sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

                                                           Esgoto
   
   Quando a urbanização começou, os Prefeitos procuraram proporcionar conforto aos moradores das cidades.
      E dentre as grandes benfeitorias que eles realizaram foram a abertura de ruas, a canalização de água e a rede de esgoto para descartar todos os dejetos humanos das residências. Não há dúvida nenhuma que a canalização de água facilitou a vida de todos, mas a instalação da rede de esgoto ganha em importância pela higiene e pela saúde de todos os moradores. Antigamente, toda casa tinha uma fossa negra no quintal, que era anti-higiênica, desconfortável e mal cheirosa. O vaso sanitário foi a salvação da humanidade. E com ele a rede de esgoto, que passa nos subterrâneos das ruas.
     A nossa cidade possui uma rede de água e esgoto subterrâneo bem antiga, e volta e meia surgem problemas difíceis de se resolver. É cano que estoura, é tubulação entupida... E o pessoal do Departamento de Água e Esgoto (DAE) se vê em grandes apuros para solucionar.
     Dizem amiúde que, a rede de água e esgoto deveria ser refeita, por estar totalmente deteriorada pelas décadas de uso sem manutenção.  Esses serviços no centro da cidade foram realizados na gestão do Prefeito Geraldo Braga e do Alcino... Há cinquenta anos ou mais... Mas, nunca há verba suficiente, e outras prioridades acabam se sobrepondo às obras. E ninguém sabe as reais condições dos canos...
     Mesmo com todos os problemas que surgem volta e meia, tanto a canalização da água e a tubulação do esgoto tem funcionado mais ou menos. Só fui dar conta disso, quando uns vizinhos tiveram dejetos que voltaram do esgoto e invadiram suas casas, numa situação abominável. Foi aqui na Rua São João e foi um horror. Aconteceu há uns sete, oito anos, e agora ocorreu novamente na semana passada.
Assistir impotente ao esgoto borbulhar no vaso sanitário e nos ralos, espalhando os dejetos de toda espécie que invadiram os cômodos da casa, foi um sofrimento inenarrável para os moradores. Moradores que pagam pontualmente o fornecimento de água e o imposto do recolhimento do lixo e do esgoto. Foi nojento, desrespeitoso e revoltante.
Quando esse fato ocorreu pela primeira vez há anos, os vizinhos colocaram válvulas de contenção em suas moradias para o esgoto não voltar. E funcionou regularmente. Mas, desta vez, nem as válvulas contiveram a sujeira. E era merda  nos sanitários, nos ralos, nos bueiros, nas calçadas, numa fedentina insuportável... Só quem teve que limpar tudo isso pode relatar a raiva que passou.
Chamamos os funcionários do DAE para efetuar o desentupimento das manilhas, destampando bueiros de ruas... E eles vieram e tiveram trabalho para fazê-lo.
Intrigada pela ocorrência do fato, fui perguntar ao funcionário que acabara de limpar o bueiro, a razão do entupimento. E ele me respondeu que havia uma bola de gordura imensa obstruindo o canal. Gordura de pratos, de assadeiras, de panelas que donas de casa jogam no ralo das pias. A gordura daqui junta-se com a do vizinho e dos demais moradores da rua e vai formando esse bolo, que acaba     virando uma massa imensa que nenhum canal pode eliminar. E é tão fácil evitar isso. Nunca, mas nunca jogar óleo velho no ralo. Basta doar para quem faz sabão. Usar peneirinhas nos ralos das pias, para filtrar os alimentos sólidos que podem entupir. E usar papel higiênico para retirar o excesso de gordura dos utensílios usados, jogando-o no lixo antes de se proceder a lavagem. Medidas simples para o benefício da coletividade. Ter sempre um rolo de papel higiênico sob a pia, para esses procedimentos. Tão simples e eficiente. Pequenos cuidados que surtem resultados.
Mas, o que me deixou pasma foi o funcionário dizer que, os absorventes usados pelas mulheres é que são os campeões de entupimento do esgoto. E fiquei profundamente incomodada e envergonhada, pelas mulheres idiotas que não pensam. Ele ainda teve a capacidade de me explicar que, o absorvente em contato com a água fica inchado, porque é feito de algodão, papel e plástico, dobrando de volume. E juntando-se a outros absorventes e dejetos vai fechando os canais de circulação, provocando o estrangulamento do esgoto.
Gostaria muito que essas mulheres irresponsáveis, vazias de cabeça e completamente burras, tivessem suas casas invadidas por uma porção de absorventes usados e inchados, misturados à merda que corre no esgoto. Veriam o horror da situação e, talvez isso despertasse a consciência de seus atos. E se não sabem descartar os absorventes, aí vai uma dica: Embrulhe-o bem embrulhado com papel higiênico e jogue no lixo. Porque ninguém precisa saber que você está menstruada.
Por que o ser humano nunca pensa em se evoluir? Por que muita gente prefere viver num terceiro mundo sujo, irresponsável e sem compromissos? Por que nunca se incomoda com a sujeira que produz e incomoda os outros? Por que o ser humano é tão egoísta e não usa a inteligência?
Não só as mulheres mas os homens também não pensam nos outros, quando soltam seus rojões para comemorar a conquista do Palmeiras como campeão. O que eu tenho a ver se seu time foi campeão? Pra mim não importa se foi o Corinthians, o Santos, o São Paulo, pois a sua alegria não é a minha felicidade. Então por que tenho que sofrer quando você está feliz?
Você já pensou alguma vez no susto que, esses estrondos dos rojões provocam nos cardíacos? Nos bebês? Nos animaizinhos? É maldade demais!
Quer comemorar?
Cante, dance, grite, chore, abrace os amigos, fique bêbado... Vibre numa alegria natural, que não magoe outros.
Mas, não solte rojões!
Porque, quem ganha com esses estrondos?
Traz algum benefício para alguém?
Só prova e atesta a burrice de quem paga por esses artefatos e, fá-los explodir para atormentar os vizinhos, os passantes, os animais... Burrice pura.
Concluindo: coloco num mesmo nível as mulheres idiotas de minha cidade, que jogam absorventes nos vasos sanitários e os homens vazios de inteligência, que soltam rojões a torto e a direito.
São todos gente sem polimento.
Sem civilidade.
     Subdesenvolvida.
     Que não sabem o que é convívio social.

Mirandópolis, novembro de 2016.
kimie oku in





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