O lixo nosso de cada
dia
Em 1987, aconteceu um fato estranho em Goiânia. O dono de um Ferro Velho, Devair Ferreira achou um aparelho de Radioterapia numa Clínica desativada. Para reaproveitar o chumbo, levou o achado para seu Depósito e com dois auxiliares desmontou o aparelho. Ao fazer isso, eles abriram uma cápsula que expôs 19,26 gramas de cloreto de Césio – 137 (CsCI) um sal parecido com o sal de cozinha, que emitia um brilho azulado no escuro. Encantado com a luz azulada, o sr. Devair levou o sal para casa e mostrou para os familiares.
Esse
fato aparentemente tão inocente provocaria o maior acidente de radiação no
Brasil. Mais de mil pessoas foram expostas ao pó por contato direto ou pelo ar,
129 foram contaminadas seriamente, 21 tiveram que se submeter a tratamento
intensivo e quatro vieram a falecer...
Césio –
137 é um isótopo radioativo da fissão nuclear de Urânio ou Plutônio, que ao se
desintegrar dá origem ao Bario 137m, que emite radiações gama, altamente
prejudiciais à saúde. Essa radiação penetra no corpo e leva à morte. Além
disso, ao ser absorvido pelo solo contamina as plantas, que por sua vez
contaminam os animais que delas se alimentam. Contamina os lençóis freáticos,
afetando os peixes e os animais que beberem dessa água.
Para se ter uma ideia
da toxidade desse pó, a cidade de Chernobil na Ucrânia ainda hoje é uma cidade desabitada.
O fato é que em 1986, um reator da Usina Nuclear de Chernobil explodiu,
liberando uma fumaça radioativa tóxica provocando incêndios que duraram dez
dias e, contaminando extensa área da região. Que foi bastante afetada e 116 mil
pessoas foram evacuadas. Até hoje mais de 30 anos depois ainda não é seguro
morar lá. Virou cidade fantasma.
Outro desastre nuclear
foi o derretimento de três reatores nucleares da Usina de Fukushima, no Japão
em 2011. Foi provocado por um imenso tsunami e por maremoto. 300.000 pessoas
foram evacuadas da região e houve 1600 mortes relacionadas às condições de
evacuação. Até hoje há vazamento de água contaminada que é despejada no mar,
sem possibilidade de controle. E muitos dos sobreviventes estão irremediavelmente
contaminados...
O desastre de Mariana
e Brumadinho me fez pensar nos desastres que têm provocado tanto sofrimento à
humanidade. Daí, pesquisei os diversos tipos de lixo que produzimos. Nós somos
os maiores sujadores do Planeta.
Produzimos:
1.
Lixo Orgânico - sobras de comida em
nossas residências, nos Restaurantes, Lanchonetes e Praças de alimentação, cuja
destinação são os Aterros Sanitários.
2.
Lixo Industrial – sobras de plástico, retalhos de metal, de tecidos, de
borracha, de couro que em sua maioria são recicláveis.
3.
Hospitalar – material coletado de corpos doentes, de partos, sangue,
curativos, drenos e outros materiais utilizados em cirurgias e na convalescença,
que são incinerados por empresas especializadas.
4.
Comercial – embalagens de papel, plástico, borracha e tecidos que também
podem ser reciclados.
5.
Verde – folhas, galhos, caules, cascas e troncos resultantes de poda de árvores, da retirada
de madeira para a indústria, que podem ser utilizados na compostagem para adubo orgânico. No Brasil geralmente são
jogados no aterro sanitário.
6.
Nuclear – são os resíduos da construção de aparelhos de radiação usados na
Medicina e das Usinas Nucleares para produzir energia elétrica. Esses rejeitos
que levam mais de cem anos para perder seu poder de destruição pela radiação,
nem
sempre são descartados de forma adequada.
7.
Rejeitos de Mineração – são restos de processamento de minerais para a
produção de ferro, carvão e outros minerais. Esses resíduos contêm placas finas
de minérios, que misturadas à água acabam formando uma lama, que é armazenada
em barragens. E que pode causar danos à saúde.
Como podemos
constatar, nós produzimos muito lixo.
E a humanidade até
hoje não descobriu uma forma correta de evitar a poluição do planeta. São
milênios já passados e a era da industrialização fez o homo faber inventar
milhares de aparelhos para facilitar a vida na terra. E toda invenção trouxe o
ônus do lixo, que suja os rios, o mar, as fontes, o solo, o subsolo, a
atmosfera. E a cada dia está tornando quase impossível a vida na terra.
Insetos polinizadores
de frutos que nos servem de alimento estão em extinção. Por conta de terríveis
inseticidas que são liberados no ar para combater as pragas que assolam os
canaviais. Canaviais que fornecem o álcool... Daqui uns cinco anos, na
progressão que estão ocorrendo essas pulverizações, não haverá mais mamão,
laranja, manga, banana, abacate, poncã, abacaxi, melão, melancia e toda a
sorte de legumes, que são mais sensíveis. Teremos muito combustível para rodar
com os carros para ir às compras. Comprar o quê?
Eu sou da geração que
está passando.
Mas, outras virão e
perceberão que viver será impossível com tanto lixo cobrindo a terra, sujando
as fontes e tornando o ar irrespirável. Soube por um Professor que, no Japão a
população é estimulada a produzir menos lixos. Os sacos plásticos de lixo são bastante
caros e obrigatórios.
Pesquisadores constataram que, há milênios a passagem
de tribos antigas por vilarejos foi marcada por restos de conchas e ossos de
animais. A vida era bem simples. Conchas e ossos se desfazem naturalmente. Não
deixaram outro lixo.
É urgente descobrir
uma forma de descarte racional do lixo no mundo. A Terra não suporta mais tanta
agressão.
Pesquisadores deveriam
descobrir uma forma de eliminar o lixo sem prejudicar mais o Planeta. Porque o
lixo está ocupando muito espaço.
E logo, logo, não
haverá espaço para os homens, animais e plantas.
Mirandópolis,
fevereiro de 2019.
kimie oku in
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