domingo, 18 de maio de 2025

 

Humanidade enlouquecida

Escrevi um texto sobre bebês reborn e publiquei aqui.

Mas, num toque casual e involuntario, o texto sumiu.

Não sei onde foi parar.

Bebê  reborn é  um boneco de borracha, com feições  de alguém  da família, que a mãe  adota como filho de verdade.

E isso é levado tão a sério, que elas querem batiza-lo e tirar certidão  de nascimento.

E querem assistência  médica  como toda criança  humana.

Honestamente, acho que a humanidade enlouqueceu.

Essas mães não  querem filhos de carne e osso. Querem bebês  de mentira, de borracha. Porque não dão trabalho, se forem esquecidos num carro fechado, não morrem...

  tantas crianças  abandonadas, vítimas de maus tratos, de pais inconsequentes, crianças órfãs de pais vivos, vítimas de guerras...

Por quê  não cuidar delas?

 A borracha vale mais que um coração  que pulsa?

A humanidade está  doente e psiquiatra nenhum cura isso.

Quando esses bebês encherem as casas, os armários e essas mães  morrerem, qual o destino desses reborn?

Teremos nos cemitérios locais uma reprodução da fantasmagórica Ilha de las munecas de Xochimilco no México?

Vejam as assustadoras fotos no Google.

E parem com essa febre!

Mirandópolis, maio de 2025.

kimie oku in

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Plantei dois pés de maracujá  junto de um pé  de acácia,  no meu pequeno jardim.

Quando apareceram uns

botões, três lagartas amarelas começaram a comer os ramos novos do maracujazeiro.

Não  tive dúvidas! Matei as lagartas.

Mas...

Quando apareceram as belas flores, não  havia borboletas, nem abelhas para poliniza-las.

Aí, me lembrei das lagartas que eu havia esmagado.

Elas se transformariam em borboletas, e iriam polinizar as flores!

As lagartas se vingaram de mim.

Demorou muito para aparecer uns insetos, que começaram  a

passear nas flores.

Hoje a planta trepadeira já  cobriu o pé de acácia.  Está  carregada de frutos. E ontem, vi uma mamangaba passeando de flor em flor. É  uma abelha preta bem grande, que zum, zum, zum vai misturando o pólen e polinizando a flor.

Todos os dias, observo os ramos, e sempre acho novas frutas despontando.

E consultando o Google, descobri  que a caça, a perseguição e destruição de mamangabas está proibida no Brasil, de acordo com a Lei Federal no.9605 de 12/02/98.  Achei fantástico!

E aprendi uma bela lição. Tudo nesta Terra tem uma razão de ser.

Não mais destruirei lagartas.

O maracujazeiro está com mais de trinta frutos.

Mirandópolis, maio de 2025.

kimie oku in

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Janja


Nunca em governo algum, houve um momento tão lamentável, como esse que estamos vivendo.

Milhões de brasileiros desesperados, com os descontos  não  autorizados de seus contracheques.

Gente que não consegue comprar o remédio para aliviar suas dores, que nem ovo pode comprar para as crianças  famintas, por conta desse rombo, que fizeram em sua vida.

Em qualquer tempo, em qualquer governo, a primeira dama seria solidária  com o povo, que está sofrendo.

Mas... onde está a primeira dama, que por associação  a Lula, seria a "mãe dos pobres"?

Está  na Rússia, usufruindo do bom e do melhor. Como se todos os seus conterrâneos estivessem felizes, e vivendo uma vida de fartura.

O que essa mulher alienada está fazendo, na verdade é no jargão  popular, "dando uma banana para o povo".

Se não tem culpa nenhuma, deveria estar consolando e de alguma forma, minimizando a dor de quem está arrasado. E são  milhões e milhões  de pessoas magoadas.

Se por outro lado, tem alguma culpa, deveria estar escondida num buraco, se penitenciando dos pecados cometidos pelas pessoas que a cercam.

Mas ... Não!

Está num outro mundo, se regalando com benesses, que os trabalhadores lesados nem sonham que existam.

Essa primeira dama é uma afronta para o povo brasileiro!

Mirandópolis, maio de 2025.

kimie oku in

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quinta-feira, 1 de maio de 2025

 

Brasizuela

 De toda essa roubalheira do INSS, consegui descobrir um lado positivo. Positivo mesmo!

A teoria socialista defendida pelos petistas prega um mundo igualitário, sem diferenças sociais, religiosas e políticas, onde todos têm fartura, onde todos usufruem do bom e do melhor. Um mundo maravilhoso de igualdade.

É exatamente isso que prega a teoria marxista. E os jovens e as pessoas desavisadas ficam encantadas e embarcam nessa..

Mas...

Nos países onde foi implantado esse regime, há muita desigualdade social, muita miséria e principalmente, falta de liberdade. Liberdade de pensar, de falar e de agir de per si.  E os inocentes, ingênuos ou os alienados petistas estão tendo a oportunidade de perceber que a maravilhosa teoria era uma grande mentir. Porque a teoria colocada em prática mostra o reverso da medalha. A teoria na prática é outra!

Um mundo de corrupção, de atos ilegais e de permissividade sem limites dos mandatários.

E de roubo!

O poder subiu à cabeça. Tudo podem. Nada é errado. Estão lá pra usufruir. E podem se apossar do que não lhes pertence.

O povo foi traído escandalosamente... E o Lula ainda está jogando a culpa em outros... Nunca assume seus erros, nunca se retrata, nunca pede perdão.

Acordem, brasileiros!

Esse mundo de utopia não existe.

Se voeê não trabalhar, não come. Sem essa de viver à custa de outros. E sem essa de sustentar parentes de ministros e outros poderosos que você colocou lá, com a merreca de seu salário.

E mais positivo ainda é que a Policia descobriu e escancarou essa sujeira. Antes que Brasizuela acontecesse.

 Mirandópolis, 01 de maio de 2025.

kimie oku in   http://cronicasdekimie.blogspot.com.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

 

Senhoras e senhores, boa noite!

 

Não me sinto confortável com essa homenagem inesperada que esta Câmara me concedeu.  Há tantos cidadãos muito mais merecedores que eu. Mas aceito com muita honra por ter sido lembrada, sendo eu uma simples professora.

Gratidão a todos desta Casa de Leis, especialmente ao Vereador  Gerson Possenti dos Santos.

Ainda quero agradecer aos familiares e amigos que vieram prestigiar esta sessão. E o meu carinho especial aos meus amados cirandeiros.

Bom, já que me deram um microfone, vou lhes contar uma história.

Há 64 anos, em 1961 fui parar numa escolinha rural na Fazenda do Dr. Rafael Franco de Mello. em Lavinia, para iniciar a carreira de professora.

Era uma escolinha à beira da estrada, sem nenhuma vizinhança, onde cabritos berravam o dia inteiro bé, bé, bé...

E me deparei com 43 crianças bem pobres, sem nenhum traquejo social.

43 crianças que precisavam de mim.

Atordoada sem saber nem como começar, resolvi fazer a matrícula delas.

Nome, data de nascimento, filiação...

Nome?

Não é José?

É Zé mesmo.

Nome?  

Cida.

Aparecida?

É Cida.

Nome?

Cirço.

Cícero?

Não, é Cirço

Nome?

Diadorio

Teodoro?

Não,  fessora, é  Dia dó ri o.

Confusa, pedi a todos que trouxessem a certidão de nascimento.

Ninguém trouxe. Mães disseram que não sabiam o que era aquilo.

Desorientada, perguntei ao fiscal da fazenda de onde provinham aquelas crianças.

Da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, Pernambuco... Vieram  plantar algodão para um arrendatário.

Convoquei uma reunião com os pais e alertei sobre a necessidade do registro. Que sem ele, não poderiam estudar, nem arrumar emprego quando adultos. E disse mais. Que se uma daquelas crianças morresse não poderia ser enterrada em cemitérios, porque legalmente ela não existia. Foi um alvoroço geral.

No dia seguinte, não apareceu nenhuma criança na escola. Assustada, fiquei esperando...

Nisso passou um caminhão lotado de crianças e adultos. Alguém gritou: “Fessora, nois vai pra cidade tirar o tal do dicumento!”

E foi assim que, todas aquelas 43 crianças tiveram seu primeiro documento.

Todos aqui presentes temos um sonho. Eu também tive o meu. Tocar a Sonata de Beethoven, falar fluentemente a língua de meus pais e salvar rios e mananciais.

Mas, as urgências da vida roubaram meu tempo.

A sonata ficou descompassada, meu japonês é arrevesado e não tenho mais terra para salvar mananciais.

E cheguei aos 83 anos com o triste sentimento de ter falhado, de algo inacabado, de ter vivido pela metade.

Mas, agora, neste momento olhando para trás, sinto imenso orgulho de ter regularizado a vida funcional daquelas 43 crianças.

E percebo que mais que todas as atividades pedagógicas, que passei para alunos e professores, aquela ação foi  a mais importante de minha carreira.

43 crianças com estabilidade de cidadãos brasileiros.

A vida humana vale mais que sonatas, que idiomas e ambientes.

Aprendi com alunos e professores que todos nós somos carentes de algo. E que cada um de nós tem algo a oferecer ao outro.

Então agora no limiar da vida, quero fazer a diferença na vida do vizinho, dos moto boys, dos colegas e familiares. Oferecendo algo para tornar melhor o desempenho de outros.

Só assim, acredito que não terei vivido em vão.

Muito obrigada por me ouvirem e Deus os abençoe.

Mirandópolis, 22 de abril de 2025.

kimie oku in

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segunda-feira, 24 de março de 2025

 

Hoje ao tentar no modo Público  perdi uma crônica. Não sei onde foi parar, porque sou uma nulidade em resolver esse tipo de questão. Então, achei por bem reescrever a crônica que a Luzitania Sangali quer compartilhar.

Era mais ou menos assim:

Em setembro de 1977 em plena ditadura Militar,  Lourenço Diaféria escreveu a crônica "Herói. Morto. Nós "  na Folha de São Paulo que lhe rendeu muitos dissabores e, até prisão por causa de uma frase: "Prefiro esse Sargento herói ao  Duque de Caxias. O Duque de Caxias é um homem a cavalo reduzido a uma estátua na Praça Princesa Isabel. O povo está cansado de espadas e cavalos. O povo urina nos heróis de pedestal."

Essa frase  indignou os Generais,  dentre os quais Geisel era o Presidente da República. Regime de então era a Ditadura Militar. E Duque de Caxias foi considerado e ainda hoje é o Patrono do Exército Brasileiro, por sua atuação como soldado destemido na

Guerra do Paraguai.

Diaféria foi preso e ameaçaram fechar o Jornal.

Entretanto, ele foi condenado a oito meses de prisão, dos quais cumpriu apenas cinco dias na cadeia e o resto em sursis.

Qual fora o motivo de Diaféria escrever tal frase?

Ele se referiu a um Sargento que pulou num tanque em Brasília,  para socorrer um garoto de 14 anos  atacado por ariranhas. O garoto foi salvo, mas o sargento morreu estraçalhado pelas ariranhas.

O que Diaféria escreveu foi muito grave comparado ao que a Débora fez. Ela escreveu "Perdeu, Mané" na estátua da Justiça, também em Brasília.

Diaféria foi condenado a oito meses de prisão, dos quais ficou apenas cinco dias encarcerado, e o resto dos dias só ficou limitado.

Débora pegou 14 anos e mais uma tremenda multa que jamais conseguirá pagar.

Lá era a declarada Ditadura Militar.

Aqui agora é a tal da tão decantada Democracia.

Mas que raio de Democracia é essa que pune tão duramente uma mãe de duas crianças, por pixar uma estátua de pedra?

Que Democracia é essa, que castiga  um ser humano em defesa de uma estátua de pedra?

Estátuas são representações que homenageiam  gentes e entes mitológicos que povoam o  ideário  popular.  Mas são de pedra.

Não estão vivos!

Dirão alguns que a estátua representa a Justiça. Mas que Justiça há em condenar uma jovem mãe a ficar 14 anos longe de suas filhas?

A estátua representa a Justiça.

Representa.

E a Débora representa o quê?

Ela não  representa.

A Débora é.

A Debora é um ser vivo, pulsante.

A Débora é de carne e osso.

Ela é   filha.

Ela é irmã.  

Ela é esposa.

Ela é mãe.

Ela é uma cidadã.

Ela tem endereço.

Ela trabalha.

Ela cuida de sua prole.

Brasileira.

Como todas nós brasileiras.

Pedra vale mais que sangue. O inanimado é intocável.  O ser humano vivo nada vale para essa gente togada.

Amigos, cheguei à triste conclusão que a Ditadura Militar tão condenada e odiada foi menos severa que os Ditadores togados de hoje.

Triste, muito triste.

Desiludida com a Justiça do Brasil.

Mirandópolis,  24 de março de 2025.

kimie oku in

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