quarta-feira, 30 de agosto de 2017

  Curiosidade


Três vezes por semana vou ao sítio.
Cuidar da horta, das flores.
Para isso, sempre passo pela ponte que há na Área Verde.
O mesmo bairro, onde há umas casinholas.
Que a Justiça quer demolir.
Junto da pontezinha há um casebre.
Cheia de remendos de papelão nas paredes...
Ali ainda mora uma família, apesar da determinação judicial...
De desocupar a área.
Bem ali, junto da casinhola descobri uma coisa.
Incrível.
Pois bem, há uns dois meses, reparei numa árvore cheia de bolinhas dependuradas...
Sempre pensava em parar e apanhar aquelas bolinhas.
Queria saber que frutos eram aqueles, que davam numa árvore totalmente seca.
Curiosa para pegar sementes e fazer mudas lá no sítio...
Mas, como o acostamento ali é reduzido, nunca pedi pro Nori parar.
Ainda bem!
Ontem, a pista estava livre e paramos.

E apanhei as tais bolinhas.
Vocês nem imaginam o que eram.
Foi difícil, porque não se soltavam facilmente.
Chegando em casa, curiosa como sou fui abrir essas coisas.

E fiquei arrepiada!
Eram casulos feitos por lagartas que consumiram com a árvore!
Busquei informações no Google e descobri que:
isso é uma praga que ocorre em algumas regiões,
que destrói bosques inteiros de árvores,
e o restante deixo pra vocês pesquisarem.
Felizmente, os bichinhos já tinham saído e ficaram as cascas das crisálidas...
Se eu os tivesse apanhado quando verdes, acharia as lagartas dentro.
Tenho horror de lagartas...
E eu querendo sementes para plantar!
Coisa de louco, né?

Daí me lembrei que vi num documentário na NHK, canal japonês que, existe uma árvore que alimenta lagartas que fazem casulos verdes de seda. O fio sai verde claro, sem necessidade de tingimento. E tem gente que cultiva essas árvores em roça, só para atrair as borboletas que lá vão botar seus ovos, de onde saem as lagartas. Elas comem as folhas da árvore e para se transformarem em borboletas, soltam um fio do corpo para formar o casulo. A lagarta se transforma em crisálida e fica hibernando no casulo... Um dia, sairá voando como borboleta.  E não se sabe por que razão, os fios de seda desses casulos são verdes. O lavrador não tem trabalho nenhum. É só fazer uma boa roça dessas árvores, que depois de um certo tempo, poderá colher os casulos grudados nos galhos.
 Mais uma que aprendi com a pesquisa e acima de tudo com a curiosidade.

     Mirandópolis,30 de agosto de 2017.
kimie oku in



segunda-feira, 28 de agosto de 2017

      Cirandando de novo...
      
      Na última sexta feira de agosto fomos cirandar de novo.
     Faltaram poucos cirandeiros e foi uma tarde muito boa.
      O Milton e a Remir também vieram.
     Comemoramos o aniversário da Maria Ivone.
   O seu Orlandinho declamou seus poemas e a Vina nos brindou com a interpretação de lindas músicas do nosso cancioneiro.
      A tarde toda foi de cantoria e música de sanfonas e violões enchendo o ar.
     E numa das pausas, consultei o grupo sobre a aquisição de algumas cadeiras de varanda, já que estamos há anos só utilizando cadeiras e bancos da Chácara. Todos apoiaram a ideia e ficou estabelecido que cada um contribuirá com o que puder, e se puder. O Osvaldo Valverde ficou encarregado de receber os valores e fazer a pesquisa de preços. Também designei três pessoas para levar avante a Ciranda em caso de nossa passagem, já que estou no limiar da vida com 75 anos. Consegui convencer que é necessário cuidar para que a Ciranda tenha continuidade. E designei a Flora Forte, a Jane Meire e o Osvaldo Valverde para garantir o futuro da Ciranda, porque é uma ideia que deu certo e faz muita gente feliz.
      E depois dos parabéns e do bolo da Maria Ivone, a festa terminou. E todos voltaram felizes para suas casas.
      E em setembro tem mais!

     
      Mirandópolis, 28 de agosto de 2017.
      kimie oku in

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domingo, 27 de agosto de 2017

  Gente de fibra - Waldir José Frigeri




Waldir José Frigeri é um homem simples, que nasceu em Promissão em 1937. Aos 3 anos de idade veio de mudança com a família para o Bairro Barreirão em Lavínia, onde morou até 1945, no sítio dos avós.
Por conta do trabalho na lavoura, sua família morou no Bairro Vila Nova, no Bairro km 50, em Mirandópolis, no sítio dos Wada em Guaraçaí, até que em 49 vieram para Mirandópolis.
Por essa razão, Waldir estudou nas escolinhas rurais e concluiu o Curso Primário no Grupo Escolar de Mirandópolis.
Quando menino, foi engraxate na Engraxataria do Décio Quírico. Como fora educado no hábito de freqüentar a Igreja Católica, certa noite foi às celebrações de Maria, que ocorria no mês de maio de todo ano. Nessa noite, algo estava reservado para ele, que determinaria o seu destino.

Dona Rosa de Lucchi, irmã de dona Antiniska de Lucchi Mustafa, que estava na Igreja, dirigiu-se ao grupo de meninos e perguntou se havia alguém interessado em trabalhar num Escritório. Mais que depressa, o Waldir levantou o braço e ali mesmo foi contratado. Isso foi em 1951, e o Waldir tinha apenas 13 anos de idade.
O menino foi contratado para trabalhar na Comercial Antonio Perez e Cia., cuja matriz era em São Paulo. Antonio Perez era irmão da mãe de Rosa e Antiniska de Lucchi.
A Empresa comprava café e amendoim, que beneficiava, descascando os grãos e revendendo para o mercado consumidor em São Paulo, ou despachando para o estrangeiro, através do Porto de Santos.
Naquela época, o Gerente da Comercial Perez em Mirandópolis era o senhor Dionino de Lucchi, irmão de dona Rosa.
O jovem tinha que fazer faxina do escritório, dos banheiros, ir ao Correio, e efetuava outras pequenas prestações de serviço.
O escritório estava instalado nas proximidades dos barracões da Empresa Perez, na Rafael Pereira, onde hoje mora o Waldir e sua esposa Reny.
A Máquina Perez iniciou suas atividades entre 1937/38, logo ali onde hoje está instalado o Supermercado do Nilton, na Rafael Pereira. À época, o local era uma chácara dos de Lucchi, cercada de mata. Em frente, onde está a residência dos Kanzawa, era a Serraria de Belmiro Jesus, que era o proprietário das terras, onde atualmente é o Bairro Sampaio. Logo ali, beirando a linha de trem, havia um conjunto de casas residenciais dos empregados da Serraria. Eram todas de tábuas sobrepostas horizontalmente, e o bairro tinha o aspecto de cidade do faroeste americano. Ainda hoje, subsistem algumas casas daqueles tempos, numa rua apertada e meio escondida.  E logo à frente da Máquina dos Perez começava o loteamento do senhor Manoel Alves de Ataíde.
Tudo em volta era rústico, ruas de terra, sem nenhum conforto, sem serviço de abastecimento de água e de esgoto e nem eletricidade. A cidade estava ainda cercada de mata virgem.
Quando chegava a época da safra, caminhões e carroças chegavam trazendo sacas de café e de amendoim, e todos trabalhavam dia e noite, beneficiando os grãos. Havia cerca de trinta funcionários e umas cinqüenta moças contratadas para selecionar o café beneficiado, eliminando as pedras e os grãos defeituosos.
Os caminhões carregados de café vinham das fazendas de Guaraçaí, Lavínia, Valparaíso e de Mirandópolis. Formavam-se filas para descarregar a produção. Os pequenos produtores traziam-na em carroças, que predominavam como meio de transporte naqueles tempos.
Naquela época, havia também as Máquinas de beneficiar do Wada, do Lourencinho e mais tarde a Cooperativa que comprou a Máquina do Sr. Wada. Era a época de ouro do café, que sustentava a economia do país. Como não havia eletricidade, para beneficiar os grãos as máquinas eram movidas a vapor. Então, queimava-se muita lenha, que havia com fartura ainda.
A Máquina dos Perez teve o privilégio de ser atendida diretamente pela Ferrovia, para carregar as sacas de café e amendoim que despachava. É que diante dos barracões, havia um desvio de linha dos trens o viradouro, para as manobras das locomotivas. Esse desvio de trilhos vinha da linha, passava ao lado da Serraria de Belmiro Jesus, atravessava a atual Rafael Pereira e terminava na Nove de Julho, com uma barreira.
Justamente ali onde passava o desvio foram construídos os barracões dos Perez, o que facilitou o trabalho de carregar e descarregar as sacarias. A Serraria também aproveitou o desvio e construiu trilhos diante de seus depósitos de madeira, para facilitar o embarque da madeira. No auge da colheita, sempre havia um ou mais vagões estacionados no desvio, sendo abastecidos com as sacas de café que seguiriam para São Paulo e Santos.
Waldir entrou para a Empresa e aprendeu tudo lá. Dona Rosa foi para ele uma segunda mãe, ensinando-lhe principalmente respeito e educação. Fez carreira na firma, começando do primeiro degrau e terminando como Gerente, quando se aposentou.
Dos companheiros de trabalho, lembra com saudades de Sebastião Scorissa, que entrou na Empresa em 1946. Foi um verdadeiro irmão, companheiro e amigo; também conviveu com Hermenegildo Canhada, que era ajudante de Sebastião Scorissa; de Éder Bottura, que só ficou 2 anos lá, mas a quem tem uma gratidão até hoje. É que o Sr. Bottura o pegou ainda jovem, fumando bituca de cigarro e lhe passou “um sabão”. Waldir ficou tão envergonhado que nunca mais fumou.
Em 1960, casou-se com a jovem Reny Justino, que era telefonista há mais ou menos 5 anos na Companhia Telefônica de Rio Preto, cujo Centro de Atendimento estava instalado diante da Praça Manoel Alves de Ataíde, onde hoje existe a loja Aluxe. A Chefe ou Encarregada, quando a Reny foi admitida era a Sra. Maria Aparecida, esposa do seu Leonel Mathias, substituída pela Sra. Dirce Godinho e mais tarde, pela própria Reny, que deixou a Empresa ao se casar, deixando em seu cargo a Sra. Maria Moreira. Reny se lembra que as ligações interurbanas eram difíceis de completar e demorava muito para se estabelecer contatos. 
Mas, mesmo assim, eram muito procuradas, porque as pessoas não possuíam carros e viagens para fora eram mais demoradas e caras. Ligações para São Paulo às vezes demoravam de três a quatro dias para serem completadas. A Telefonia estava engatinhando e Mirandópolis foi uma das cidades pioneiras para ter esse serviço.
Reny não conseguiu estudar além do Curso Primário, porque o trabalho era prioritário para ajudar a mãe a cuidar dos irmãos.
Lembra com saudades desses tempos duros, em que se alisavam as roupas com ferro de brasa. Era muito pobre e trabalhava para ajudar no orçamento da família. Ao voltar para casa, passava a roupa para receber o namorado; e muitas vezes, o carvão do ferro sujava a roupa, e ela chorava. Certo dia, a mãe lhe disse que havia um presente para ela. Sobre a sua cama havia um ferro elétrico! Lembra até hoje, da emoção de ganhar o primeiro ferro elétrico. Nunca mais queimaria suas roupas! Hoje se alguém der um presente desses, nenhuma jovem ficaria feliz como ela ficou.
O Waldir retomou os estudos com trinta e cinco anos de idade, e através do Curso de Madureza que permitia recuperar o estudo regular do ginásio, conseguiu fazer o Curso de Contabilidade com muito sacrifício, na Escola 14 de agosto, de Pedro Paulo Guiselini.
Os dois se lembram que, à época de casados novos, a vida era tão dura que, para terminar a casa que construíram, todos os dias iam recolher os ladrilhos que eram jogados na rua, pelos pedreiros que estavam reformando o CAM (Clube Atlético de Mirandópolis). Os ladrilhos “catados” foram usados para fazer o piso da cozinha da primeira casinha, que ficava na Rua Bahia, onde hoje moram o Professor José Otávio Zanin e sua esposa.
O casamento os abençoou com três filhos: duas moças e um rapaz. A vida foi difícil para ambos, porque desejavam dar os estudos necessários para eles. E com muito sacrifício conseguiram formar os três: a primogênita em Ciências Contábeis, o rapaz em Direito e a caçula é Professora.
E o propósito do casal não terminava aí, queriam dar uma casa e um carro para cada filho. E conseguiram. Dizem que não foi fácil. A Reny sempre cuidando da família sem a ajuda de ninguém, porque era necessário economizar. Mas, estão felizes por terem realizado seus sonhos. Os anos foram passando, os dois pelejando sem esmorecer, sempre muito bem apoiados pela dona Rosa, a quem veneram até hoje.
Quando Waldir entrou na Empresa, o senhor Dionino de Lucchi era o Gerente. Depois foi o senhor Alcides Rabello, depois dona Rosa e por fim foi o Waldir, que se dedicou à Comercial Perez trinta e nove anos de sua vida, sem tirar férias. Era tão dedicado que nunca pensou em parar para descansar, e nunca cobrou horas extraordinárias pelos serviços prestados. Foi Gerente a partir de 1966 e só parou em 1990 quando se aposentou.
  Por tantos anos de serviço e dedicação à firma, Waldir foi recompensado.  Ao se aposentar, ganhou do senhor Francisco Godinho sobrinho dos Perez sobrinho dos Perez, a casa onde moravam os De Lucchi. É a mesma   casa onde mora até hoje. É verdade que a casa foi reformada,e a esquina onde hoje há uma loja foi adquirida pelo Waldir e família.
A história de Waldir e da Reny se confunde com a história da Máquina Perez. Esta marcou uma época do ciclo do café no Brasil e na região, onde os lavradores só se dedicaram à sua cultura.
E as histórias de Waldir e da Reny também se confundem, porque ambos ficaram sem o chefe de família quando eram crianças, e suas mães se casaram de novo tendo, pois os dois, outros irmãos do segundo casamento. Ambos foram muito bem cuidados pelos padrastos, que zelaram deles como verdadeiros e legítimos pais. E são muito gratos por isso.
Além do mais, o Waldir fala com orgulho das três mulheres que construíram sua vida e sua felicidade. São: a sua genitora dona Ana Maria, a mãe orientadora que Deus colocou no seu caminho, dona Rosa de Lucchi e a companheira, amiga e amada esposa dona Reny, com quem divide as horas numa paz de Deus, sem nenhuma ambição.
Waldir José Frigeri, homem simples que dedicou uma vida inteira com coragem, dedicação e trabalho a uma firma e construiu sua vida é  GENTE DE FIBRA! 

 legenda das fotos:
              1-  Waldir José e Reny
              2 - Cafeeiro
              3-  Prédio da Comercial Antonio Perez e Cia.
              4 - Caminhão de café de Murutinga do Sul, com o Waldir, o seu Sebastião Scorissa, Idélio, Jacob e seu cunhado
              5 - Trem da N.O.B.
              6 - Serraria de Belmiro Jesus
              7 - Casa onde funcionava o Escritório da Máquina Perez, hoje remodelada e residência do Waldir.

Mirandópolis, setembro de 2012.

kimie oku in cronicasdekimie.blogspot.com


segunda-feira, 21 de agosto de 2017

           Gerundiando
     
     Gerúndio é uma forma verbal, que expressa ação ou sentimento em andamento.
      É uma forma usada e abusada na linguagem coloquial de todos os dias. A forma de gerúndio se caracteriza pelo sufixo “ndo”, como cantando, vendo, rindo...
      Por brincadeira vou tentar fazer um texto só com gerúndios.

      “Acordando com preguiça num domingo.
      Exercitando para destravar as pernas.
      Orando para agradecer a noite bem dormida.
      Fazendo café para dois.
      Tomando remédio.
      Comendo pãozinho com requeijão cremoso.
      Pensando no cardápio do dia.
      E a chuva chovendo...
      Estudando Japonês.
      Lendo revista japonesa.
      Escrevendo kanjis...
      Consultando Dicionário Japonês/ Português.
      Conferindo Dicionário Português/Japonês.    
      Traduzindo o texto.
Anotando a tradução a lápis.
      Entendendo a mensagem.
      Olhando as horas.
      Tricotando.
      Desmanchando o tricô que não deu certo.
      Refazendo o trabalho manual.
      Vendo as horas.
      Partindo pra cozinha.
      Fazendo um frango caipira.
      Retemperando o feijão.
      Pondo a mesa...
      Chamando o parceiro.
      Almoçando.
E conversando.
      E a chuva caindo sem parar.
      O dia nublando mais e mais.
      Lavando a louça.
      Guardando a comida que restou.
      Limpando a mesa.
      Descansando.
      Navegando na Internet.
      Respondendo aos comentários dos amigos.
      Mandando uma mensagem para o filho.
      Fazendo um chá maçã com canela.
      Tomando chá...
      Retomando o tricô, que não deu certo...
      Desmanchando o trabalho.
      Dando um tempo.
      Tocando piano.
      Tentando Chão de estrelas...
      Errando os dedos e as notas...
      Barbeirando.
      E a chuva parando...
      E o dia terminando.
      E escurecendo.
      E a noite chegando.”
  
     Estão vendo?
    Qualquer pessoa poderá escrever um texto com começo, meio e fim só usando gerúndios.
      Experimentem.
É como se fizessem uma revisão de tudo que realizam no dia a dia.
Mas essa brincadeira acabou me cansando.
Sayonará! Bye, bye!


Mirandópolis, agosto de 2017.
kimie oku in




quinta-feira, 17 de agosto de 2017

     Comerciais

     Seis horas, ginástica!
     Alongamento das pernas.
     Uso papel higiênico Mirafiori.
     Colgate total 12
     Lavo o rosto com sabonete Erva doce da Natura.
Enxáguo a boca com o Listerine zero.
     Banho com sabonete de macadâmia da Natura.
     Toalhas  velhas e macias Karsten.
Chronos 70 + Dia no rosto. 
     Loção desodorante Macadâmia no corpo.
     Nescafé matinal.  Leite Molico. 
     Tomo chá Leão canela com maçã.
Diluo Colartros (colágeno) no chá.
Meio pão caseirinho da Padaria Vitória Régia.
Requeijão Philadelphia.
     Ou da Frimesa.
     Ou da Vigor...
Losartana para controlar a pressão arterial. 
     Uma gota de Hylo-Comod em cada olho.
     Ordens para a Auxiliar...
Preparo almoço com legumes do Nilton Supermercados.
Ou do Sakashita.
Ou da Mercearia do Jomar.
Ou de Hortifrutigranjeiros do Dedé.
     Arroz Momiji.
Tomo Condroflex para os joelhos.
Almoço.
Frango caipira do Marcelo Franco.
Ou carne bovina do Nilton.
Ou pés de frango, por causa do colágeno.
Ou peixes do Pão de Açúcar.
Frutas do Vanderlei.
     Ou do Vandeco.
Busco meus remédios na Farmácia Tietê.
Outros na Drogamax, em Araçatuba.
Fotos da Ciranda para copiar no Foto Celso.
Compro novelos de lã na Márcia e na Noriko.
Vejo o que há de novo no face book.
Comentário lindíssimo de Eloyce, direto de Maiorca.
Respondo aos amigos.
Dou uma espiada no blogger. 147 visualizações!
Amo os comentários apropriados do Ulisses Silva Lacerda.
E do Marinho Guzman.
Releio a minha última crônica.
      Aí começo a pensar em outro tema...
E vou dedilhar um pouco no piano.
Música infantil japonesa...
Nona Sinfonia. E os dedos que se atrapalham...
Sílvio Caldas e Chão de estrelas... como é difícil!
Tricoto um pouco.
Volto ao piano, teimando...
Retomo o estudo de japonês...
Copio textos.
      Fudê, o pincel e tinta de carvão.
Aprendo mais uns ideogramas...
Volto ao computador.
E aí vem a inspiração de escrever.
E sai esta lista de bobagens.
Amanhã é dia de sítio.
Aí tudo muda.
Haja paciência, né Leitor amigo?
Prometo coisa melhor na próxima.

Mirandópolis, agosto de 2017.
kimie oku in





quarta-feira, 16 de agosto de 2017

         Chuva!
     Deus é perfeito em sua obra!
     Quando a gente fica desesperada por água, por chuva, eis que ela vem em pleno mês de agosto.
Mês de agosto que a gente costuma chamar de mês de cachorro louco, mês de desgosto, por causa da secura do ar, da poeira e do sol quente...
No calendário do Santo que comanda o Universo, tudo tem o seu tempo certo. Tempo de sol quente para amadurecer os frutos, tempo de seca para descansar o solo, tempo de frio para controlar o crescimento das árvores para não crescerem até o infinito... E tempo das benditas chuvas para irrigar o solo para não deixá-lo morrer... Nós suas criaturas, nunca paramos para pensar na perfeita sincronia da obra de Deus. Achamos natural que a Primavera venha florir os jardins, que o Verão quentíssimo venha sazonar os frutos, que o Outono seja um intervalo para a natureza recuperar o fôlego. E que o Inverno venha para renovar tudo... Tudo numa sequência sem falhas, numa lógica perfeita.
O que todos estão estranhando hoje são as chuvas de agosto, que neste ano vieram sem que ninguém contasse com elas. Porque as chuvas só eram esperadas para setembro/outubro... Mas elas vieram!  Até parece que o Senhor dos campos do Universo mudou sua agenda de repente. Aí entra a Suma Sapiência de Deus: era preciso irrigar a terra ressequida um pouquinho antes, para que não se perdessem as obras dos homens... Abaxizeiros, pastos secos, gado sedento, hortas desmilinguidas, árvores sem folhas estavam implorando água. E os bravos cultivadores disso tudo olhavam os céus à procura de nuvens, orando diariamente para que Deus se lembrasse de suas plantas...
E Deus não resistiu.
E mandou chuva em boa medida para todos se salvarem, para que a esperança renascesse nos corações. Bendita chuva! Em apenas um dia, a chuva purificou o ar, lavando a atmosfera e nos concedendo oxigênio puro com fartura!
E as gripes desaparecerão, as tosses se calarão, os pulmões se encherão de ar fresco e puro renovando o sangue de todos...
E as mudas que irriguei durante sessenta dias com sacrifício e não cresciam, de repente com a chuvarada parece que despertaram de seu sono letárgico, e estão exibindo folhas novas, verdes, verdes. Milagre da chuva, da natureza, que o homem não consegue nunca realizar. As pastagens estão ficando coloridas em todos os tons de verde, e os bezerros felizes correm de um lado para outro. Felicidade!
As árvores depois dessa ducha maravilhosa mostram folhas brilhantes, que estavam sufocadas nas camadas de poeira e fuligem. E balançam docemente suas ramas como se bendizessem a vida.
Sempre que vem uma chuva tão ansiada como essa, é inevitável lembrar de um senhorzinho que conheci quando dava aulas em escolinhas rurais. Como não chovia há sete longos meses, o homem sofria demais sustentando 13 famílias de colonos que o ajudariam a plantar algodão... Sete meses arando a terra ressequida pra lá, pra cá... E pausas para perscrutar o céu em busca de nuvens... E nada de chuva. E a terra solta fazendo redemoinhos que chegavam até os céus. E o homem fiando as compras para alimentar todo aquele povo. E a chuva que não vinha. As sementes prontas. As máquinas engraxadas. A vontade desperta para semear o algodão. A terra pronta para receber a água que deveria vir dos céus... Mas ela não vinha. E todo mundo triste, desanimado. Aí, o homem pegava uma garrafa de cachaça e dava um gole para todos os homens. Então, eles se animavam e diziam: Amanhã ela vem!
Dia 19 de outubro, onze horas da noite.
Acordei com um faiscar de relâmpagos que me assustaram. E um ribombar de trovões, que se emendavam uns nos outros, sem parar até os confins da Terra. Assustada com o barulho, pulei da cama, e fiquei ouvindo o barulho que parecia derrubar a pobre casa dos meus anfitriões. E então, ouvi o choro... tinha gente chorando na casa. Devagarinho, fui espiar. Era a família toda ajoelhada no chão de terra da pobre salinha, rezando e chorando. O homem dizia: Chora, mulher, chorem crianças! Deus se lembrou de nós! Ele não nos abandonou! A chuva veio! Vamos rezar! Vamos agradecer! Amanhã vamos plantar!
E ali ficaram por um bom tempo, enquanto os clarões dos relâmpagos registravam a cena, como se estivessem fotografando. Nunca mais esqueci isso. Foi a cena mais bela de gratidão a Deus que presenciei.
Quando a chuva amainou, o homem calçou umas botas, vestiu uma capa, pegou uma lanterna e foi ver suas terras. E disse para a mulher assustada: Vou ver a terra beber água, mulher!
E ele só voltou ao amanhecer.
E nesse dia, ninguém foi à escola.
Fiquei intrigada...
Aí, eu vi. Todos os alunos estavam na roça, atrás de seus pais que batiam umas máquinas manuais de semear. As máquinas punham as sementes de algodão nas covas, e os meninos iam atrás tapando os buracos com os pés. Parecia uma grande festa. Todo mundo falando ao mesmo tempo, rindo e brincando.
Depois, quando as férias chegaram, vim embora.
Soube mais tarde que a colheita foi muito boa.
Dá pra esquecer uma coisa dessas?

Mirandópolis, agosto de 2017.
kimie oku in


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

             Supimpa!       
        Muita gente não vai saber o que significa supimpa, porque nunca ouviu essa palavra.  Ao visualizar a crônica  “Tudo passa... até a gente...”, o amigo Marinho Guzman gostou e comentou que ficou Supimpa! E eu fiquei envaidecida, porque supimpa significa ótimo, excelente.
      E pensei nas expressões idiomáticas que usamos no dia a dia, que vão sendo substituídas por outras ao longo dos tempos. O homem é muito criativo. Inventa sempre um jeito mais rápido de se comunicar.
    Eu me lembro que antigamente, os mendigos vinham humildemente pedir  “Uma esmola, pelo amor de Deus”. Isso não se usa mais...  Agora dizem  “Saí da cadeia ontem e preciso de dinheiro, se você não me der, sou obrigado a roubar!” ou mais suavemente  “Me dê um ajutório” Não se usa mais  “pelo amor de Deus”. Perderam a fé em Deus? Ou têm preguiça de invocar o nome de Deus? E raros são os que agradecem.  No máximo dizem um obrigado mastigado. Antes se usava “Deus lhe pague!” Porque eles mesmos nunca iriam pagar. Hoje dar um adjutório se tornou uma obrigação, não mais caridade... E eles não pedem, exigem... Muitas vezes para comprar suas porcarias de drogas...
        Outra expressão muito usada antigamente foi   “Cruizcredo! Ave Maria!”, “CreiemDeusPai= Creio em Deus Pai!” e “Valha-me, Deus!” Hoje se usa “Só por Deus!”, “Misericódia!”, “Vá com Deus!”
    Só por brincadeira, vou tentar fazer um texto usando essas expressões idiomáticas mais interessantes:
       “Como não sou de armar barraco, não gosto de encher linguiça, e nem lavar a roupa suja, vou tentar acertar na mosca com a presente crônica só para causar...
      E falando de crônica, parece que tenho um bicho carpinteiro diante do teclado, pois tenho a faca e o queijo nas mãos e posso lavar a égua e soltar a franga... Vou viajando na maionese e escrevendo essas  loucuras, para leitores loucos como eu...
         Os amigos não precisam ficar com a pulga atrás da orelha, porque eu sou boca de siri e não boca de trombone. Abro o jogo, mas defendo os amigos com unhas e dentes e nunca serei amigo da onça.
       Vou pela sombra como se pisasse em ovos, porque não quero ofender bebuns e mulheres da vida.  Corro o risco de trombar com um borracho tirando água do joelho, mas como é um sem eira nem beira faço que não vejo. Se ele me xinga, digo-lhe:  Vai te catar, ó meu!
         Nossa! Que zona hein?
     E nesse bate e volta que tou indo, vejo amigos só bebendo água que passarinho não bebe, enquanto uns lesos ficam ensacando fumaça (Ou ensacando ventos como propôs a dona Dilma?) Ensacar fumaça ou vento deve ser um negócio da China né?
     Talvez o leitor mais impaciente deva pensar: Macacos me mordam, que raio de crônica é essa? E eu respondo: Sabe de nada, inocente! Veja se estou lá na esquina!
         Essa conversa do arco da véia é para justificar esse texto feito nas coxas, e pôr as barbas de molho enquanto vou curtindo uma dor de cotovelo pelas crônicas lindas que vejo por aí...
         Mas, como não sou de virar casaca, vou mantendo meu estilo e não vou mandar meus leitores pentear macacos, nem às favas.
         Gostaria de escrever um texto impecável que deixasse o Marinho Guzman encantado, mas é complicado acertar as palavras na lata, talvez ele pudesse dar uma mãozinha. Como não sou arroz de festa nos banquetes literários, e fico travada às vezes, acho que tá na hora de pendurar as chuteiras, e dar adeus ao meu passatempo preferido parando com essa baboseira toda. Antes que chegue onde o Judas perdeu as botas... 
        E bati as botas!
         Se fudeu!"
         Mirandópolis, agosto de 2017.
         kimie oku in

         http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/