quinta-feira, 30 de setembro de 2021

 

                Os passarinhos

     Sempre que vou ao sítio, observo os bichinhos que circulam na horta. Há dezenas de lagartixas correndo céleres pra lá pra cá. E passarinhos, muitos passarinhos.

     Nesse Verão bravo que nem parece Primavera, há pequenos seres sofrendo com a quentura e a sede... Nós humanos só pensamos em nosso desconforto e, nem percebemos como existem outros seres, que sofrem com as condições climáticas. O frio extremo e a quentura tórrida judiam desses bichinhos...

     Eu percebi isso, quando comecei a regar minhas verduras para salvá-las. Enquanto eu aspergia a água fresquinha, lagartixas foram chegando e aproveitando os salpicos de água para se refrescarem... Quando o calor é muito intenso, elas chegam a rolar o corpo para tomarem um banho completo. O Nori diz que vou lá pro sítio só pra dar banho em lagartixas... Mas é um prazer vê-las tão felizes brincando n’água... Muitas vezes, aparecem mais de dez lagartixas para se esbaldarem na água...

     Além das lagartixas, aparecem passarinhos. Imagino o calor que devem sentir sob as espessas penas... Beija flores, sabiás, joões de barro, canários da terra, e outros que nem lhes sei os nomes. Ficam me seguindo para aproveitarem os esguichos de água. O beija flor fica parado no ar aproveitando a água... É lindo de se ver.

O problema é que os mananciais estão secando, e os pássaros têm pouca chance de saciar a sede e tomarem um banho. Tínhamos três pequenos açudes e um já secou completamente. O segundo está com água pela metade... Isso nunca aconteceu. A quentura do ar está ultrapassando os 45 graus centígrados, e a água se evapora rapidamente.

Tudo é por causa do desmatamento. As pessoas derrubam árvores, mas não as repõem. E onde não há árvores, os termômetros acusam temperaturas altíssimas. A solução seria plantar mais e mais árvores. Mas, ninguém se importa. A nossa Prefeitura deveria repor a mata ciliar das represas que nos fornecem água. As árvores filtram a água que desce dos morros quando chove, purificando-a.  Além disso, o frescor que as árvores trazem para o ambiente é natural e não tem preço.

E a chuva está demorando muito.

Enquanto isso, vou lá pro sítio dar banhos nos passarinhos e nas lagartixas...

Missão agradável.

Mirandópolis, setembro de 2021.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

    

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

 

             A torneira

     A civilização buscou incessantemente o conforto e o bem estar do ser humano. E tudo que exige menos esforço e trabalho foi sempre adotado com fervor.

     Mesmo tendo duas pernas para caminhar, máquinas foram inventadas para chegar ao destino sem usar as pernas. E todos passaram a viver dentro de caixas confortáveis, super motorizadas para o ir e vir. Isso trouxe os efeitos colaterais que afetaram a saúde dos motoristas. Dor na coluna, nos joelhos, nervo ciático... Mas, ninguém abre mão do conforto...

     Em todos os campos de atividade, o homem inventou formas de facilitar o trabalho, com menos esforço e mais rapidez. Os fogões, as lavadoras de roupa, os ventiladores, a eletricidade, os computadores, os celulares aceleraram a vida de forma espantosa.

     Quando eu era jovem, tínhamos que abastecer a casa com água retirada de poços e cisternas. Mesmo aqui na cidade, havia poços em algumas casas, onde os vizinhos buscavam o precioso líquido. Era trabalhoso retirar a água do poço, que às vezes tinham até dez metros de profundidade. Não era só água de beber, mas água para cozinhar, lavar a roupa, tomar banho. Eu tive que puxar essa água centenas de vezes. E todos nós irmãos nos revezávamos nessa tarefa, que era indispensável, para a casa funcionar normalmente. Como era difícil essa tarefa, nós usávamos a água com parcimônia, sem desperdiçá-la.

 Porque desde crianças tínhamos a tarefa de puxar água... Descíamos o balde que era amarrado na ponta de uma corda, chegando ao fundo ele se enchia e aí puxávamos para cima, rodando o sarilho que enrolava a corda de volta. Era pesado, uns vinte quilos... Éramos crianças... A    operação era repetida dezenas de vezes a cada manhã... Dava uma canseira!

     Mas... Aí inventaram a água encanada.

Foi uma maravilha!  Maravilha das maravilhas! Era só destravar uma torneira que a água jorrava com fartura! Era só pagar mensalmente, que a água vinha até a nossa casa, sem nenhum esforço de nossa parte.

Água encanada para a cozinha, para o banheiro, para o taque de lavar roupas...

Mas... Não nos alertaram que era necessário economizar. Que um dia a torneira poderia secar... Que um dia, tudo isso poderia virar uma guerra.

Então, surgiram os abusos. Gente tomando banho três a quatro vezes por dia. E cada banho de quarenta minutos jogando água pelo ralo. Gente lavando o carro só porque pegou uma poeirinha... Lavadoras de roupa que enxaguam duas vezes. Cada lavada, gastando uma enormidade de água, que vai embora também pelo ralo... E piscinas, e piscinas...

Conheci professoras que lavavam a calçada todos os dias, e conversavam com todos os passantes, com a mangueira jogando água sem parar... E empregadas que não contentes de lavar a calçada, ainda lavam o asfalto em frente...

Por quê o ser humano é tão alienado?

A Torneira foi o desastre da água!

Somada à burrice do homem.

Mirandópolis, setembro de 2021.

kimie oku in

http://cronicasdekimie.blogspot.com

 

sábado, 25 de setembro de 2021

 

Empatia

A dor de um amigo que perde pessoas queridas sempre mexe com a gente...

A felicidade de uma família que realiza um sonho também mexe com a gente.

Temos a estranha capacidade de nos envolver emocionalmente, com as aflições e as alegrias alheias...

Então, a gente comemora junto os bons momentos.

Que são poucos mas que valem a pena.

E sofremos junto os momentos difíceis...

Esse sentimento, essa capacidade de conexão com o outro se chama Empatia.

Mas, poucos têm consciência desse sentimento. Sentimento tão necessário no mundo de hoje.

No momento, estamos sofrendo com a falta de água.

Mas, tem casas onde nunca falta água.

Por exemplo, na minha!

Porque moro numa área central baixa. Onde a água chega sempre sem dificuldade.

Mas, sofro com os amigos que estão sem ela...

Amigos que saem em busca de água fora da cidade...

E por respeito a eles, poupo a água todos os dias.

Reutilizo-a depois de lavar verduras e frutas.

Depois de lavar o arroz, o feijão pra cozinhar.

Reutilizo-a depois de enxaguar a louça lavada.

Como?

Molhando minhas plantas.

E reutilizo a água da lavadora de roupas.

Para lavar as varandas, a área externa.

Nada é desperdiçado.

Eu acho que isso é Empatia.

Pratique-a você também!

Vamos todos juntos ser solidários!

Empatia é necessária!

Você é capaz!

Mirandópolis setembro de 2021.

kimie oku  in

http://cronicasdekimie.blogspot.com