terça-feira, 24 de setembro de 2013

E tudo passa



                                               E tudo passa...

     Algumas vezes, passamos por momentos que parecem insuperáveis, que nos deixam sem chão e perdidos. Sem rumo na vida.
         Ninguém está livre disso. Todo mundo tem o seu quinhão. E sabe bem do que estou falando.
     De repente, os caminhos se fecham e a escuridão toma conta de tudo, deixando-nos sem opção. E a única e verdadeira companhia nessas horas é o desespero, a impotência. E só quem está passando por isso é capaz de avaliar a dor que enche a alma, que parece sufocar.
         É um filho querido que partiu, cheio de vida, carregando todos os sonhos dos pais que o criaram tão forte, tão belo para ser um vencedor...
        É um bebê que, tão pequenino nasceu só para pelejar contra as adversidades e o céu o arrebatou...
     É um pai, que acalentava tantos desejos para o futuro dos filhos, e pelejou tanto, que o coração não aguentou...
        A doce mãe, tão valente, tão generosa, que sucumbiu.
       Se, ao nascermos conhecêssemos o plano traçado para cada um de nós, talvez nossas ações tivessem um rumo diferente. Se soubéssemos que o nosso tempo é de apenas tantos anos, talvez fôssemos mais cuidadosos e não deixássemos escoar os minutos em vão.
       Mas, não! A gente tem ânsia de viver e não se preocupa muito com o depois. É o momento presente que importa, é preciso usufruir o máximo, curtir o melhor e viver na plenitude...
       Entretanto, o tempo passa e os problemas surgem. Do nada! Inicialmente, são pequenas dores, aborrecimentos esporádicos, alguns desentendimentos com os familiares, vizinhos e colegas de trabalho. Mas, como é preciso viver cada dia, a gente vai deixando tudo isso para resolver depois, para mais tarde repensar. Enquanto isso, a vida dá tantas voltas e um dia, aquele probleminha volta já transformado em doença incurável, em relação deteriorada para sempre, em inimizade total. E aí, é tarde demais.
      E nessa hora de desespero, de tristeza máxima a gente pensa que poderia ter sido diferente, se tivesse parado e analisado os pequenos sinais denunciadores... É tarde demais, porém.
      Sei de gente que está com problemas sérios de saúde, mas não sei por que razão, não procura ajuda de especialistas. Prioriza o trabalho, o bem estar dos filhos, a aquisição de um carro novo, a reforma da casa, a tranquilidade do esposo e vai levando. Capengando, sofrendo, carregando dores e dizendo a si mesma que, um dia vai procurar ajuda. Quando esse dia chegar será tarde demais. E aí, o bem estar dos filhos vai acabar de vez, não haverá dinheiro para resolver o problema e, seu marido deixará de estar tranquilo para ficar desesperado. Talvez, para sempre...
      A gente não sabe viver. Não sabe planejar. Não sabe priorizar o que  de fato é importante. Porque viver é um duro combate, que todos os dias exige decisões acertadas.
     E quando se nos deparam momentos cruéis, que parecem o fim do mundo, o medo do futuro toma-nos de assalto e nos deixa perdidos um bocado de tempo. Não há perspectiva de porvir. É um túnel sem luz, sem saída. Nessa hora nada nos consola.
       Qual um tornado que arrasa tudo que acha pela frente, esses duros momentos também vão destruindo a nossa fé, a esperança, o desejo de vencer... Tudo que, a gente construiu em termos de essência humana, parece perdido para sempre.   
    O tempo, porém passa e acomoda tudo. Assim como o que foi destruído é reconstruído, o homem vai se recompondo devagarzinho, colocando um remendo aqui, aplicando uma atadura ali, engolindo a saudade, a dor da ausência e retoma a vida. É verdade que nada será como antes. A dor será a companheira inseparável de todas as horas. E a consciência da transitoriedade das coisas estará sempre presente.
      Não tem como fugir desse destino cruel, porque o homem é apenas humano. Mesmo tendo herdado de Deus o espírito, ele age como uma formiguinha frágil, carente de sabedoria e pronta para errar, errar e aprender. E muitas vezes, errar de novo sem aprender nada.
      Se visitarmos as campas onde repousam as almas queridas, veremos tanta gente formosa, poderosa e sábia que teve o mesmo fim. E todas elas também amargaram um bocado seus problemas e suas dores, antes de cumprirem o ato final de partir.
       O sofrimento parece ser o quinhão de juros que, Deus reservou para todos que foram abençoados pela ventura de nascer. Não há como fugir dele. E ninguém está isento dele. Cedo ou tarde, a dor vem e demora para ir embora.
       Mas, tudo passa. Assim, como a alegria rara de momentos compartilhados com amigos acaba passando, os momentos mais dolorosos também passam. Muitas vezes deixam-nos tão devastados, sem força para retomar a vida. Sem vontade até de viver.
        Mas, o sol volta a brilhar, a luz obriga a enxergar em volta, os amigos dão um abraço aqui, um sorriso ali, uma palavra amiga de fortaleza e pouco a pouco, a dor vai diminuindo. A dor não vai embora, fica meio camuflada, e volta a latejar quando se está sozinho e as lembranças buscam o passado. E nesse sofrimento de repassar pelas dores antigas, parece haver um consolo porque não deixa esquecer. Quem tem saudades é porque já viveu bons momentos, que não quer esquecer.
         A vida é dura?
         Sim! Já dizia o poeta Gonçalves Dias na Canção do Tamoio:

         “A vida é combate,
         que aos fracos abate,
         que aos fortes, aos bravos
         Só pode exaltar.”

      Então, vamos viver com coragem, enfrentando as dores de cada dia, sem reclamar, porque todos têm a sua parcela, é o ônus de ter nascido. E não existe ventura maior que viver.
         E assim, como a chuva mansa, como a tempestade arrasadora, como o manso regato, tudo passa. Passam os momentos felizes, as alegrias inesperadas, os intermináveis aborrecimentos, os choros, os gritos, as manifestações de felicidade.
         Tudo passa, essa é a inexorável verdade.
         E nós passaremos também.
         Então, viver é preciso!
         Carpe diem!

         Mirandópolis, setembro de 2013.
         Kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/





segunda-feira, 23 de setembro de 2013


    Uma tarde de alegria...

     Na última sexta-feira, dia vinte aconteceu mais um Encontro de Cirandeiros. Foi no lugar de sempre, a partir das catorze horas.
         Fui chateada para lá, pensando na ausência de Mílton e Remir,  que se mudaram para Campo Grande, deixando-nos sem a sua preciosa e inestimável companhia. Mas, lembrei que o Mílton me dissera na despedida: “Enquanto houver três amigos é possível fazer a Ciranda”
         Quando fundamos o grupo, os colaboradores eram: Seu Mário Varela, dona Mary Magro, Ana Maria Abranches Jacomelli, Egídio Vicente de Souza, Ikuko Kazi, Mílton Lima e eu.
         Desse grupo inicial, perdemos o seu Egídio para o céu, o seu Varela deixou de participar, Ana Maria foi embora de mudança para Ribeirão Preto, Ikuko Kazi está ausente. Sobraram dona Mary, Mílton e eu. Daí a razão de, o Mílton ter se tornado uma peça importante para o grupo. Ele foi o fiel da balança nas horas difíceis. Sempre prestativo e gentil com os idosos, nunca se eximiu de buscar e levar de volta os cirandeiros sem condutores. Aprendi muito com ele, por causa do seu equilíbrio, e capacidade de analisar situações com ponderação. E também pela atenção e gentileza com que cuidava dos cirandeiros. Deixou saudades...  Mas, as exigências da vida cortam as linhas paralelas, e não há como evitar essas separações. Que nos deixam desamparados...
       É verdade que outros colaboradores chegaram como a Flora Forte, o Gabriel Tarcizzo Carbello, o José Maria da Carvalho e o João Torrente, que felizmente continuam empenhados para o sucesso da Ciranda. Continuar é preciso.
         A tarde estava luminosa, com temperatura agradável e os cirandeiros foram chegando com a alegria de sempre. Alegria de compartilhar umas horas com outros cirandeiros.
         A surpresa do dia foi a presença da dona Iracy Caldatto, que chegou sorrindo ao ver tanta gente conhecida.  A dona Vina trouxe o seu filho Renato Ramires, que se esbaldou de felicidade ao reencontrar velhos amigos.
         As conversas pareciam não ter fim. Então, o Renato relembrou fatos engraçados ocorridos décadas atrás, com pessoas que marcaram época com suas bravatas. Assim, foram relembradas as façanhas do Tião preto e do Dão, ambos do Hospital Geral, que viveram como dois meninos levados da breca, aprontando artes com todos. A lembrança dos dois foi muito boa. A dona Nair declamou um poema cômico intitulado O guarda-chuva e, o seu Orlandinho declamou dois poemas que emocionaram os presentes.
         Aí foi a hora da cantoria. Entre umas e outras, a Vina e o Renato cantaram Barracão de zinco, encantando a todos com a voz poderosa do Renato e a afinação de sua mãe.
         No final, a Kimie consultou o grupo sobre a comemoração dos três anos da Ciranda, que ocorrerá em outubro. Ficou estabelecido que faremos um almoço na Chácara mesmo, em data a combinar.         
       E assim, aconteceu mais uma tarde de Ciranda, proporcionando alegria a todos e fortalecendo os ânimos das pessoas sós.
         Mês que vem tem mais!

         Mirandoóplis, setembro de 2013.
         Kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com

quinta-feira, 19 de setembro de 2013



                                Só para matar saudades...
       A publicação do meu antigo texto Reflexões provocou uma onda de saudade. Amigas que participaram daquele time da AABB me ligaram e me disseram que havia um outro texto sobre o mesmo assunto.
         Procurei nos meus recortes e achei. E concluí que vale a pena deixar registrado no meu blog todas essas lembranças, que fizeram parte de minha vida e de muitas amigas.
         A Regina, uma das basqueteiras, que é mais nova do que eu, disse que o nosso time durou dez anos. Dez anos! Então foi de 1979 a 1989. É que a partir desse ano, passei a trabalhar fora e a equipe se desmembrou. Que pena! Poderia ter continuado, e o time talvez existisse até hoje, se a continuidade fosse garantida com adesão de gente mais nova.
         Mas, não importa! Valeu enquanto durou.
         Vou reproduzir o outro texto, que foi publicado em 18 de abril de 1985, dois anos depois do anterior.

                           Reflexões II
                                         Kimie
      O ser humano é gregário por natureza. Tudo que faz só tem sentido se compartilhado pelo grupo que o cerca.
       É por isso que o homem não consegue viver só – na rotina do dia a dia, na luta contra as dificuldades da vida e nos momentos de alegria, o homem sempre procura alguém para repartir suas emoções.
         Essa busca espontânea de alguém é que forma os diversos grupos sociais.
         Assim também é com o lazer.
         Assim também aconteceu conosco...
     Há exatamente seis anos, iniciamos o nosso basquete feminino da AABB de Mirandópolis. Tão desajeitadas éramos então – dez atletas cuja faixa etária ia dos 25 aos 37 anos. Nem sabíamos bater bola na quadra, quanto mais encestar! Mas o desejo de lazer, de união era tão forte, que a persistência nos trouxe até aqui.
      Houve muita briga é verdade, muito de “nunca mais volto nesta droga!”... Mas voltava. Religiosamente às segundas, às quartas e às sextas-feiras.
      Foi assim que marcaram presença entre nós... Messy a fundadora, Carmen, Zena, Dora, Neuza, Florinda, Ceição, Alessandra, Dirce, Mariazinha, Nilza, Dalva, Eliana, Alice, Sueli, Kalu, Denise... Todas devem se lembrar que, por falta de grana jogávamos com bolas rombudas, que quicavam para o lado errado, bolas carecas que escorregavam das mãos, bolas cheias de esparadrapos para segurar o ar que teimava em sair... Com bolas desbeiçadas que não rolavam no chão e se enroscavam na rede.        Parávamos a cada três minutos para retirar os nossos bebês da quadra, aos gritos de “Me dá um tempo para tirar o Jenner da quadra!” “Cuidado com o meu Leandro!” “Menina, chame o papai para cuidar da Andressa!” “Olhe o Ricardinho!” “Nenê, vá tomar um sorvete no bar!”
       E a criançada aproveitava...
     Hoje temos um time mais maduro. Renildes é a brava capitã. Eloísa, a professora. Regina, a cômica sem igual. Nair e Neide, as garotas finas que salvam a educação do time. Célia é, sem dúvida a Hortência do time. Terezinha, o melhor rebote. Eliane a trombuda cestinha. Beth é a “maria bronquinha”. Lika e Adriana, “os foguetinhos que voam” e fazem misérias... Estela é a juventude, a garra. Margarete, a super inteligente Paula, sempre preocupada com a participação de todas. E Kimie sou eu, que não joga nada mas se diverte à beça!  Ah! Sou a “public relation” do time. Porque sou muito grata a esse grupo pelos momentos de alegria que proporciona.
      O basquete entrou em minha vida e me ensinou muitas coisas. Aprendi a respeitar as diferenças individuais de cada ser humano. A enxergar o lado positivo de cada um. A amar as pessoas.
     E não há nada mais positivo e gratificante que, correr numa quadra, disputando uma bola. Lutando, gritando, brigando e xingando... Fazendo as pazes... Para depois tomar uma geladinha...
       E viva o nosso Basquete!


                                      Folha da Região (Araçatuba) 18/04/85

quinta-feira, 12 de setembro de 2013



                   O basquete
         Remexendo nos escritos de antigamente, achei um texto que me trouxe muitas saudades.
         Já fui jogadora de basquete! Com esse tamanho de apenas um metro e cinquenta e tantos centímetros, nem sei como me virava na quadra, para enfrentar as grandonas. Isso aconteceu há trinta anos, quando a gente tinha fôlego para correr, e joelhos que se articulavam direitinho.
         Vou reproduzir o texto que publiquei em 22 de maio de 1983, só para matar as saudades. Há trinta anos!

                   Reflexões
         Hoje quero falar do basquete feminino da A.A.B.B.
         Nasceu a dez de abril de 1979, graças ao dinamismo e coragem da Messy, nossa amiga que atualmente mora em Botucatu.
         O começo foi difícil, porque as futuras desportistas eram tão estranhas entre si, embora fossem todas abebianas. As precursoras foram a Messy, a Zenaide, a Eloísa, a Conceição, a Dirce, a Beth, a Carmen, a Eliana, a Estela, a Renildes e esta articulista. E como o objetivo maior era consertar o relacionamento dessas comadres, que havia se deteriorado em função de ninharias, parecia não haver futuro para tal esporte entre mulheres. E mulheres casadas, mães de duas até quatro crianças. Que não entendiam nada, mas nada mesmo de basquete.
         Como foi difícil aprender a bater bola, lançar, fazer passes, arremessar para o cesto!  Todos os instrutores que, tentaram nos ensinar as regras, ficaram tão decepcionados com a nossa falta de jeito, que nunca mais voltaram, não é mesmo Mané?
         Jogava-se mais com a boca discutindo do que com a bola! Pegava-se a bola, punha-a debaixo do braço e dava dez passos... e depois ficava teimando: “Não andei, não andei!”
         Outras vezes, o desentendimento era tão feio que alguém saía da quadra, dizendo em alto e bom som: “Nunca mais volto nessa porcaria”. Mas, voltava e como voltava!
         E o tempo foi passando. As que já possuíam alguma habilidade tornaram-se gestantes, desfalcando o time. Como xingamos seus maridos! Além disso, a maior inimiga era a transferência do esposo da basqueteira para outras paragens. Tudo aguentamos – crianças atravessando a quadra, o jogo interrompido porque alguém gritava: “Cuidado com o meu nenê!” Maridos achando que, era demais as esposas praticarem basquete nos dias mais frios do ano.
         O que desfalcou, porém o time foram as transferências, roubando-nos a Carmen, a Dirce, a Messy, a Zena, a Neuza.
         Mas, outras vieram e passaram também: a Mara, a Mafalda, a Conceição, a Dora, a Vanderci, a Mariazinha, a Sônia, a Célia, a Zuleika, a Terezinha, a Leninha, a Nilza, a Tomiko...
         Hoje, depois de quatro anos de prática e muitas bolas furadas, podemos afirmar que temos fôlego para jogar. Não há nenhuma Hortência, porém é um grupo unido e alegre. E temos bastante orgulho do elenco que se compõe de: Rê, Beth, Nair, Eloísa, Maria Aparecida, Eliane, Regina, Florinda, Margarete, Sanae, Carmen, Sueli, Cristina e Dalva.
         E o maior benefício que trouxe não foi nos tornar desportistas, mas aprender a conviver em grupo, lutar em grupo, respeitando as companheiras em suas aspirações individuais. Todos os nossos filhos também lucraram com o basquete – tornaram-se independentes, pois aprenderam a brincar com as demais crianças, enquanto jogamos.
         Além de tudo isso, ainda fica a alegria de se praticar um esporte, que só bem faz à saúde. Seria ótimo que, outros times se formassem e competissem conosco uma vez ou outra. Porque é possível conciliar trabalho, casa e lazer. E o esporte cura muitas coisas: frustrações, solidão, timidez, medo do mundo, do futuro... melhora o relacionamento das pessoas e torna a vida mais alegre.
         Que outras amigas nossas formem seus times e curtam melhor a vida, eis a minha sugestão.
         E viva o basquete!

         Este texto foi publicado em 22 de maio de 1983 no Jornal “O Labor” de Idanir Antonio Momesso, onde comecei a escrever crônicas.
         Não consigo lembrar quanto durou o time, parece que foram mais alguns anos. Muitas vezes tentamos reativá-lo, mas vários obstáculos se interpuseram, principalmente transferência dos bancários e suas esposas basqueteiras.
         Esqueci de contar que, após os jogos, quando estávamos todas de camisetas ensopadas, subíamos para o bar  do Clube e tomávamos uma geladinha. Era uma delícia!  E o Wilson Imolene  que era o Presidente da AABB, sempre nos brindava com uns petiscos deliciosos, como peixe frito ou fatiados de cupim assado. Era uma festa! Coitados dos maridos, ficavam em casa à base de Miojo Lamen ou sobras de almoço! Mas, todos sobrevivemos.
         Das meninas citadas, já perdemos para o céu, a Sanae Maeda e a Nair Lourenço (do Bispo). E há outras que, desconhecemos o paradeiro como a Dirce, a Mafalda e a Mara (esposa e filha do senhor José Gonçalves), a Vanderci, a Mariazinha, a Beth do Edio, a Florinda, a Carmen do Zafalon... Ainda há algumas remanescentes aqui como a Terezinha Maeda,  a Regina Rosado, a Eliane Bomtempo, a Célia, a Maria Aparecida, a Tomiko, a Leninha do Monteiro, a  Margarete, a Fátima e eu.
         Só lamento nunca termos tirado uma foto sequer, para deixar como lembrança e registro.
         Com o passar dos anos, a gente vai perdendo a agilidade e a força para correr atrás de bolas. Hoje, o máximo que conseguimos fazer é caminhar.
         Felizmente, ainda conseguimos caminhar.
         E o melhor de tudo é a lembrança que ficou, que parece um sonho. Tivemos essa ventura em nossas vidas e somos gratas a Deus por ter nos proporcionado algo tão especial.

         Mirandópolis, setembro de 2013.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com.br/


segunda-feira, 9 de setembro de 2013



                  Gente de fibra – Kaoru Hattori

      Ninguém poderia imaginar que uma criança que nasceu em 23 de novembro de 1925, em Fukushima ken, Japão  traria tantas transformações ao Bairro de Amandaba. Essa criança viria ao Brasil com apenas oito anos de idade, acompanhada de seus pais e irmãos.
      É o senhor Kaoru Hattori, cidadão muito conhecido pelos mirandopolenses, e por todos os moradores de Amandaba.
         Lá no Japão, seus pais cultivavam arroz e criavam bicho da seda. Seu avô, Shiguezo Hattori foi um bravo soldado japonês, que se destacou na Primeira Guerra Mundial, nos campos de batalha da Coréia, Taiwan e Rússia. Seu pai Tadaichi também esteve nessa guerra. Pelos méritos do soldado Shiguezo, o filho Tadaichi foi nomeado Guarda da Família Imperial, atuando na Ponte Nijúbashi, localizada nas proximidades do Palácio do Imperador. 

   Na casa onde mora a família Hattori, em Amandaba há quadros de diplomas concedidos pela Casa Imperial  e pelo Governo Japonês ao senhor Tadaichi Hattori, pelos serviços prestados.
     O período pós-guerra foi muito difícil para os japoneses, e a família Hattori resolveu imigrar para o Brasil, para proporcionar uma vida mais confortável para todos.
           Quando aqui aportaram em 1933, foram destinados à Fazenda Tarama do Cônsul do Japão no Brasil. Essa fazenda ficava no município de Lins. Pelo contrato, trabalharam um ano plantando sete mil pés de café.
          Em seguida, foram para Promissão, na Fazenda Oliva, onde plantaram arroz como meeiros, e ganharam um bom dinheiro.
    Daí, se transferiram para a Fazenda da Companhia Floresta, em Promissão também. Derrubaram a mata de cinco alqueires e plantaram arroz, mas não vingou. Então, aproveitaram um lote de cinco alqueires de cafezal abandonado e plantaram algodão, mas também não foi bem. Moraram numa casa coberta de sapé. Sem dinheiro, vida dura. Tão diferente do que imaginaram...
       Daí, mudaram-se para Sapezinho, ainda em Promissão. Era à beira do Rio Tietê. Derrubaram dois alqueires e meio de mata, plantaram algodão e construíram uma casa melhor. Mas, a despesa era demais e não deu certo.
        
    Mudaram-se para a Fazenda Holanda, também perto do Rio Tietê. Nesse lugar conviveram com as famílias Komatsu, Ushimaru e Egami.  A família derrubou seis alqueires de mata virgem e plantou arroz. Quando a colheita prometia e o arroz estava cacheando, a família inteira foi atacada pela maleita. A maleita levou a única irmã nascida no Brasil.       Para não perder a safra, o Administrador da Fazenda contratou uns peões e salvou o arroz.
         Por essa época, suas irmãs se casaram, e a vida ficou mais difícil para o jovem Kaoru, que precisava ser o braço direito do pai, porque o seu irmão mais velho nascera mudo, e não podia comunicar-se com estranhos.
         Seu Kaoru frequentou uma escolinha rural e aprendeu a falar e escrever em Português. Havia estudado um ano no Japão e tentou continuar os estudos da Língua japonesa aqui, mas o Professor foi convocado para a Guerra e a Escola foi fechada. Mesmo assim, ele sabe se comunicar bem através da língua japonesa e portuguesa.
    Quando passou o tempo das chuvas, a maleita deu uma trégua e a família resolveu ficar na Fazenda Holanda, porque podiam pescar e caçar à vontade. Naquela época, a caça aos animais selvagens era permitida e eles caçaram muito veado, capivara, queixada e anta. Pescavam no Rio Dourados e no Tietê. No terceiro ano, plantaram milho e como estavam mais fortes, se livraram da maleita.
         Em 1940, mudaram-se para a Fazenda Buenópolis do Dr. Raul da Cunha Bueno, em Lavínia. O Administrador era o senhor Antenor Nepomuceno. Nessa fazenda, plantaram arroz, feijão e algodão e permaneceram ali até 1943. Então, mudaram-se para a Fazenda Pinheiro Machado de propriedade do senhor José Dias. Ali também plantaram arroz, feijão e algodão, por dois anos.

       Em 1946, vieram para Amandaba, adquirindo as terras, que lhes pertencem até hoje.  Inicialmente, plantaram arroz e algodão, mas depois iniciaram o cultivo de cebola, que lhes deu ótima renda. Ele se lembra que, em vinte anos dessa cultura conseguiram adquirir dez carros novos, dois caminhões ¾ zero km e um trator zero. Foram tempos muito bons, e enriqueceu muita gente na região.
  Com o dinheiro entrando, conseguiram construir uma boa casa, e o seu Kaoru se casou com a senhorita Tokiko Sekine, com quem teve cinco filhos, dos quais o primogênito mora com a família no mesmo local. Dois filhos estão no Japão trabalhando como dekasséguis e as filhas casadas moram fora.
      Seu Hattori se lembra que Amandaba já foi uma cidade muito movimentada, com comércio mais forte que Mirandópolis. Tudo girava em torno da Estação de Machado de Mello, onde despachavam toda a colheita de café, arroz, algodão e outros cereais. As locomotivas da época eram movidas a vapor produzido pela queima de lenha que aquecia a água. Por isso, junto da linha férrea local ainda existe uma caixa d’água, que mais tarde, com o advento das máquinas movidas a diesel foi doada à comunidade para represar a água, que era distribuída à população. Hoje já existe uma caixa d’água mais moderna para servir a comunidade.
      Naqueles tempos áureos, quando o café era a base da economia, havia muitas famílias de imigrantes japoneses. Chegaram a formar uma Associação Japonesa de Amandaba, que se reuniam periodicamente. Juntos colocaram um cruzeiro de aroeira no Cemitério local. E por ocasião do cinquentenário da Imigração Japonesa ao Brasil, construíram um monumento na pequena praça local, com os nomes de todas as famílias participantes. Foi em 1958 e o obelisco está lá até hoje, com os nomes dos antigos moradores escritos em kanji. Lá constam os seguintes nomes:
   
   1.      Tomisaburo Uemura, que recuperou pernas e braços quebrados de muitos trabalhadores, colocando talas de madeira para imobilizá-los, até a recuperação. Era o pai de Hisato Uemura;

    2.  Iroku Sano era dono de terras, lavrador de café. Foi o Fundador de Amandaba, doando as terras para a passagem da linha férrea e construção da Estação Ferroviária;
     3.     Tadaichi Hattori, pai do seu Kaoru. Lavrador;
    4.     Senkichi Sugimoto, pai do senhor Senji Sugimoto, proprietário das terras onde foi instalada a torre de televisão;
     5.      Hatsutaro Nakashima – foi carpinteiro;
    6.     Hisato Uemura – possuía Máquina para beneficiar café e arroz, pai de Tomiko Uemura, que foi a primeira Vereadora do município, jovem muito empenhada pelo bem da comunidade. A casa onde moravam, embora de madeira ainda resiste ao tempo e lá está firme. As construções que abrigavam a Máquina de beneficiar e os galpões não existem mais.
     7.      Eijiro Sako – arrendatário que plantava cereais;
    8.     Deizo Kanamaru, irmão de seu Paulo Kanamaru, possuía sítio na redondeza;
     9.     Tsunekichi Sameshima – também plantador de cereais;
    10.  Shigetoshi Matsunaka – sitiante de café;
    11.    Hikonoshin Yamaguchi – sitiante de café;
    12.   Shousei Koakutsu – sitiante de café;
    13.  Sadao Seino – arrendatário de cereais;
    14.  Masaru Onishi – sogro do Shirakawa – era sitiante de café e mais tarde foi granjeiro;
   15.   Hideji Kanamaru- conhecido por todos como seu Paulo do Bar;
    16.  Hiroshi Yoshikawa - arrendatário de cereais;
    17.   Hachiro Terao – arrendatário de terras;
    18.  Shoji Ochi – sitiante de café.
            Remanescentes desse período, hoje só restam as famílias Sekine, Sugimoto, Shirakawa e Hattori.
      Com a crise do café e a chegada das pastagens, os antigos moradores se mudaram para outras regiões.
           Também se lembra de outros moradores que mantinham casas de comércio local. Eram os senhores Adelar Gualberto Junqueira, o seu Manoel Português, o Zezão Frazilli açougueiro, o senhor Alaby, pai do Professor Yussuf Hsain Alaby, o seu Paulo Kanamaru do Bar, pai da professora Alice Kanamaru. Lembra ainda do seu Aldo de Almeida, único policial local e de sua esposa dona Madalena, do seu Manoel Messias e do seu Arvelino, além do Alceu Ribeiro, e Tonico Marques que foram Serventes no Grupo Escolar.
    Quando Lourenção foi Prefeito Municipal, canalizou a água de uma mina e beneficiou a população, que antes tinha que furar poços no quintal.
   Mas, o sonho dos moradores de Amandaba era o asfaltamento da estrada vicinal, para fazer a ligação com Mirandópolis.  Havia muitas promessas de políticos, mas não passaram de promessas. Com o fechamento da Estação ferroviária, para escoar toda a produção agrícola, os lavradores usavam essa estrada cheia de curvas, que levantava muita poeira e ficava toda esburacada e lamacenta em dias de chuva.
   Um dia, o senhor Tsuyoshi Takagi, que era Vereador procurou o senhor Hattori e sugeriu formar um grupo para reivindicar a pavimentação da estrada. E assim se fez. Juntaram forças políticas, formou-se uma Comissão, que usando um Livro de Ouro, conseguiu levantar fundos para as viagens a São Paulo. A Comissão foi três vezes parlamentar com o Secretário de Transportes, Walter Nory, e com o Governador Quércia. Levaram dois anos nessas petições. Para conseguir o objetivo, levaram o advogado Osvaldo Mendes para falar com os políticos e deu certo. Mais dois anos se passaram para a estrada ser totalmente pavimentada, e no dia 22 de janeiro de 1993, ela foi inaugurada e entregue ao uso público com o nome de Tadaichi  Hattori.                      O maior sonho dos moradores tinha se realizado. Então houve uma grande festa com um churrasco para todos se confraternizarem. Foi a melhor festa de Amandaba, e a grande realização de seu Hattori. 
  Hoje o senhor Hattori está com 88 anos de idade, aposentado, com boa saúde, mas não para de trabalhar. Gosta de pescar e vender filés de peixes para os consumidores. Tem um açude onde cria tilápias e pacus.
 Com essa idade, ele poderia estar sossegado, curtindo a  aposentadoria. Mas, ainda realiza uma função social na região. Como é membro da Igreja Budista “Hompa Hongwanji do Brasil”, sempre participou de celebrações tanto de vida, como de funerais das famílias. E quando o Monge designado para essa função, o senhor Ogasawara faleceu, foi solicitado ao senhor Hattori para exercer essa tarefa. Mesmo não se achando preparado para tal exercício, acabou aceitando para acudir as famílias, que precisam de orações. E volta e meia, ele celebra missas budistas em funerais.
  Na verdade, o certo seria o Monge do Templo Budista de Araçatuba fazer essa função, porém como ele sozinho não consegue atender a tantas solicitações, foi feito esse acerto. Ele explica que de acordo com os rituais budistas, quando falece alguém, a família tem que celebrar uma missa aos 49 dias do falecimento, após um ano, após três anos, aos sete anos, aos 13 anos, aos 17 anos, aos 25 anos, aos 33 anos e, aos 50 anos a derradeira. Entretanto, com a ocidentalização de costumes, muita coisa mudou. Os imigrantes japoneses que trouxeram esses costumes estão falecendo e os descendentes adotaram outras religiões.
  Mesmo assim, seu Hattori, que já andou de fazenda em fazenda sempre plantando e colhendo, continua na sua missão. Trabalha e reza sempre.  Diz que se Deus o abençoar, quer morrer de repente, sem dar trabalho prá ninguém.
  Ia me esquecendo de contar também que ele é naturalizado brasileiro. Quando foi entrevistado na Polícia Federal para explicar o seu desejo de naturalização, disse: “Vim do Japão ainda criança com a família e meu pai não conseguiu vencer aqui. Eu quero adquirir o Título de Eleitor, para votar em nossos governantes. Não quero voltar ao Japão, porque já tenho filho nascido no Brasil e quero morrer aqui!” Diante de tal resposta, sua naturalização foi aprovada na hora.

     Kaoru Hattori, cidadão japonês, naturalizado brasileiro, morador há 67 anos em Amandaba, que fez a diferença para todos os moradores do bairro é sem dúvida, gente de fibra!

Mirandópolis, setembro de 2013.
kimie oku in cronicasdekimie.blogspot.com.br




quarta-feira, 4 de setembro de 2013



                              Meiwaku

          
         De tanto estudar a língua japonesa, eu me surpreendo de vez em quando pensando em japonês.
         De repente, me ocorrem palavras que definem exatamente o instante que estou vivendo.  E o interessante é que a língua japonesa possui expressões, que caem como luvas em certas ocasiões. Muitas vezes, uma única palavra define a situação, que em nossa língua teria que ser explicada com uma frase inteira.
         Percebi isso há pouco tempo, quando fui dar ré no carro numa esquina qualquer. À frente não havia espaço e, eu teria que afastar um tanto o veículo para pode sair.
         Aconteceu, porém que havia uns capiaus conversando justamente ali, com crianças encostadas no meu carro. Estavam no leito da rua, e me impediam de manobrar o carro. E eles estavam tão entretidos na conversa que nem perceberam o meu problema. Tive que descer do carro e pedir aos cidadãos que subissem na calçada para eu poder sair. E uma das mulheres me olhou atravessado, como se eu estivesse errada.
         E aí me ocorreu: “Meiwaku!”.
     Não é palavrão, nem xingamento, é apenas uma expressão que define bem a situação. Explico: É uma expressão formada por duas palavras – mei que significa perdido, confuso e waku que significa perplexidade.
     Na verdade, usa-se essa palavra quando deparamos com situações que nos aborrecem, que deixam as pessoas confusas. Foi o que senti, e além de pensar “Meiwaku!” pensei “Não acredito!”.
         Já deparei com outras situações que me deixaram bastante atrapalhada, porque as pessoas não têm senso do que é correto e  assumem atitudes um tanto desagradáveis.
         Sinto isso, sempre que ando pelas calçadas de minha cidade, e deparo com pessoas conversando em grupos, contando histórias e rindo como se estivessem na sua sala de visitas. Os pedestres, que precisam usar a calçada para transitar, têm que descer para a rua, e correm o risco de serem atropelados.  E isso, sem falar nas pessoas com dificuldades para caminhar, que usam bengalas ou arrastam uma das pernas, que precisam desviar-se do grupo para poder passar. Isso é deveras um enorme meiwaku!
       Outra situação comum ocorre dentro dos mercados e shoppings, onde alguns clientes deixam seus carrinhos justamente no corredor, onde passam as demais pessoas, atravancando o caminho. E quando crianças pegam carrinhos de compras, e rodam de graça pelo mercado inteiro, atropelando os outros? Olha, é um risco cruzar com esses garotos, que estão lá para se divertirem e os pais fazem cara de paisagem, porque assim eles não ficam pedindo: “Pai compra isso, compra aquilo!”.
         Às vezes, me ocorre de estar super atarefada em casa, lidando com panelas e toca o telefone. Esbaforida, vou atender, e é uma dessas ligações oferecendo seguros, cartões de crédito, financiamentos, férias não sei aonde e outros que tais. Puxa! Que coisa mais chata! E a menina do outro lado da linha fala como um robô, para não dar espaço para a gente recusar. Ou, às vezes é uma gravação mesmo! Que fazer? Simplesmente desligar, porque ninguém oferece dinheiro gratuitamente. Quando a interlocutora é educada, só digo que minha panela vai queimar...
       Chato mesmo é quando você está com pressa e quer ser atendida logo, e a pessoa que deveria fazê-lo, está ao telefone passando receitas de bolo, comentando a última festa de peão, ou falando sobre o final da novela! E se você faz algum gesto, passa por chato e ignorante... Puxa! Como tem gente idiota, que não desconfia que está lá para trabalhar, e não para fazer fuxico. Isso ocorre com frequência nas repartições públicas, infelizmente.
      Agora, com relação ao cigarro não há meiwaku maior do que uma mulher (geralmente é mulher!) que fuma perto de um grupo de pessoas, que estão numa sala de espera. Quando o ambiente é aberto, a fumante se afasta um pouco e fica tirando suas baforadas, enquanto todos os demais sofrem com o cheiro e a fumaça, afogando-os e provocando tosse. Pelo simples fato de ter se afastado uns metros, ela acha que está respeitando os outros. Mas, não é assim. Às vezes, quando estou com a janela aberta de minha sala que dá para a rua, e passa alguém fumando na calçada, fico asfixiada pela fumaça que sobra no ar. E preciso ligar o ventilador para despoluir a casa toda, que fica realmente malcheirosa. E a minha casa é recuada alguns metros da calçada.
        Inconvenientes também são as pessoas que não sabem ouvir. Se há alguém falando, declamando, passando um aviso, o correto é ficar quieto para que a informação chegue para todos. Mas, sempre há aquela pessoa chata, que começa um zum-zum com um vizinho, para comentar alguma coisa que lhe ocorreu. Ela é incapaz de aguardar o fim do comunicado para trocar figurinhas com o parceiro do lado. E isso incomoda prá caramba. Meiwaku!
       Outra coisa muito, muito desagradável é estar numa reunião com amigos, que não se desligam do celular. Quando não estão falando, estão jogando. E nem adianta você tentar um diálogo, pois logo é interrompido por alguém que liga para ele.  Tem gente que deveria nascer com o celular já colado na orelha, como se fosse uma extensão do próprio corpo. Quem sabe, num futuro próximo...
       Falando em celular, já passei por situações muito estressantes dentro de ônibus, com os passageiros atendendo ao celular em altos brados. Olha, isso é o fim da picada! E falam como se estivessem sozinhos, passando receitas de peixe assado, discutindo com parentes, comentando o andamento de processos dos Tribunais... Eu não quero saber de receitas de nada, não quero saber de encrencas de famílias, e muito menos quero saber como andam os processos judiciais alheios (até advogados!). Você está num ônibus e só quer chegar ao seu destino em paz, sem se estressar. E no mesmo veículo vão esses idiotas, que não sabem respeitar a privacidade de cada um e nem a própria!
         Meiwaku! Meiwaku! Meiwaku!
      E o pior de tudo isso é que esses cidadãos nunca irão perceber que são de fato, pessoas inconvenientes, que só aborrecem os que os cercam. São desagradabilíssimas e nunca irão mudar.
         Ops! Será que esse texto é também um meiwaku?

         Mirandópolis, agosto de 2013.
         kimie oku in http://cronicasdekimie.blogspot.com