de Estrelas”.
     E assim, a tarde se foi, e o pessoal voltou para casa, com alma fortalecida de novas energias.
E abril tem mais!



Mirandópolis, março de 2015.
kimie oku in





terça-feira, 24 de março de 2015

                                       Gente solidária
   Tenho visto no face book, alguns comentários negativos sobre pessoas de nossa comunidade, que me deixaram muito preocupada. Muita gente interagindo de longe, está com péssima impressão dos moradores de Mirandópolis.
     Mirandópolis é uma pequena cidade do interior paulista, e possui os mesmos problemas de outras cidades. Há gente que comete atos ilícitos, que usa a Política para “abençoar” seus afilhados com empregos e vantagens, a que não fazem jus... Tem gente que ocupa cargos importantes e, não cumpre suas obrigações... Tem maracutaias que as Ongs estão denunciando para a Justiça tomar providências...
     Quero deixar claro que, não sou a favor de atos ilícitos, e aplaudo as ações da Promotoria no sentido de corrigir as  defasagens, uma vez que o cidadão está lotado em cargo importante para servir ao povo. E é pago para isso.
     O que me incomoda é a maneira como os fatos são divulgados, generalizando atos particulares como se fossem práticas de todos os cidadãos mirandopolenses.
Lá fora, e ainda em outros países, porque a Internet tem vasto alcance, a imagem nossa fica denegrida, quando se generaliza esses episódios praticados por alguns desonestos.
     Por isso, quero deixar registrado que Mirandópolis tem muita gente boa. Gente solidária, que estende a mão para o próximo com muita generosidade. São centenas de pessoas que há décadas fazem serviços voluntários, como os Leilões de Gado em favor do Hospital do Câncer e em favor da APAE (Associação de Amigos e Pais de Excepcionais) e, outras campanhas beneficentes em favor da AMAI (Associação Mirandopolense de Assistência ao Idoso) e, da Casa da Criança. Esses leilões de gado contam sempre com a generosidade de pecuaristas do município e região, que doam suas reses. Ainda, as senhoras da sociedade local, e cidades vizinhas colaboram preparando doces e peças de artesanato para o Bazar, que acontece junto com os leilões. Tudo isso garante a cada ano uma boa renda, que é enviada para o Hospital de Câncer de Barretos, onde nossos doentes recebem assistência contínua; e a APAE também é servida com a renda do Leilão, sem a qual seria impossível manter aquela instituição. A APAE dá assistência também para moradores de cidades vizinhas.
     E a Casa da Criança e a AMAI também dependem de verbas de campanhas da comunidade, para os serviços que vêm prestando, abrigando e cuidando de crianças enquanto seus pais estão trabalhando; e cuidando de idosos que não têm quem os olhe.
     Além disso, ainda há grupos de pessoas que se dedicam a uma assistência específica, como o grupo de Senhoras do Centro Espírita Bezerra de Menezes, que ensinam as gestantes a confeccionar enxovais de bebês e, doam esses mesmos enxovais para elas. Há ainda o Grupo Elohin, que recebe e cuida de dependentes de drogas, que queiram se libertar.
     Como vêm, a ação voluntária acontece plenamente, em favor de uma sociedade melhor, aqui em Mirandópolis. O povo daqui é muito generoso, e sempre acontecem campanhas em favor de crianças doentes, que precisam de cirurgias onerosas.
     Ainda os Clubes Sociais de Lions e Rotary têm desenvolvido boas campanhas, em favor de um mundo melhor. A ala jovem desses clubes têm arrecadado alimentos e material de limpeza para a AMAI, a Casa da Criança, e também para a APAE. Atualmente, as Escolas do município têm se mobilizado nesse sentido também. Então, as crianças e os jovens estão desde tenra idade, envolvidos em ações solidárias promovidas pela comunidade, em favor dos que precisam.  Todos trabalhando em favor de um mundo melhor.
Ah! Ia me esquecendo, há ainda a Ciranda, formada por um grupo de voluntários, que há quatro anos, vem proporcionando um encontro mensal aos idosos solitários da cidade.    
     Talvez existam outros grupos que eu desconheça, mas em resumo é isso que ocorre anualmente em nossa cidade.
     Ultimamente têm se revelado muitas ações negativas de funcionários públicos, que praticam a ilegalidade como se fosse ato normal. E a revolta de outros cidadãos acaba mostrando esse lado podre de alguns, nas redes sociais... E quem não conhece a nossa sociedade fica com a impressão que, todos nós somos desonestos e agimos ilegalmente.
     Fico muito triste com as repercussões, que atingem toda a população de Mirandópolis. Mas, aqui existe muita gente honesta e trabalhadora, e eu me orgulho disso.
     E logo, logo teremos o Leilão de Gado em favor da APAE de Mirandópolis. Será no dia 12 de abril, e os preparativos já começaram.  E eu preciso preparar uma prenda de artesanato para o Bazar. O pessoal não brinca em serviço. É o ano inteiro pelejando em favor de uma sociedade melhor.
     Não é à toa que Mirandópolis tem o cognome de “Cidade Labor”. E é bem assim.   

     Mirandópolis, março de 2015.
     kimie oku in


    
      

      

quinta-feira, 12 de março de 2015

                                Quando a chuva cai
  
  É uma sensação agradável despertar de madrugada com a chuva caindo lá fora.
   O barulho suave das gotas molhando o chão, do vento frio soprando, e trazendo a refrescância para o interior da casa, causam um bem estar tão gratificante, que é impossível não ficar animado.
     E o que é a chuva?
Apenas um fenômeno natural, que faz acontecer o ciclo das águas. A água que há nos oceanos, rios e lagos serve aos seres vivos e, com o calor do sol entra em ebulição e se transforma em vapor. O vapor é bem leve e sobe para a atmosfera, formando aquelas massas brancas que parecem montanhas de algodão. São as nuvens. Estão pejadas de água em forma de gases. Quando essas nuvens encontram uma corrente de ar frio, voltam ao estado líquido e caem na Terra em forma de gotas. É a bendita chuva. Tão esperada nos últimos tempos.
     Mas, como as árvores entram nesse processo do ciclo da água?
As árvores amortecem a queda da água da atmosfera, e absorvem-na usando as raízes para se alimentar. E depois, através da transpiração pelas folhas, elas devolvem essa mesma água em forma de vapor para a atmosfera. Que formará as nuvens, que por sua vez se transformará em chuva.
Assim é o Ciclo da água.
Nos primórdios dos tempos, quando o Planeta se formou, havia uma cobertura na Terra para a proteger, formada pelas florestas sem fim. Mas, o homem no seu afã de consumir, de produzir, de absorver vantagens, foi devastando as matas, formando pastagens e roças. E as florestas foram desaparecendo...
Então, hoje o ciclo da água está irremediavelmente alterado. Esse ir e vir das águas não tem mais o momento certo, nem a quantidade necessária para matar a sede dos seres vivos e da Terra. E por que?
Pela devastação das florestas, a Terra ficou desprotegida, e quando a chuva cai com força, vai erodindo o solo, destruindo a camada do chão que contém nutrientes para os vegetais. E a terra em forma de areia solta é levada para os rios e córregos, enterrando as minas d’água. E os rios acabam morrendo...
Além do processo de absorção da água que as árvores fazem, e devolução da mesma para formar a chuva, ainda elas protegem a camada do solo fértil, evitando a formação de desertos. Se as árvores estão nas margens de rios e córregos, elas seguram o solo e evitam que as terras ribeirinhas invadam as águas, e mantêm saudáveis essas correntes, que por séculos continuarão irrigando a região. Daí a importância dessas matas ciliares, que protegem os rios como os cílios que evitam a entrada de sujeira em nossos olhos...
Para termos água em abundância é preciso chover em períodos certos, e na quantidade certa. Mas, com a morte de  centenas de rios e destruição das matas, promovidas pelo homem, a Natureza se desequilibrou e períodos de seca prolongada estão acontecendo com mais frequência.
E toda a humanidade está sofrendo, além dos animais que morrem de sede e fome... Terras férteis estão se transformando em desertos, os veios de água estão desaparecendo, e a humanidade vai pagar caro por esse crime contra o meio ambiente.
Nó todos estamos tão acostumados com as chuvas, os ventos, o frio e os tempos de seca prolongada, que muitas vezes nem percebemos as transformações que estão ocorrendo na Terra. Às vezes penso que, o Planeta Marte também foi habitado e que seus moradores conseguiram matá-lo. Porque dizem os cientistas que, pelas imagens obtidas através de naves-ciência, há sinais de que havia água em seu solo. Será que a humanidade com essa vocação de destruição, fará o mesmo com a Terra?
Matar o Planeta significa acabar com seus moradores, tanto animais como vegetais.
E passados milênios, algum habitante de outro planeta virá a essa Terra, e se perguntará para onde foram seus habitantes, o que ocorreu com essa bola morta que vaga pelo espaço sideral, sem nenhuma missão determinada, sem nenhum ser vivo?
Sim, a coisa é séria!
É tão confortável ver a chuva caindo em tiras longas e saciando a sede da Terra. É tão maravilhoso ver as plantas, os campos, os pastos sorvendo a água fria que cai do céu. É tão gratificante ver os cavalinhos, cabritos e carneirinhos pulando satisfeitos depois de uma chuva que refrescou o ar. Até as árvores sacodem suas ramas, satisfeitas com o banho que as libertou da poeira acumulada...
E é maravilhoso sorver o ar perfumado depois de uma chuva de verão.
Para tudo isso ser perene temos que fazer a nossa parte. Cuidar do meio ambiente como cuidamos de nossos quartos, onde gostamos de usufruir um sono tranquilo todas as noites... Cuidar deste Planeta como cuidamos de nossa cozinha, que nos fornece o alimento de cada dia. Ninguém joga lixo na cozinha, que deve primar pela higiene. Cuidar dos campos e pastagens para haver sempre sombra boa de árvores amigas.
Que tal começar agora essa tarefa?
Recolhendo lixo e protegendo rios e árvores?

Mirandópolis, fevereiro de 2015.
kimie Oku in



segunda-feira, 9 de março de 2015

    Viver, a grande arte
    A cada dia que passa, ouço anúncios de falecimentos de pessoas conhecidas e amigas. Às vezes, a gente se assusta, porque tem morrido muita gente jovem, e alguns foram mortos...
Aqui em Mirandópolis virou moda matar gente. Como matam jovens! Sempre envolvidos com drogas. Penso que a maioria não aproveitou nada da vida, se perdeu para essas porcarias, não realizou um sonho sequer, não viveu confortavelmente e por causa de alguns reais, suas vidas foram interrompidas. É lamentável, porque poderiam ter sido felizes, se não tivessem cruzado o caminho das drogas. Poderiam ter tido uma vida organizada, e como cidadãos honrados, cuidado de  sua prole com um trabalho digno. Mas, alguém lhes ofereceu algo que  dá uma sensação incrível... que leva à morte.
        O que é a vida?
        É uma dádiva recebida do Criador, não sei se por mérito ou castigo... Porque conheço tanta gente que leva ou levou uma vida de penúria, sem um gosto sequer por ter passado nessa terra. A maioria porém, leva uma vida mais ou menos tranquila, sem maiores aborrecimentos.
        Hoje é muito difícil viver. Os costumes são outros.  Não há mais distinção entre o que é correto e o que não é. As pessoas agem conforme o humor do dia, não respeitam os outros e gritam seus direitos, como se fossem reis para serem bem servidos. A maioria arroga direitos e se esquece dos deveres. E os exemplos vão criando uma leva de criaturas desrespeitosas, que se apossam das coisas alheias, como se fosse uma coisa normal... Que não sabem o valor e o custo das coisas, que a gente conseguiu com tanto esforço e economia...

Todos os dias a verdade podre da sociedade é revelada: Funcionários que aparentam ser cidadãos honestos falham no atendimento ao público, amealhando os rendimentos e escapando do Posto de trabalho, para praticar serviços particulares. Gente que finge trabalhar. Pode uma coisa dessas? E falam de Brasília... A podridão está tanto lá como cá, diante de nossos olhos...
        Quem foi educado na retidão, que aprendeu a cumprir seus deveres jamais fará uma maracutaia dessas.
        Viver significa trabalhar, não há outra alternativa. Quem pensa que a vida pode ser levada na moleza e no desfrute está totalmente enganado. Se observarmos as criaturas menores que andam pelo chão, percebemos que todas elas estão pelejando todos os dias, para levar comida à prole. As formigas, os passarinhos, as borboletas, os gatos, os cães não param. Estão sempre à procura de comida e mais comida. Cada um cumprindo sua missão.
        Mas, o homem que se julga tão esperto pensa que, pode dar um drible e fazer de conta que está trabalhando. Isso acontece quando ele consegue uma função ou cargo público. É muito estranho. O indivíduo estuda, presta concursos e quando é lotado num cargo de relevância, com bons rendimentos, passa a querer usufruir só das benesses e se esquece de seus deveres. E acha que ninguém percebe que está enganando... Mas, um comentário aqui, outro lá, e mais lá vai se acumulando e, a ficha suja do indivíduo de repente fica pública.
 Sei de médicos que atendem no Hospital Público e, cobram descaradamente do paciente, pelos serviços já pagos pelo Estado. Que cobram pelas receitas de remédios, que ele é obrigado a fornecer ao dar alta ao paciente. E o paciente, com medo de precisar novamente desse profissional, acaba pagando e se cala mesmo com o coração cheio de revolta.
Estive pensando, se nas Escolas os professores fizessem o mesmo? Cobrar pelas aulas de Escolas públicas? Sair durante o expediente para cuidar de interesses particulares, e deixar os alunos ao Deus dará? Seria um caos. As mães gritariam, os meninos poriam fogo na escola, os demais funcionários denunciariam os professores irresponsáveis, que seriam demitidos a bem do serviço público. Felizmente, isso não acontece, porque professores são forjados na têmpera do dever e da responsabilidade, e eles devem primar pelo exemplo para serem aceitos como aqueles que ensinam, que orientam. A classe de professores é a menos valorizada, mas os mestres têm um brio e um orgulho que os diferencia de muitos outros profissionais. Por isso, são Professores e merecem respeito.
Já está mais que provado que, trambiques, maracutaias e desserviços acabam sempre se tornando públicas. Mesmo assim, ainda há gente que, pensa que a sociedade é burra e cega. Mal sabem eles que, a boca é o alto falante que denuncia aos quatro ventos, tanto os atos heroicos dos cidadãos, assim como os conluios, as safadezas e os deslizes nojentos de certos indivíduos.
Na cidade há profissionais na área da Saúde, da Educação e outras que primam pelos bons serviços que prestam ano após ano, com dedicação, com zelo, com gentileza, com competência...  Mas, alguns novos que estão aparecendo desconhecem a ética e o profissionalismo. Só querem Money, Money, Money. Desventurados prestadores de serviços, não sabem que o nome e a honra são mais, mas muito mais valiosos que o dim dim?
Há um ditado muito sábio que diz “Deus às vezes castiga o homem, tornando-o rico” Quando o dinheiro passa a ser a meta do cidadão, ele estará perdido para sempre. Irá querer mais e mais e sua ganância não terá fim. Deixará de viver, de usufruir a companhia da família, os momentos de paz e alegria, para correr atrás da mina que forneça mais ouro. E quando der fé, já a vida terá passado, estará velho e não poderá usufruir tudo que acumulou... Desventurado!
Então viver tem que ser um ato simples.
Trabalhar como profissionais competentes, e servir aos que precisam de assistência, para resolver suas dúvidas e seus problemas. É para isso que as atividades estão bem diversificadas. Cada um se especializando numa área para bem servir ao público. É assim que a sociedade funciona. É para isso que existem Escolas especializadas, e é para isso que os jovens prestam vestibulares, entram em faculdades e se especializam numa determinada área. Para trabalhar. E não para dizer que tem uma formação disso ou daquilo e, pleitear cargos importantes para dormir em berço esplêndido.
A vida é para ser vivida apenas uma vez. Somente uma vez. E tem gente que desperdiça essa oportunidade só cometendo enganos. Como o brasileiro traficante de drogas, que foi executado na Indonésia. E outro que está também no corredor da morte pela mesma razão.
O indivíduo nasce como um bebê inocente, que enche de esperanças aos genitores, recebe educação, é preparado para enfrentar a vida sozinho... E aí, começa a praticar pequenos deslizes, que fatalmente o levarão à perdição total. E acaba fuzilado... a bem da sociedade. Isso é muito devastador.
E tudo isso por que?
Por ganância pura e simples.
Ganância de dinheiro, de bens materiais, de poder para dominar os que o cercam...
Quando morre, nada disso o salvará, nem irá prolongar sua vida... e nem evitará a morte!
Para que viveu, então?
Viver bem é uma grande Arte!

Mirandópolis, fevereiro de 2015.
kimie oku in
http://cronicasdekimie.blogspot. Com.br/

      


segunda-feira, 2 de março de 2015

             
                  Cirandando outra vez...

        
        Sexta-feira passada aconteceu mais uma cirandada. Foi na Chácara do seu Albertino Prando.
O dia estava muito quente e achei que não ia ser legal. Muitas pessoas não puderam ir, por motivos vários, principalmente por problemas de saúde, visita a hospitais... É que a maioria é gente idosa e requer cuidados constantes.
Mesmo assim, foi possível reunir uma boa turma que conversou, riu, cantou e dançou bastante.
Seu Albertino e o Agnaldo se encarregaram de animar a festa, com o acordeom e o pandeiro. E os cantores de plantão soltaram a voz. Como apresentação especial, a Vina cantou Chão de Estrelas, que sempre encanta a todos.
Seu Orlandinho declamou seus poemas e a Vina leu um lindo texto sobre as relações em família, para reflexão.

E o Professor Gabriel relatou o golpe do “Oi, Tia!” que está ocorrendo com frequência na cidade. Consiste num telefonema, que algum bandido liga dizendo “Oi, tia!” A pessoa que atende fica confusa e pergunta : “É você, fulano?”  (nome de algum sobrinho).  E aí, o bandido confirma, e conta uma história falsa de um acidente, fingindo ser o tal sobrinho. E pede para depositar certo valor numa determinada conta (do bandido, é claro!). Gabriel disse que alguém havia caído nesse conto, e alertou o pessoal para não dizer nome nenhum. E exigir que o interlocutor se identifique, ou cortar a ligação para não cair no conto.
 A Kimie relatou a história de outro cidadão que, viu um pacote de jornal caído no chão, com uma cédula de vinte reais aparecendo... Ele catou o pacote e foi entregar a dois indivíduos, que agradeceram dizendo que ali havia sessenta mil reais. E aí contaram uma história mirabolante, e conseguiram tomar todo o décimo terceiro do cidadão, que havia retirado do Banco. E no pacote de jornal que lhe deram, só havia a nota de vinte reais...
Os idosos são pessoas muito ingênuas e caem nesses contos, facilmente. São muito crédulas, por isso os bandidos ficam de olho neles. E é muito decepcionante constatar que, perdem todo o dinheiro da aposentadoria por causa de sua inocência... E aí, passam apertados o mês todo sem o dinheiro, que é a sua aposentadoria...
Na medida do possível, nós da Ciranda procuramos alertar os amigos sobres essas tristes ocorrências, prevenindo-os para não serem mais outras vítimas...
E com essas conversas e outros contos, a tarde passou e todos voltaram contentes para casa.
Até o próximo encontro, cirandeiros!
Mirandópolis, março de 2015.
kimie oku in



                                Cultivar a terra
     Quando era jovem e tinha que ajudar na roça a derriçar café, apanhar algodão, carpir os matos, achava que era uma tortura ... trabalhar ao sol, transpirando o tempo todo e não vendo nada diferente, era muito, mas muito monótono e desgastante.
   E vivia sonhando com o dia, em que me libertasse desse desconforto da vida na roça, para viver uma vida mais leve, mais agradável.
      E os estudos me levaram a ser professora. Uma professorinha como tantas outras, para ensinar o be a bá às crianças. E isso também me levou para o mato, para as escolinhas rurais. Sim, porque os professores recém formados começavam na profissão, dando aulas nas escolas isoladas, que ficavam distantes dez a cinquenta quilômetros da cidade. E tinham que morar lá, porque não havia meios de transporte. E viver a vida do campo junto com os alunos...
       Com o acúmulo de pontos e a efetivação no cargo por concurso, acabei vindo morar na cidade, onde era a minha sede de serviço. Isso só depois de anos na roça... E aqui acabei me aposentando, como gente que mora na cidade. Cidade pequena mas cidade. 
      E após anos de aposentada, senti sem querer o apelo da terra, que me convidava a plantar... Plantar flores, árvores frutíferas, ervas medicinais, legumes e verduras. Talvez como dizem alguns amigos, esse gosto pela terra venha de minha origem, pois japonês gosta mesmo de cultivar a terra...
A propósito, li uma linda biografia de um jovem da Província de Iwate, Japão, que se dedicou a cultivar a terra com todo empenho, porque os conterrâneos passavam muita fome no Inverno... Kenji Miyazawa era de família rica, mas tinha imensa compaixão dos coleguinhas de escola, que não levavam marmita quando acabava a comida da despensa... E se condoía com o sofrimento de todos os lavradores da região, que era uma das mais pobres do Japão. Em Iwate ken, chovia sem parar e nevava o Inverno todo, impossibilitando o arroz de cachear. Vendo todo esse sofrimento, ele resolveu ser Técnico Agrícola, para descobrir meios de melhorar a colheita, e diminuir a fome. Saiu do conforto de casa, onde nada faltava, e foi morar num casebre para ficar junto dos agricultores, para orientá-los no preparo da terra, na adubação, na escolha das sementes... Tornou-se um guia de todos que cultivavam a terra. Enfrentou nevascas, e tempestades, indo socorrer os mais desamparados. E com isso, ficou doente dos pulmões e acabou perdendo a vida, com apenas 38 anos de idade... Nesses trinta e oito anos, trabalhou com desespero, dando aulas na Escola Agrícola, e fazendo reuniões com os trabalhadores rurais, para orientá-los em técnicas de melhor produção. Além disso, foi Poeta também. Seus poemas procuram sempre animar o trabalhador para não desistir. O mais famoso deles é o que fala em não perder para a chuva, não perder para a neve, não perder para o vento, não perder para o sol inclemente... que todas as crianças do Curso Primário do Japão conhecem de cor.
Quando li essa história verdadeira, fiquei bastante emocionada. Parecia que estava lendo a história de Madre Teresa da roça. Ele só se dedicou a defender os lavradores, viveu só, não se casou e nas poucas horas vagas, escreveu centenas de poemas para animar os trabalhadores.
E tudo isso me levou a cultivar a terra também. Se bem que, conto sempre com a inestimável ajuda do meu companheiro, que faz a parte mais pesada. E assim, já fizemos milhares de mudas de árvores madeira de lei como cabreúva, aroeira, cedro, pau brasil, jacarandá mimoso, ipês de todas as cores, seringueira e outras mais, que andamos distribuindo para quem as quisesse plantar. Tenho amigos que as têm formado em suas chácaras, florindo e dando boas sombras.
Mas, agora, estamos na horta, cultivando legumes para o consumo. São as beterrabas, os quiabos, as abóboras, os espinafres, os brócolis, as cenouras, os tomatinhos, as berinjelas...
É fácil cultivar uma horta? Não, não é!  Requer muita dedicação e olho atento, para combater as pragas em forma de formigas, pulgões e lagartas... como as lagartas são vorazes! Elas devoram as folhas de um dia para o outro. E os pulgões são terríveis, quando atacam os brócolis, não há solução. Além disso, ainda temos o problema do sol quente demais que chega a sapecar as folhas como uma fogueira, e da chuva que nunca vem quando precisamos. E ultimamente, temos sentido muito a sua falta. Felizmente temos um poço, que nos fornece água boa em profusão.
E quando os dias estão quentes demais, os passarinhos vêm disputar o chuveirinho dos esguichos de água, com que molhamos os canteiros. Outros vêm se banhar nas poças, que se formam no chão. De qualquer forma, acho que nossas incursões na horta, são providenciais também para outros seres vivos.
         Por que será que a gente se põe a cutucar a terra, se é tão fácil comprar os legumes na feira e na mercearia? Eu mesma não sei explicar. É um gosto, um prazer que a gente sente ao preparar o solo, semear e ver os brotinhos despontando da terra fofa, crescendo dia a dia e se frutificando. E a alegria da colheita? Nada se compara a esse prazer, pois é fruto do próprio esforço e dedicação.
     E agora, estamos colhendo tantas berinjelas, que preciso dividir com os vizinhos e outros agregados...
         Tenho um amigo, o Jorge Chain que sempre diz: “Reforma Agrária no Brasil só dará certo se, o Governo der um japonês para cada família que receber a terra.”
         Às vezes, acho que ele tem razão.
         E vamos plantar, que o Brasil é imenso e a fome do mundo é maior ainda!
        
         Mirandópolis, fevereiro de 2015.
         kimie oku in


        Legenda de fotos:
   
       1.  Pé de mexerica, que morreu com a última seca
       2.  Pés de pau brasil, plantadas  pelo Nori
       3.  Legumes que cultivamos em nossa horta