Dinalva
Era uma mulher forte, criada no mato,
acostumada com as lidas da roça.
Sabia cultivar arroz,
feijão,
criar galinhas,
criar porcos,
cultivar horta.
E foi aí que nos entendemos.
Ela cultivava alface, almeirão,
Eu cultivava beterraba, cenoura.
E depois aquele mundão de brócolis!
Brócolis que os pulgões não davam trégua.
A horta era o nosso ponto de encontro.
Que felicidade colher legumes fresquinhos.
E tomatinhos cereja...
que se transformavam em molho
tão saboroso.
E pimentões que teimavam em se derreter ao sol...
E até bardana!
Foi uma fase tão bonita
de nossas vidas.
Todo mundo se alimentando bem
Ela aprendeu até a saborear brotos de bambu.
E ainda fazia crochê como eu.
Mulher forte, decidida.
Não sabia o que era preguiça.
Criou filhos e netos,
com a sabedoria de gente do campo,
valorizando cada fase da vida.
Ontem me apareceu num sonho.
Sorrindo, trazia uma tigela nas mãos,
como se estivesse voltando de uma festa comunitária.
Seguida de outras mulheres da família.
Cada uma com suas tigelas.
E se dirigiram para a casinha pobre do sítio.
Então, entendi.
Era uma mensagem dizendo que
foi muito feliz lá no meu sítio.
Dinalva foi cultivar verduras no céu.
Descanse em paz, minha amiga.
Mirandópolis, janeiro de 2024.
kimie oku in
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