quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019





O lixo nosso de cada dia
     
        Em 1987, aconteceu um fato estranho em Goiânia. O dono de um Ferro Velho, Devair Ferreira achou um aparelho de Radioterapia numa Clínica desativada. Para reaproveitar o chumbo, levou o achado para seu Depósito e com dois auxiliares desmontou o aparelho. Ao fazer isso, eles abriram uma cápsula que expôs 19,26 gramas de cloreto de Césio – 137 (CsCI) um sal parecido com o sal de cozinha, que emitia um brilho azulado no escuro. Encantado com a luz azulada, o sr. Devair levou o sal para casa e mostrou para os familiares.
      Esse fato aparentemente tão inocente provocaria o maior acidente de radiação no Brasil. Mais de mil pessoas foram expostas ao pó por contato direto ou pelo ar, 129 foram contaminadas seriamente, 21 tiveram que se submeter a tratamento intensivo e quatro vieram a falecer...
      Césio – 137 é um isótopo radioativo da fissão nuclear de Urânio ou Plutônio, que ao se desintegrar dá origem ao Bario 137m, que emite radiações gama, altamente prejudiciais à saúde. Essa radiação penetra no corpo e leva à morte. Além disso, ao ser absorvido pelo solo contamina as plantas, que por sua vez contaminam os animais que delas se alimentam. Contamina os lençóis freáticos, afetando os peixes e os animais que beberem dessa água.
Para se ter uma ideia da toxidade desse pó, a cidade de Chernobil na Ucrânia ainda hoje é uma cidade desabitada. O fato é que em 1986, um reator da Usina Nuclear de Chernobil explodiu, liberando uma fumaça radioativa tóxica provocando incêndios que duraram dez dias e, contaminando extensa área da região. Que foi bastante afetada e 116 mil pessoas foram evacuadas. Até hoje mais de 30 anos depois ainda não é seguro morar lá. Virou cidade fantasma.
Outro desastre nuclear foi o derretimento de três reatores nucleares da Usina de Fukushima, no Japão em 2011. Foi provocado por um imenso tsunami e por maremoto. 300.000 pessoas foram evacuadas da região e houve 1600 mortes relacionadas às condições de evacuação. Até hoje há vazamento de água contaminada que é despejada no mar, sem possibilidade de controle. E muitos dos sobreviventes estão irremediavelmente contaminados...
O desastre de Mariana e Brumadinho me fez pensar nos desastres que têm provocado tanto sofrimento à humanidade. Daí, pesquisei os diversos tipos de lixo que produzimos. Nós somos os maiores sujadores do Planeta.
Produzimos:
1.       Lixo Orgânico -  sobras de comida em nossas residências, nos Restaurantes, Lanchonetes e Praças de alimentação, cuja destinação são os Aterros Sanitários.
2.       Lixo Industrial – sobras de plástico, retalhos de metal, de tecidos, de borracha, de couro que em sua maioria são recicláveis.
3.       Hospitalar – material coletado de corpos doentes, de partos, sangue, curativos, drenos e outros materiais utilizados em cirurgias e na convalescença, que são incinerados por empresas especializadas.
4.       Comercial – embalagens de papel, plástico, borracha e tecidos que também podem ser reciclados.
5.       Verde – folhas, galhos, caules, cascas e troncos  resultantes de poda de árvores, da retirada de madeira para a indústria, que podem ser utilizados na compostagem  para adubo orgânico. No Brasil geralmente são jogados no aterro sanitário.
6.       Nuclear – são os resíduos da construção de aparelhos de radiação usados na Medicina e das Usinas Nucleares para produzir energia elétrica. Esses rejeitos que levam mais de cem anos para perder seu poder de destruição pela radiação,
   nem sempre são descartados de forma adequada.
7.       Rejeitos de Mineração – são restos de processamento de minerais para a produção de ferro, carvão e outros minerais. Esses resíduos contêm placas finas de minérios, que misturadas à água acabam formando uma lama, que é armazenada em barragens. E que pode causar danos à saúde.

Como podemos constatar, nós produzimos muito lixo.
E a humanidade até hoje não descobriu uma forma correta de evitar a poluição do planeta. São milênios já passados e a era da industrialização fez o homo faber inventar milhares de aparelhos para facilitar a vida na terra. E toda invenção trouxe o ônus do lixo, que suja os rios, o mar, as fontes, o solo, o subsolo, a atmosfera. E a cada dia está tornando quase impossível a vida na terra.
Insetos polinizadores de frutos que nos servem de alimento estão em extinção. Por conta de terríveis inseticidas que são liberados no ar para combater as pragas que assolam os canaviais. Canaviais que fornecem o álcool... Daqui uns cinco anos, na progressão que estão ocorrendo essas pulverizações, não haverá mais mamão, laranja, manga, banana, abacate, poncã, abacaxi, melão, melancia e toda a sorte de legumes, que são mais sensíveis. Teremos muito combustível para rodar com os carros para ir às compras. Comprar o quê?
Eu sou da geração que está passando.
Mas, outras virão e perceberão que viver será impossível com tanto lixo cobrindo a terra, sujando as fontes e tornando o ar irrespirável. Soube por um Professor que, no Japão a população é estimulada a produzir menos lixos. Os sacos plásticos de lixo são bastante caros e obrigatórios.
 Pesquisadores constataram que, há milênios a passagem de tribos antigas por vilarejos foi marcada por restos de conchas e ossos de animais. A vida era bem simples. Conchas e ossos se desfazem naturalmente. Não deixaram outro lixo.
É urgente descobrir uma forma de descarte racional do lixo no mundo. A Terra não suporta mais tanta agressão.
Pesquisadores deveriam descobrir uma forma de eliminar o lixo sem prejudicar mais o Planeta. Porque o lixo está ocupando muito espaço.
E logo, logo, não haverá espaço para os homens, animais e plantas.

Mirandópolis, fevereiro de 2019.
kimie oku in

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