terça-feira, 27 de junho de 2017


         Ó Cirandeiro, cirandeiro ó,
        a pedra do seu anel
brilha mais do que o sol!


Em meio a tantas festividades pelos 83 anos de Mirandópolis, reunimos novamente o grupo Ciranda para cirandar.
Nosso grupo não participa muito de atividades sociais porque é composto de gente idosa, que gosta mais de ficar no seu cantinho usufruindo os dias de paz. São pessoas sossegadas, que não gostam de muito agito, mas apreciam a companhia de alguns amigos. E como fazemos há mais de seis anos, nos reunimos  todos os meses para ajudar essas pessoas a vencerem a solidão de suas vidas. Porque a maioria é composta de viúvas e viúvos com mais de setenta, oitenta anos de vida, que só querem um pouco de sossego e alegria.
O grupo vem se mantendo graças à colaboração de voluntários, que se dispõem em transportar os participantes e oferecem um bom lanche para todos. Além disso, há um grupo de sanfoneiros e violeiros que sempre comparecem para animar as tardes. Também tivemos a alegria de conhecer o senhor Albertino Prando e dona Cleusa, que colocaram a sua Chácara à nossa disposição. Sem esses quesitos, seria impossível continuar com a Ciranda.
 Já passou pela Ciranda uma centena de pessoas, das quais muitas mudaram de cidade e umas tantas foram morar no céu. Temos em nossos corações, a satisfação de ter proporcionado um pouco de alegria a todas elas.
Além do mais, nós também usufruímos da companhia de todos, aprendendo com a sabedoria dos mais experientes e idosos. E conhecemos a tristeza da solidão de uns e outros, que passam a maior parte do tempo muito sós... Sabemos e acompanhamos os problemas de saúde de alguns, a tristeza de suas dores e mal estares súbitos... Então, procuramos tornar as tardes muito animadas e cheias de energia. E todos voltam para seus lares com o sentimento de querer mais e mais...

Muita gente quer participar...E fica chateada por não a convidarmos É que não temos estrutura para atender a todos. Os voluntários são poucos e o espaço é pequeno para atender bem a meia centena de pessoas. Além do mais, os internos da AMAI (asilo local) também gostam de comparecer. E estamos sempre prontos a recebê-los, pois eles precisam realmente desses momentos de lazer. A nós não importa o número de cirandeiros, importa sim a qualidade do atendimento. Por isso, procuramos atender só aos mais necessitados.
Nesses quase sete anos de convivência, nossa amizade se consolidou de verdade e formamos um grupo forte e animado ligado pelos laços de carinho, respeito e bem querer.
Volta e meia um dos cirandeiros vai cirandar no céu. É triste para os familiares, mas nós encaramos essa partida de forma natural e justa. Porque somos idosos e estamos quase todos no limiar da vida. Não lhes prestamos nenhuma homenagem, porque o que temos que fazer o fazemos em vida...
Então, é isso.
Nossa filosofia de Ciranda.
E em julho tem mais!

Mirandópolis, junho de 2017.
kimie oku in


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