domingo, 26 de fevereiro de 2023

 

A morte

Todos os dias morrem pessoas queridas que conhecemos.

Algumas vitimadas por doenças incuráveis,

Outras por infartos fulminantes.

Mas, sempre provocam um choque nos familiares.

Sabemos que somos todos mortais.

Que mais dia, menos dia, vamos ser levados.

Temos consciência disso.

Mesmo assim ainda é um choque, um susto, uma perplexidade.

Em todos os velórios, vemos as pessoas mais chegadas, fitando a fisionomia de quem foi embora.

E olhando para o nada.

É uma sensação inexplicável.

É uma grande interrogação.

Por quê?

Por quê?

Por quê?

Por quê a pessoa mais amada foi levada?

Por quê tem que ser assim?

Por quê essa dor tão grande que não cabe no peito?

Por quê Deus faz isso?

E nenhuma resposta.

E ninguém é capaz de explicar...

A morte é um grande mistério assim como a vida.

Só que a vida é um mistério grandioso, iluminado, brilhante.

A morte pelo contrário é nebulosa, ininteligível e assustadora.

Todos querem viver.  Ninguém quer morrer.

Porque  a morte é desconhecida.

Ninguém sabe o que nos espera.

O vazio? O nada? O esquecimento?

Sabemos que neste mundo tudo é Yin e Yang.

O claro e o escuro.

O brilhante e o opaco.

A luz e a escuridão.

O tudo e o nada.

A vida e a morte.

A morte seria escura, opaca, e um nada?

É terrível pensar assim.

Então, pensemos que a morte é apenas o nosso retorno para a morada eterna.

De volta para as estrelas...

E de lá do alto, ficaremos observando como os seres humanos são como pequeninas formigas pelejando, para se agarrarem à vida.

Per saecula saeculorum...

Mirandópolis, fevereiro de 2023.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

 

De onde viemos?

Sempre achei que os japoneses eram muito ingênuos em acreditar que, a Família Imperial descendia diretamente de Amaterasu, a Deusa do Sol. Os japoneses mais antigos acreditam sem sombra de dúvida que isso é um fato real, e os reverenciam como a Deuses.

Ultimamente assistindo à série Alienígenas do Passado e outros similares, percebi que os nativos de todas as partes do mundo têm crenças semelhantes. Acreditam firmemente que seus antepassados vieram das estrelas do céu, ou de outros mundos...

E há as pinturas rupestres e os petróglifos que contam fatos incríveis de naves alienígenas que vieram à Terra...

Assistindo a esses programas, não há como negar que algo muito inusitado aconteceu antes da nossa civilização.

Nós não temos ideia da idade do nosso planeta. Nem temos capacidade para avaliar. E menos ainda somos capazes de calcular quantos trilhões e quatrilhões de humanos esta terra  já abrigou.

Acredito que o nosso mundo já viu passar seres humanos gigantes, que  carregaram aqueles imensos blocos de pedra para construir Stonehenge, os moais da Ilha de Páscoa, as pirâmides do Egito e do México, e desenharam os geoglifos de Nazca... Os estudiosos dizem que foram deuses que desceram dos céus e fizeram tudo isso. Penso diferente. Ciclicamente, a Terra é esvaziada de seu conteúdo humano e outros tipos de seres vêm ocupar o seu lugar.  Talvez de milênios em milênios... Cada espécie peleja aqui para dominar a Terra e acaba destruindo-a, como nós. E alguém poderoso resolve eliminar essas civilizações e colocar outras para testar.

 Acredito que o fim de nossa civilização está se aproximando, porque há gente demais na Terra. E gente só destruidora, que não sabe preservar o que importa.  Pelo andar da carruagem pode se prever que, a vida se tornará impossível para nós em breve. Ar, água e terra poluídos não garantem sobrevivência de ninguém.

Agora acredito que a Família Imperial Japonesa descende diretamente da Deusa do Sol, como nossos ancestrais pregaram.

Afinal, de algum lugar viemos, não?

Não brotamos da terra...

Mirandópolis, fevereiro de 2023.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

 

                                               56 anos

Estive assuntando...

Completamos 56 anos de união.

Sem comemoração, sem alardes, sem bolos, sem cantorias...

Só nós dois. Em paz, em comunhão.

Cinquenta e seis anos não são cinquenta e seis dias, nem cinquenta e seis meses. É uma longa, longa, longuíssima caminhada.

Caminhada permeada de atritos, de desentendimentos, de brigas, de mau humor, de intolerância. Sim, éramos jovens cheios de desejos e sonhos particulares. E muitas, muitas ilusões.

Ilusões de uma vida a dois num mar de rosas, onde o Príncipe e  Princesa seriam felizes para sempre. Ilusão de que ninguém precisaria sofrer, sacrificar-se, renunciar, abrir mão dos sonhos mais caros. Ilusão plantada em nossas cabeças por uma cultura  irresponsável. Histórias da carochinha...

Casamento é uma união de duas pedras que vem rolando pela ladeira. Duas pedras brutas, cheias de arestas, que ferem ao se tocarem, e os toques não são nada elegantes. Incompreensão, dores íntimas, mágoa profunda, e dias sem se falarem... Duas pedras que tentam se acomodar, mas as arestas pontiagudas atrapalham... Educação diferente, ambiente diferente, costumes diferentes, valores diferentes, sonhos totalmente diversos... Como acomodar tudo isso?

Não tem uma receita. Não tem quem ensine, não existem peritos nisso.

Casais que se amam profundamente não suportam essa situação e acabam se separando, se odiando... Porque nos contaram uma grande mentira. “E assim casaram e foram felizes para sempre” Mentira, uma grande mentira.

Mas, quem foi criado na dura luta de todo dia, nas pelejas diárias para alcançar objetivos vai vencendo a diferença, deixando de discriminar, aceitando os defeitos do outro, perdoando o mau humor, relevando uma palavra áspera tão desnecessária...

E quando vem a prole, tudo se complica. Divergência no modo de lidar com as pequenas criaturas, mimando mais, mimando menos, sendo rígido, sendo tolerante... Tudo excesso de carinho, de afeição.

Mas, as conquistas dos filhos unem os dois, ambos se felicitam pelas glórias alcançadas. Assim, muita coisa deixa de ser considerada pela harmonia do lar. Os filhos passam a ser a razão da luta diária, a razão da existência. Depois... Cada filhote se vai, cuidando de voar sozinho, de realizar seus sonhos, e o casal volta a ficar sós. Fase muito estranha. A gente se sente roubada, abandonada, esquecida.

Mas a vida prossegue.

Já alquebrados com o peso dos anos, sem muito alento e os sentidos se esvaindo. Surdez, voz baixa, pernas trôpegas, memória curta, confusão.

Mas é preciso viver, que a vida  ainda é uma bênção.

Então, os dois se voltam um para o outro e fazem um remake dos anos dourados. Olhando, reparando, cuidando, ajudando, estimulando, socorrendo nos momentos difíceis. Dificuldades essas que irão se repetindo mais e mais. É chegada a hora do companheirismo. Parceria, cumplicidade. Cumplicidade nas pequenas coisas diárias: um tombo, um mal estar, um abuso na comida, um esquecimento dos remédios.

Tudo é relevado, porque o que mais importa é o outro estar bem e confortável. Não é preciso mais luxo, mais ostentação, mais Ibope. O que tinha que ser, foi.

Sinceramente essa é uma fase maravilhosa, porque a gente se descobre no outro, nas virtudes do outro, nas gentilezas de cada dia, nas pequenas atenções do outro. Porque não somos mais dois, mas  uma fusão, apenas dois em um. E podemos olhar para trás e reviver tudo que passou, a vida que construímos, os filhos que soltamos no mundo, os sonhos que acalentamos... E uma sensação de grande realização toma conta do coração.

Felizmente, como muita gente que conseguiu superar todas as dificuldades de um casamento, chegamos ao termo da vida com essa satisfação. E nada há que possa ser comparado a isso.

Felizes e gratos pelos cinquenta e seis anos bem vividos.

E nem precisamos de saudações e cumprimentos.

Mirandópolis, fevereiro de 2023.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com